7 passos para melhorar a sua relação

Cláudia Morais // Abril 19, 2020
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Há escolhas que podem fazer toda a diferença numa relação. Se permitirmos, a rotina e alguns (maus) hábitos podem roubar a vivacidade e o romantismo com que sempre sonhámos. Mas, se prestarmos atenção a alguns detalhes, se nos disciplinarmos e fizermos escolhas emocionalmente inteligentes, é mais provável que nos sintamos felizes e gratos pela pessoa que temos ao nosso lado. Numa altura em que muitos casais passam mais tempo juntos e têm de lidar com emoções intensas, incerteza e poucos escapes, vale a pena parar para fazer escolhas mais conscientes.

Quais são os aspetos que os casais mais felizes têm em comum? Que escolhas é que eles fazem e que os ajudam a alimentar o amor e a crescer juntos, mesmo depois de vinte ou trinta anos de vida em comum?

7 passos para melhorar a sua relação:

1. Gratidão

Ao fim de algum tempo, descobrimos que a pessoa por quem nos apaixonámos não é perfeita. Tem um conjunto de defeitos irritantes que não vão desaparecer, tem alguns hábitos que mexem connosco (e não é pela positiva). É tentador fazer uma caça ao erro e estar sistematicamente a apontar o dedo. Às vezes são coisas pequeninas e que achamos que vale a pena referir para desencadear a mudança. Mas, no final do dia, é fácil perdermo-nos nas críticas e não prestarmos muita atenção às coisas boas.

Os casais mais felizes cultivam o hábito de reparar nos gestos mais positivos e escolhem não dar relevo às tais pequenas coisas mais irritantes. É mesmo uma questão de escolha. Quando procuramos prestar atenção e verbalizar o nosso apreço por cada gesto que traduza o apoio de que precisamos, a gargalhada que nos ajuda a enfrentar os dias mais difíceis ou o afeto que dá cor à nossa vida, somos mais felizes.

Não é fácil dizer “obrigado” por cada vez que a pessoa de quem gostamos lava a loiça na nossa vez ou toma a iniciativa de tratar dos filhos para que possamos terminar o nosso trabalho sem interrupções. É mais fácil olhar para estes gestos como “obrigações”, sobretudo se estivermos habituados a dar de nós. Quando cultivamos a gratidão, não nos limitamos a elogiar a pessoa que está ao nosso lado. Cultivamos o nosso apreço, sentimos genuinamente mais ligados e olhamos para a realidade de forma mais serena e objetiva.

2. Curiosidade genuína

Toda a gente acha que conhece bem a pessoa que está ao seu lado. Pelo menos, ao fim de alguns anos. Mas, as nossas certezas podem funcionar como filtros que nos impedem de olhar para a pessoa que amamos de forma realista. Cada um de nós vai mudando ao longo do tempo. Todos os dias há acontecimentos novos, todos os dias sentimos coisas diferentes e todos os dias precisamos de sentir que há alguém que se interessa, que quer saber, que está “lá”.

Quando adotamos – de forma intencional – uma postura de curiosidade genuína -, escolhemos colocar mais perguntas. Colocamo-las com a verdadeira vontade de saber como é que o outro está, o que é que mexe com ele(a). Por exemplo, no final do dia, quando perguntamos «Como foi o teu dia?» e prestamos mesmo atenção à resposta, mostramos que nos importamos. Quando a pessoa de quem gostamos nos conta um episódio em que alguma coisa correu mal e, em vez de nos apressarmos a fazer juízos de valor («Já sabia», «É sempre a mesma coisa») e a apontar o dedo, ele(a) sente-se só, desconectado(a). Mas, quando colocamos perguntas que nos ajudem a colocar na posição da outra pessoa, a entender aquilo por que está a passar, é mais provável que nos sintamos ligados. Não é uma questão de nos anularmos, nem de passarmos a mão pela cabeça do outro sempre que ele(a) erra. É uma questão de ”querer saber” em vez de “querer julgar”.

Na altura em que escrevo este texto, a maior parte dos casais em todo o mundo estão em isolamento em casa, expostos às rotinas do teletrabalho, dos afazeres domésticos e do acompanhamento escolar dos filhos. Têm pouco tempo livre e poucas hipóteses de socializar com outros familiares e amigos. Mais do que nunca, dependem um do outro e da curiosidade que cada um for capaz de trazer para as conversas do dia-a-dia para se sentirem amparados.

3. Leveza

Para alguns casais, sobretudo quando há filhos, o dia-a-dia pode tornar-se demasiado pesado. A páginas tantas, podemos sentir que a única coisa que temos em comum é a gestão das responsabilidades domésticas. Uma relação é tão mais feliz e coesa na medida em que escolhamos encontrar tempo para a diversão, para o namoro. As saídas a dois em que possamos relaxar, rir, dançar ou simplesmente ter conversas de adultos que não envolvam a resolução de problemas são essenciais para que continuemos a sentir-nos vivos no relacionamento.

Mas, mesmo quando as saídas a dois escasseiam, é possível criar momentos de descontração. Há rituais que nos ajudam a sentir mais ligados e relaxados: ver uma série de televisão a dois, jantar depois de os filhos se deitarem, planear as férias, desconectarmo-nos do trabalho e das redes sociais e fazer programas em família que não estejam apenas focados no interesse dos filhos são alguns exemplos.

4. Honestidade

A mentira é um veneno para qualquer relação. Faz-nos sentir inseguros, faz com que não consigamos dar o melhor de nós. Mas, quando me refiro à honestidade, refiro-me a algo mais profundo do que não mentir de forma grosseira ou desleal. Refiro-me à possibilidade de escolhermos revelar-nos por inteiro. Quando damos a conhecer aquilo que mexe connosco, sem medos, e percebemos que a pessoa que está ao nosso lado continua a amar-nos, sentimo-nos invariavelmente mais fortes e mais ligados.

Revelar os nossos sonhos e aquilo que nos entusiasma pode parecer fácil, mas, na prática, nem sempre o é. Sobretudo se alguns desses sonhos colidirem com os sonhos da outra pessoa ou implicarem que a família saia da sua zona de conforto. Mas, a verdade é que se nós não nos revelarmos exatamente como nós somos vamos acabar por acumular frustração e ressentimento.

Por outro lado, é fundamental que consigamos falar abertamente sobre aquilo que nos desagrada, sem ocultar nada, sem mascarar sentimentos. Só assim podemos dar oportunidade à outra pessoa de mudar o que for possível mudar e de mostrar que se importa connosco. Só assim poderemos sentir-nos genuinamente felizes.

 5. Abertura

Ao fim de vinte ou trinta anos, ninguém é exatamente a mesma pessoa. Nós vamos mudando, vamos evoluindo. Os nossos gostos mudam, os nossos hábitos mudam e às vezes alguns dos nossos valores também. Aquilo que é desejável é que façamos escolhas que nos permitam crescer e evoluir juntos. Nem sempre é fácil aceitar as mudanças da pessoa que está ao nosso lado. Às vezes, essas mudanças podem obrigar-nos a sair da nossa zona de conforto. Mas, essa é a única forma de continuarmos felizes ao lado daquela pessoa.

Há quem diga que, no futuro, cada um de nós terá de certeza dois ou três casamentos. Alguns de nós teremos o privilégio de viver dois ou três casamentos com a mesma pessoa. Se escolhermos manter-nos presos ao passado, às características que nos atraíram no início e não houver abertura para a novidade, para a mudança, a relação pode estar condenada.

6. Afeto

Não é possível ser feliz sem afeto. Não é possível sentirmo-nos vivos e entusiasmados numa relação em que não haja demonstrações claras de afeto.

Podemos viver (algum tempo) sem sexo. Podemos viver algum tempo mergulhados nos problemas e desafios sem muita disponibilidade para conversas profundas e demoradas. Mas, precisamos de ser tocados, precisamos de sentir que a pessoa que está ao nosso lado é capaz de mostrar o seu amor desta forma.

E, mesmo nas alturas de maior stress, como aquela por que passamos, é possível cultivar hábitos saudáveis. Por exemplo, se, em vez dos beijinhos apressados de “bom dia” trocarmos um beijo de seis segundos, sentir-nos-emos mais felizes, mais ligados e, na prática, só gastámos seis segundos de cada vez.

7. Respeito

Há quem fuja a sete pés das discussões, mas as discussões são normais e saudáveis. Ou, pelo menos, podem ser. Quando discutimos, mostramos aquilo que nos desagrada, revelamo-nos e temos a oportunidade de mostrar que nos importamos com o que o outro sente. Mas, se o fizermos “à bruta”, corremos mais riscos. Pelo contrário, quando assumimos a intenção de respeitar sempre a pessoa que amamos, mesmo quando discutimos, é mais provável que façamos escolhas que nos protejam, que nos mantenham ligados. Isso pode passar por reconhecer que estamos demasiado enervados e precisamos de fazer um “time out” para não dizermos disparates ou por fazer um pedido de desculpas sincero sempre que tivermos consciência de que magoámos a pessoa de quem gostamos.

Por outro lado, esta intenção pode levar-nos a olhar com mais atenção para os apelos da pessoa que está ao nosso lado. Nem sempre teremos a disponibilidade emocional para ouvir todas as conversas ou para dizer “sim” ao que nos é pedido. Mas, se escolhermos tratar a outra pessoa com todo o nosso respeito, não vamos revirar os olhos quando ele(a) se referir a assuntos que não nos interessam, nem vamos mostrar desprezo de forma alguma. Vamos saber dizer “não” centrando-nos nas nossas emoções e tratando a pessoa que amamos com a bondade que merece.

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