Urgente preservar a nossa resiliência

Fátima Lopes // Janeiro 17, 2021
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urgente resiliência
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Na primeira vez que vivemos o confinamento, em Março de 2020, tudo era novo. Não sabíamos, na verdade, o que fazer, nem como fazer. Não conhecíamos as fronteiras, nem os limites. Desconhecíamos os riscos de uma qualquer acção menos responsável. Não estávamos verdadeiramente familiarizados nem com a COVID-19, nem com as suas consequências. Era-nos difícil acreditar que este vírus tinha o poder de controlar o País e o mundo. 

Passou quase um ano e já vivemos tantas experiências.

Percebemos que este vírus não dá tréguas. Não olha à idade, embora prefira os mais velhos e as pessoas com uma saúde mais frágil. Sem dó nem piedade, deixa inúmeras famílias de luto, sem terem sequer a possibilidade de se despedirem dignamente de quem amam. É absolutamente democrático porque entra em qualquer casa e afecta qualquer família. 

A vida pode rapidamente dar uma volta de 180 graus… 

Este tempo que passou deixou-nos a certeza de que a vida pode dar uma volta de 180 graus, num espaço de dias. Foram muitas as famílias que se viram, de um momento para o outro, sem qualquer fonte de rendimento. Famílias em que os dois elementos perderam os seus trabalhos e/ou ficaram numa situação de grande precariedade.

A mudança é tão avassaladora e acontece em tão pouco tempo, que o choque é gigante. Leva-se tempo, não só a reagir, como a ir à procura de outras portas e outras soluções. E cada pessoa, cada família precisou do seu tempo para ir à procura dessas respostas e desses recursos. Encontrar uma  janela de esperança era e é o desafio, para poder sair desta situação.

Uma fonte de inspiração, uma janela de esperança.

Ao longo destes meses, a Comunicação Social e, neste caso, muito deste mundo digital, foi-nos dando a conhecer exemplos de pessoas que se reergueram e se reestruturaram. Pessoas que renasceram e outras até que deixaram para trás trabalhos onde afinal não eram assim tão felizes e acabaram por arriscar em áreas novas onde hoje se sentem francamente mais realizadas. Eu quero agarrar-me a esses exemplos. 

Sei que são poucos e que são um verdadeiro oásis no meio do deserto. Eu sei disso. Eu sei que são muitas mais as pessoas e as famílias que ainda não encontraram essa janela, que ainda não estão a ver a luz ao fundo do túnel. Famílias em que a esperança está a ser difícil de reabilitar. Mas, por favor, deixem  que me agarre aos outros exemplos, porque se nos tiram a esperança, se nos tiram a  fé, então, ao que é que nos agarramos? Eu prefiro olhar para estes exemplos, de quem conseguiu reerguer-se no meio da adversidade causada por este vírus, e dizer: “É possível!”. 

Sim, é possível!

E se hoje ainda não conseguiu, acredite que amanhã vai conseguir. Até porque temos aqui um dado a nosso favor: é que já não vivemos no total desconhecimento. Já não vivemos na total ignorância e a informação é, e sempre foi, poder

Hoje nós conhecemos melhor este vírus. Hoje nós conhecemos melhor tudo aquilo que ele pode provocar. Também já sabemos um pouco mais sobre como lidar com ele, e até já existem as vacinas! Há um ano isso era impensável. Então, temos algo mais que não tínhamos no ano passado: temos mais informação, mais conhecimento e mais respostas. 

Hoje temos mais informação, mais conhecimento e mais respostas! 

Todos estamos a lidar com este confinamento pela segunda vez e por isso há mecanismos que já estão instalados e outros até que já estão oleados e, uma vez mais, quero agarrar-me a isso. Quero pensar que isso é mais do que tínhamos o ano passado. Repito: Isto é mais do que tínhamos no ano passado. 

É urgente preservar a nossa resiliência.

E se este é um período muito, muito delicado e difícil para todos, até porque há muitas famílias marcadas pela morte e que perderam um ou mais familiares devido à COVID-19, quase que temos a obrigação moral de não desistir para termos força para ajudar estas famílias. 

Vamos todos dar as mãos. 

Aqueles que, graças a Deus, ainda não perderam ninguém pelo caminho e que têm conseguido sobreviver a este vírus: vamos todos dar as mãos e ajudar aqueles que já têm uma marca mais profunda e que não podemos deixar para trás

Nota: Fotografia por Verónica Silva

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