Yoga na natureza

Pedro Mendes // Julho 23, 2019
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A ideia de fazer Yoga na natureza é romântica.

Claro que só a ideia o é. Quanto à realidade, tem de ter algumas coisas em linha de conta e relativizar. Contudo, é mesmo agradável. Falo por mim.

As nossas origens e experiências moldam-nos e as minhas são na natureza.

Como a minha avó dizia “vão brincar para o mato, só vos faz é bem”. E faz mesmo. Os cheiros e os sons, as cores e as sensações na pele de cada folha aveludada ou cada cardo a cravar-se. Guardo tudo como tesouros da memória, porto seguro de conforto e serenidade. Tal como é para mim, pode ser para si.

Procurar serenidade e saúde associada ao bem-estar é a “meca” dos dias de hoje.

As grandes cidades são sinónimo de poluição, nas suas diferentes frentes, de stress laboral e de uma extrema solicitação do sistema nervoso:

  • Multi ecrãs (televisão; telemóvel; tablet; bem como toda a informação e entretenimento);
  • Multi tarefas;
  • Multi atividades;
  • Multi exigências emocionais;
  • Multi estímulos para dar resposta (na maioria secundários às nossas necessidades);
  • E, pior, nenhum tempo para as viver bem.

Percebo na perfeição a procura real e urgente por bem-estar. Procuram e bem.

No entanto, a trabalheira constante para ter e usar bem a energia ou a delicada manutenção do sorriso interno do bem-estar têm que ser alimentadas e são capacidades preciosas hoje em dia (até porque em nada sou diferente e o “bem-estar” está marcado na agenda).

Voltando à natureza… 

Há ambientes pensados e criados que nos levam emocionalmente para a natureza – à floresta, ao campo, à praia. Não é à toa que, atualmente, a decoração dos espaços comerciais e de locais de trabalho são autênticos jardins (muitas vezes em plástico…). Ou com cores nas paredes que nos transportam até à selva.

Mesmo que seja pura estratégia, a facilitação do processo de conforto emocional serve e tem resultados na colocação das pessoas em determinado estado (e as mesmas agradecem…). Basta uma imagem, um som ou um aroma para que os sentidos viagem.

A prática de Yoga e de meditação têm a intenção da viagem dos sentidos.

Levando os sentidos para onde queremos, as emoções são resgatadas e a mente escravizada à nossa intenção – controlo da mente. Nada como estar na natureza para expandir esta viagem e conduzir a mente para onde desejamos.

Yoga na natureza – cuidados a ter em conta:

Eu até posso perceber que, hoje em dia, se procurem os locais para fazer exercício com mensalidades com um custo muito diminuto. Mas, já dizia a minha avó: “O barato sai caro”. Sai mesmo.

  • Escolha espaços arejados (não faça exercício em ambientes condicionados);
  • Espaços que tenham alguns seres vivos (plantas, por exemplo). Se eles estiverem bem de cuidados, você também estará;
  • Priorize roupas de matérias primas naturais (algodão, por exemplo). A pele respira e você agradece;
  • Alimente-se daquilo que a natureza dá (nem tudo o que faz crescer músculo ou diminuir gordura, faz bem ao seu bem-estar).

O que procura afinal?

Se é uma experiência intensa e com valor acrescentado que procura, então comece por fazer escolhas sensatas. Uma possível evolução na comunhão com a natureza para citadinos é praticar Yoga num jardim. O ambiente não é perfeito, mas é mais controlado. 

Se conseguir lidar com o vento, o sol, os insetos e/ou os cães que andam à solta, avance para ambientes mais autênticos.

1.O campo tem inúmeras fontes de exploração dos sentidos – o som dos pássaros pode ser o som do Éden. Já os mosquitos e insetos rastejantes podem transportá-lo para um safari;

2.Num lago a vantagem é a água. Quem nunca se deixou levar pelo tempo em frente ao espelho sereno de água? Pode ser um local deslumbrante para praticar Yoga.

A desvantagem também pode ser a água – grande parte dos seres vivos necessita de água doce para viver. Nada como estar nas margens de um lago para servir de banquete para os mosquitos;

3.A praia é onde, para mim, claro, se reúnem as condições para a melhor das viagens sensoriais – o som do mar, o cheiro da maresia e a cor da areia dourada a suportar o azul do mar.

A areia e o vento podem ter um papel determinante na incapacidade de praticar o que quer que seja deste tipo de práticas ou de nos levar à loucura na tentativa;

4.A montanha é sinónimo de melhoria de estado de forma. Com os baixos níveis de oxigénio, o nosso organismo faz adaptações rápidas e drásticas na direção do estado de forma ao praticar atividade física.

Se tem algum problema cardíaco, arterial, metabólico, ou pulmonar, vá devagar ou não vá. Pode ajudar, mas pode ser muito arriscado para si;

5.A floresta vai colocar todos os seus sentidos a funcionar. Claro que, ao som da orquestra natural dos animais e do ranger da madeira, a prática de Yoga pode levar a mente a visitar o mundo sem sair do tapete

Claro que quem está no caminho é você, o seu tapete de Yoga vai ser invadido em meros minutos. É um desafio gigante para o seu foco.

Vá onde achar que pode ser o “spot” para praticar Yoga, mas vá consciente que a natureza não é uma foto de Instagram. Vá quando tiver praticadas e oleadas as ferramentas para lidar com o contexto e usufruir do momento a 100%.

Nota: Fotografias por Verónica Silva.  

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