7 Mitos sobre a felicidade em que todos acreditamos

Vera de Melo // Março 20, 2025
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Todos queremos ser felizes. Passamos a vida a perseguir a felicidade, a tentar alcançá-la, a acreditar que um dia, quando tivermos o emprego certo, o amor perfeito ou a vida ideal, ela finalmente chegará. Mas… E se tudo o que nos disseram sobre a felicidade estiver errado? E se aquilo em que sempre acreditou for, na verdade, uma ilusão?

Ao longo dos anos, fui ouvindo histórias, estudando comportamentos e percebendo um padrão inquietante: muitas pessoas vivem presas a ideias falsas sobre a felicidade. E o pior? Essas crenças não as aproximam da realização. Pelo contrário, afastam-nas dela.

Hoje, vou revelar os maiores mitos sobre a felicidade – ideias que talvez tenha como verdades absolutas, mas que podem estar a impedir a sua verdadeira transformação.

Está preparado para questionar tudo o que pensava saber?

Será que a felicidade é uma ilusão? Os mitos em que todos acreditamos:

1.º Mito: Para ser feliz tem de estar sempre feliz

A felicidade é um estado e, como tal, não é possível estar sempre presente. Não anseie ser sempre feliz; isso seria utópico. Se entender a felicidade como um estado de alegria definitivo, viverá frustrado. A vida tem momentos desafiadores, onde a tristeza inevitavelmente está presente, assim como outras emoções.

A felicidade acontece no presente, no aqui e no agora, e é fruto da sua disposição para a vida. Focar-se excessivamente em encontrar a felicidade contribui para uma sensação de mal-estar e desapontamento, idealizando um conceito de felicidade inalcançável ao invés de a viver, desvalorizando, assim, coisas simples das rotinas diárias que se configuram como momentos felizes.

Admitir a vulnerabilidade e aceitar que a felicidade é um estado transitório proporciona uma sensação de liberdade, onde a ansiedade e a culpa são atenuadas, permitindo usufruir e valorizar cada momento.

Lembre-se: a felicidade é um estado!

2.º Mito: Os bens materiais trazem felicidade

A compra de bens materiais proporciona alguma satisfação inicial. No entanto, esta diminui pouco tempo depois. As pessoas adaptam-se rapidamente às situações, pelo que o sentimento de felicidade associado à compra de algo que muito se desejava desvanece-se com o tempo.

Conseguir aquilo que ambiciona (quando se consideram bens materiais) apenas o fará feliz durante alguns minutos ou horas. Mais importantes do que isso são as atividades diárias que desenvolve, o tipo de relação que estabelece com aqueles que o rodeiam ou mesmo o vínculo que tem ao seu trabalho, fatores cujos benefícios são muito mais duradouros. 

Pense comigo: os bens materiais são efémeros, apenas lhe fornecem prazer imediato. Uma vez comprados e usados, deixam de o fazer feliz. Já os vínculos, pela sua natureza, pela experiência em si, oferecem uma sensação de bem-estar mais contínua e duradoura. 

Não será no momento em que conquistar algo que muito ambicionava que passará a ser definitivamente feliz. Desengane-se, tal não corresponde à verdade. A felicidade não é um ponto final, é um estado (algo transitório), em constante mudança. E isso não é mau: é desafiador, instiga, move, desenvolve e impulsiona.

3.º Mito: Para ser feliz não pode ter pensamentos negativos

Se acredita que ignorar os pensamentos negativos, ou tê-los, ainda que de forma indesejada, é um sinal de que não é ou não vai ser feliz, saiba que este é um dos maiores mitos de sempre. A felicidade não consiste em ter experiências positivas e beneficiar de circunstâncias favoráveis, evitando as negativas. Isso seria demasiado simplista e pouco realista.

Há quem entenda a felicidade como um estado agradável, livre de dor ou de circunstâncias negativas. Parece razoável. Mas um olhar mais atento revela que a felicidade pode, por vezes, depender de acontecimentos negativos, ou até mesmo da ausência de acontecimentos positivos. A verdade é que a dificuldade, a luta e a perda são, por vezes, necessárias no caminho para uma vida de maior realização e com mais valor. As adversidades e os contratempos potenciam o desenvolvimento, podendo mesmo fortalecer as relações e originar sentimentos de amor, ligação e gratidão pela ajuda prestada. 

O sofrimento não é o oposto da felicidade. Muitas vezes, faz parte dela. Saber que superou algo, que realizou algo que foi muito difícil, sofrido até, mas conseguiu triunfar, é um dos maiores êxtases que podemos ter — portanto, um excelente exemplo de um momento pleno de felicidade.

4.º Mito: Quando encontrar o verdadeiro amor será feliz

Este é talvez o mito mais comum e aquele que mais vezes contamos a nós próprios sobre a felicidade. Acredite que nada poderia estar mais longe da verdade… O amor é a melhor coisa do planeta, mas também pode ser a mais dolorosa, por isso, não coloque o peso da sua felicidade unicamente no amor. 

A Ciência mostra que esperamos que o casamento elimine todos os nossos problemas, mas isso não ocorre. Quando as pessoas se casam, passam por uma lua-de-mel, ou seja, uma fase de maior satisfação e emoções positivas, porém, ela não dura para sempre. Voltamos sempre ao estado de felicidade em que nos encontrávamos.

Muitas pessoas pensam na felicidade como um destino ou uma aquisição, podendo esta ser o casamento, o dinheiro ou a mudança para um novo local. Claro que coisas como estas podem contribuir para a felicidade, mas não tanto como se poderia pensar. A restante percentagem da sua felicidade está nas suas mãos. 

A felicidade duradoura reporta-se mais à forma como nos comportamos e pensamos, e com as coisas que controlamos, do que com muitas das circunstâncias da vida.

A felicidade não é, por isso, a meta emocional na corrida da vida. É um processo e um recurso benéfico a longo prazo, que serve uma função real nas nossas vidas.

5.º Mito: Nunca mais será feliz depois de ter um problema de saúde

Quando os piores receios em relação à nossa saúde se concretizam, não nos imaginamos a ultrapassar a fase do choro e do desespero. Não nos imaginamos a viver novamente a felicidade. No entanto, as nossas reações e os nossos pressentimentos sobre este pior cenário são regidos por um dos mitos da felicidade. Perante os resultados desfavoráveis dos testes médicos, muito pode ser feito para aumentar a probabilidade de o nosso tempo de vida com a doença não ser só miséria e falta de objetivo. Na verdade, pode ser um tempo de crescimento e significado, existindo centenas de estudos que fundamentam esta ideia. 

A Ciência demonstra que temos o poder de decidir o que é e o que não é a nossa experiência. Considere que, durante cada minuto do seu dia, está a escolher prestar atenção a algumas coisas e a optar por ignorar, negligenciar ou afastar-se da maioria das restantes. Aquilo em que escolhe concentrar-se passa a fazer parte da sua vida e o resto fica de fora. Pode ter uma doença crónica, por exemplo, e passar a maior parte dos seus dias a pensar na forma como esta arruinou a sua vida. Por outro lado, pode concentrar-se na sua rotina de ginásio, ou conhecer as suas sobrinhas, ou ligar-se ao seu lado espiritual. Sei que neste momento pode estar a pensar que, em alguns casos, esta escolha nem sempre é possível. É verdade, mas esses casos são a exceção e, como exceção que são, o seu número é muito reduzido. Não deixe que a sua visão de felicidade tolde a forma como acolhe esta ideia. Recordo-lhe que a felicidade vai sendo ressignificada e pode mudar a sua vida mudando simplesmente a sua atitude mental.

A felicidade não é um mistério e, embora pareça difícil, é possível nutri-la através de uma vida com propósito.

6.º Mito: Conseguir o emprego dos seus sonhos vai fazê-lo feliz

Na origem deste mito está a ideia errada de que, apesar de não ser feliz agora, certamente será quando conseguir o seu emprego de sonho. No entanto, pode deparar-se com um problema quando esse emprego, aparentemente perfeito, não o fizer tão feliz como esperava, ou quando essa felicidade for muito breve. Alimenta-se a ideia de que será feliz quando atingir um certo nível de prosperidade e sucesso. Porém, essa felicidade é ilusória ou de curta duração, levando a emoções contraditórias.

A chave da felicidade não está no sucesso que tem, mas, sim, no que faz com ele; não é o nível do nosso rendimento, é a forma como dele usufruímos.

7.º Mito: Status e poder geram felicidade

Perseguir o prestígio é uma armadilha: nunca estará satisfeito, nunca nada chegará. Traz consigo a comparação, inimigo mortal da felicidade. Transforma a felicidade em algo voltado para o exterior (um objetivo externo), acabando por fazer coisas que aumentem o seu estatuto aos olhos dos outros. Passa a ser tudo sobre e para os outros, nada para e sobre si.

O facto de receber feedback positivo de outras pessoas em relação ao seu desempenho não o torna necessariamente mais feliz. A felicidade é uma jornada pessoal. 

Felicidade também é aceitar o que a vida oferece no momento em vez de estar preso a uma ilusão de um futuro de poder e de status. Para ser feliz não tem de ser extraordinário, não tem de ter uma vida extraordinária, fazer ou ter coisas fora do vulgar. Apenas tem de viver com as circunstâncias da vida, aceitando-as, gerindo-as e não lutando contra elas.

Insistir em maximizar a felicidade pode conduzir à infelicidade.

Todos estes mitos condicionam a sua vida porque vinculam a felicidade a algo que está fora do seu controlo, isentando responsabilidade, o que só contribui para aumentar a própria infelicidade. Paralelamente, ainda que sejam alcançados objetivos, como um novo trabalho, amor, status ou poder, perceberá rapidamente que as emoções que estas conquistas despertam são passageiras e incapazes de gerar um estado contínuo de felicidade, gerando obviamente frustração e culpa.

Desconstruir as crenças irreais sobre a felicidade propicia maior controlo sobre a própria vida e sobre as decisões tomadas. 

Não é necessário esperar por mudanças externas para conquistar a felicidade, mas, sim, transformar a sua mentalidade e dedicar mais tempo às coisas que lhe trazem mais prazer, encontrando assim a felicidade nas coisas simples da vida.

Não existe um manual para ser feliz, por isso, não se deixe condicionar por certos pensamentos e crenças que sabotam a sua vida. Além de não serem realistas, fazem com que deixe de viver plenamente, voltando-o para o futuro, na ânsia de encontrar algo ou alguém que lhe traga a verdadeira felicidade.  

Esperar que grandes mudanças encham o seu coração de uma satisfação plena e imutável é o maior erro que pode cometer numa vida que se quer fluida e leve. Pense nisso: viver é a única forma de ser feliz!

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