Aprendemos desde cedo a não amarmos as nossas emoções. A fugir do sofrimento, e a achar que a melhor forma de lidarmos com ele é fingir que não existe. E enquanto adultos, vamos sobrevivendo, sempre à deriva daquilo que sentimos, sem saber muito bem o que fazer, quando já estamos tão emaranhados nas nossas emoções, que nos desencontramos. E com as crianças, não é diferente.
Quantas vezes não ouvimos ou dizemos: “Mas estás triste porquê? Tens uma vida tão boa”; ou “Tu sabes lá o que são problemas… És uma criança”; ou ainda, quando brincamos com os motivos “tolos” – aos nossos olhos -, que causam uma angústia tão grande nos mais pequeninos. Erradamente deu certo. Perpetuando esta relação – ou falta dela -, com aquilo que sentimos. E claro que desde cedo vamos “ensinando”, mesmo não querendo, que aquilo que sentimos pode não ser válido e que, acima de tudo, ninguém nos compreende.
É, então, urgente pararmos o ciclo. E começarmos a fazer diferente.
E é por trabalhar também nesta área que surgiu este livro. Para ajudar as crianças e os adultos a pensarem que os dias difíceis existem em todas as idades, pelos mais diferentes motivos. E principalmente conversar sobre o que podemos fazer nestes momentos: desde o colo, à escuta e ao brincar livre, todos nós procuramos a relação para que os dias difíceis não sejam tão assustadores. E à boleia da imaginação, das ilustrações que contam uma história dentro de uma história, vamos acolhendo as emoções e aprendendo a gostar de todas elas.
Vamos falar sobre dias difíceis?
Um livro que fala sobre sofrimento, emoções, dias difíceis mas também sobre o facto de não termos de enfrentar os nossos problemas sozinhos, com a certeza de que o outro estará lá para nós, não para fingir que os dias difíceis não existem, mas para nos ajudar a lidar com eles. E, assim, vamos continuando o rumo da vida, com muitas histórias por contar…