Todos nós acendemos o fogo que deixou a Amazónia a arder

Rute Caldeira // Agosto 28, 2019
Partilhar

Acredito de alma e coração que as grandes crises que afectam o mundo têm sempre um grande propósito por trás – abanar a consciência humana em massa, retirar-nos da alienação, do egoísmo, mostrar-nos que não estamos a ir pelo caminho certo!

É preciso assumir responsabilidades, é preciso compreender que não foram os outros, não foi alguém, fomos todos nós que contribuímos para este cenário! Há um fogo a arder e não é só na Amazónia, há décadas que estamos a destruir uma pérola chamada Terra, mas temos os olhos tapados para isso!

O ser humano tornou-se no grande vírus da Terra!

A maré de cinzas que podemos ver na Amazónia está espalhada pelo planeta, o ser humano tornou-se no grande vírus da Terra, o vírus que por dinheiro, em nome da economia, dos grandes negócios, ou da imagem, destrói os recursos da sua verdadeira casa. Bolsonaro é apenas mais um dos nomes que faz crescer estes vírus que sugam, que destroem e que ameaçam a nossa única e verdadeira riqueza – o planeta azul. O gráfico em baixo, demonstra que o desmatamento da Floresta Amazónica subiu drasticamente, desde que o Presidente Brasileiro subiu ao poder. 

O que está a acontecer, não é um problema de países, é um problema do mundo e é preciso acordar!

No Jornal “El País”, saiu um artigo que demonstrou o que aconteceu entre 16 a 22 de Agosto de 2019. Nesta semana, verificou-se o aumento brutal dos incêndios florestais em 84%, principalmente na Amazónia, entre Janeiro e Julho deste ano, comparado com o mesmo período do ano passado. 

O que está a acontecer é demasiado óbvio, é preciso despertar, é preciso acordar consciências – estamos a assistir ao pior fogo da floresta Amazónica desde 2010, algumas pessoas têm argumentado “e os nossos fogos, e os nossos impostos” – o que está a acontecer, não é um problema de países, é um problema do mundo e é preciso acordar, sair do nosso metro quadrado e parar de olhar apenas para os nossos interesses – é precisamente isso que está a destruir à velocidade da luz os nossos recursos.

Estamos a destruir os nossos recursos à velocidade luz!

É do conhecimento geral que o negócio da Agropecuária é dos mais poluentes do mundo, contudo é, também, dos mais lucrativos – razão pela qual, se começou a assistir a este desmatamento desenfreado, pois são precisos mais terrenos para a plantação de soja, que é o que alimenta os animais que comemos.

Somos filhos da Terra, mas já há muito que nos esquecemos disso!

Somos filhos da Terra, mas já há muito que nos esquecemos disso. É ela que nos mantém vivos, “nós estamos nas mãos dela, não é ela que está nas nossas mãos”. Contudo, temos a vida e o planeta como dados adquiridos. Fizemos da Terra um parque de diversões, virámos os nossos valores do avesso, tornando o lucro, o poder e a imagem as prioridades da vida – uma vida que está curiosamente, ameaçada por um poder que ilusoriamente julgamos ter nas mãos. 

É preciso compreender que há os grandes vírus e os pequenos vírus deste mundo.

Todos nós nos tornámos nesse vírus pela forma desenfreada como se passou a consumir carne – relembro que no tempo dos nossos avós, a carne era consumida em ocasiões especiais e não diariamente, e isso permitia que não só as pessoas, mas também a Terra, fossem muito mais saudáveis; pela forma desenfreada como propagamos o fast fashion comprando compulsivamente à rapidez de um clique; pela loucura e vício dos gadgets; pelo número de carros, barcos, motas… Somos um vírus que não pára de crescer, um vírus que não pára de poluir, um vírus que alimenta cegamente os grandes vírus – as petrolíferas, os hipermercados, o sector automóvel

Vejamos, o que torna um país numa economia global?

Quanto mais um país apresenta capacidade de produção e distribuição de bens materiais, maior se torna a sua força económica – estamos numa corrida pelo poder e pelo dinheiro. O planeta está em chamas, precisamente, porque os fazendeiros da BR-163 (uma das regiões de maior conflito da Amazónia brasileira), programaram o “Dia do Fogo”. Nesta data, foram queimadas áreas de pasto e em processo de desmatamento. Numa entrevista feita pelo Jornal Brasileiro “Folha do Progresso”, a um dos líderes destes fazendeiros foi dito que “o sector do agronegócio se sente amparado pelas palavras de Jair Bolsonaro”, uma vez que o presidente estimula a abertura das áreas protegidas da floresta para a exploração agropecuária e mineração. Nesta entrevista foi referido ainda que “desejavam mostrar a Bolsonaro que querem trabalhar e o único jeito é derrubar, para formar e limpar as nossas pastagens com fogo” – mais uma vez, o pequeno vírus a alimentar o grande vírus, é por isso que não tenho a mínima dúvida que todos nós acendemos o fogo que incendiou a Amazónia, e que está a incendiar o mundo!

Congo, Sibéria e Canárias também estão a ser bastante afectadas. Porém, o mediatismo da Amazónia está a permitir que outros vírus se apoderem destas terras exactamente com o mesmo intuito e sem ninguém se dar conta!…

Cabe-nos a todos tratar a Terra com o respeito que ela merece.

Trocamos a Terra pelo prazer do consumo, pelo ego que nos pede que tenhamos sempre mais, pelo impulso de querer ter tudo, porque hoje em dia é rápido consumir, ter, parecer. Trocamos o colectivo pelo prazer individual – Eu, depois eu e a seguir eu, esquecendo que esse egoísmo multiplicado por biliões de pessoas está a retirar à Terra todos os seus recursos, recursos que são finitos, recursos que deveríamos cuidar com amor e consciência. Todos nós acendemos este fogo, e depende de nós que este fogo se apague e que a Terra seja tratada com respeito que ela merece – é ela que nos dá vida, não somos nós que damos vida à Terra!

Nota: Todas as fotos deste artigo foram enviadas directamente por um elemento do exército brasileiro que está neste momento na Amazónia.

Ler mais
 

Social Media

Copyright © 2023 Simply Flow. Todos os direitos reservados.

Este site utiliza cookies para melhorar a sua experiência. Aceitar Saber mais