Este mês resolvi dedicar a plataforma do Simply Flow ao tema da Fé e Espiritualidade. Um tema nem sempre fácil de abordar e, por vezes, controverso.
Considero que, tal como cada pessoa é única, também cada um de nós tem a sua própria fé e a sua própria espiritualidade. Trata-se de algo bastante individual, íntimo e que deve ser respeitado, independentemente de qual for a espiritualidade de cada um. Há quem afirme com toda a certeza: “Eu não tenho fé”, e isso é tão digno de respeito quanto a pessoa que tem uma fé inabalável.
O poder da fé
Nasci numa família onde a fé sempre foi muito falada e cultivada. Talvez por isso, me cause estranheza ouvir tal afirmação. Sempre fui ensinada a perceber que a fé é uma força imensa e gigante que temos dentro de nós. E somos nós que a cuidamos, alimentamos e reforçamos. Sinto a fé como uma candeia permanentemente acesa, que, por mais ventos e marés que passem na minha vida, mantém-se com a mesma força. É algo tão forte e tão belo, que é difícil de descrever.
A minha fé
A minha fé não é apenas uma fé ligada à religião católica, ou seja, aquela que aprendi com os ensinamentos da igreja católica – fé em Deus, em Cristo e na Nossa Senhora. É uma fé alargada, que abarca o ser humano. Uma fé em nós, nas nossas potencialidades e capacidades, nos recursos que Deus nos deu para existirmos à Sua semelhança e conseguirmos seguir os seus passos. Esta é a minha fé.
É uma fé que começa em nós e que vive muito em nós, e que só depois é transportada para fora, vivendo em união com Deus, Cristo e Nossa Senhora. Estas são figuras presentes na minha vida.
Sobre espiritualidade…
Temos ainda a questão da espiritualidade, um conceito bastante amplo. Para mim, a espiritualidade é o ser capaz de viver a vida sem ser de uma forma apenas terrena. É perceber que tudo tem um desígnio, tudo tem um propósito.
Há sempre uma razão para que esta peça encaixe naquela. Há sempre uma razão para que este caminho se cruze com o outro. Há sempre uma razão para que nos aconteça esta ou aquela situação porque, mais tarde, vamos perceber que, nas mais diversas ligações, existe uma espiritualidade que atravessa a nossa vida. E, isso é algo ainda mais profundo.
É uma disponibilidade para nós e para o outro. É uma vontade de nos cultivarmos interiormente de uma forma muito permanente e profunda.
Uma espiritualidade enriquecida
Numa forma mais ampla, é na espiritualidade que vou para além daquilo que aprendi na igreja católica e vou para ensinamentos que aprendi, por exemplo, com a religião budista ou com a meditação, o reiki e tantas outras áreas onde há uma espiritualidade diferente, mas igualmente importante. E, tudo isto pode casar na perfeição, sem conflito, porque um determinado tipo de espiritualidade não invalida os outros.
Por exemplo, o facto de eu ser católica não invalida que faça meditação, ou o facto de ser uma mulher profundamente crente em Jesus Cristo e Nossa Senhora não faz com que não aceite, respeite e não me identifique em diversos ensinamentos do budismo. Trata-se uma espiritualidade enriquecida, vasta, ampla, onde no fundo se está de braços abertos para o outro, querendo entendê-lo, aceitá-lo e respeitá-lo. E, é assim que eu vivo a minha espiritualidade e a minha fé.
A minha fé tem sido uma ajuda muito grande na minha vida.
Nos momentos em que sinto maior fragilidade ou que estou a atravessar alguma dificuldade, tenho sempre tanta, mas tanta fé. Fé em mim. Fé nos outros. Fé nas forças divinas, que eu sei que fazem uma orquestração perfeita das nossas vidas. Por tudo isto é-me impossível pensar que o que vivo e sinto, não tem um propósito.
Acredito infinitamente em mim, nos outros e nas forças divinas, que de uma forma perfeita, conseguem uma orquestração perfeita. O Universo, com “pinças”, dá toques na nossa vida para que ela siga um rumo com propósito.
Nota: Fotografia por Verónica Silva.