Travessias sobre o azul

Cristina Santos Costa // Outubro 13, 2017
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Gosto destas travessias sobre o azul.
Gosto de espreitar pela fresta da gaivota cinzenta que me leva na asa e ficar a ver as nuvens de algodão doce que se desprenderam e se baloiçam sobre o outro azul de uma paleta de azuis infindáveis.
Um dia sonhei que tinha ficado presa nelas e que a gaivota cansada baixou as asas até que uma chuva miudinha e fresca nos soltou para o voo mágico pintado de azul.

Naquele movimento de asas é o vento quem nos leva, brinca com os meus cabelos, afaga as minhas bochechas e cola um brilho nos olhos de quem corta os azuis para ser feliz.
Brinca comigo, conta-me estórias das outras gaivotas que poisam no mesmo ninho verde, tão verde a querer ser diferente das cores que o mar e o céu disputam entre si. E a terra fica ali, enrolada, quente e húmida, a olhar para um horizonte onde os olhos se perdem e todos os sonhos são possíveis.

Passeio o meu silêncio naquela terra das brumas, naquele cheiro da mata que ali cresceu; na sombra das árvores frondosas, a enterrar os pés naquele tapete viçoso a entregar todos os cheiros que a terra esconde e se soltam em novelos que nos envolvem num abraço macio e doce.

Eu acho que são essas marcas que ficam naquela terra, lembranças de amores desejados, das paixões que ali são plantadas e se pintam de vermelho a lembrar que os afectos são rubros da cor da chama que os alimenta…

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