Toda a verdade sobre o açúcar

Maria Santana Lopes // Fevereiro 21, 2017
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Nos últimos 50 anos o consumo de açúcar triplicou a nível mundial. O açúcar, em conjunto com a gordura saturada e o sal, tem-se tornado num dos grandes vilões dos dias modernos e são os principais responsáveis pela perda de anos saudáveis entre os portugueses.

Isto porque as pessoas não têm consciência do açúcar que consomem. É um produto barato e que está em toda a cadeia alimentar. Há açúcar por todo o lado e a maior parte dos pais não têm ideia da quantidade de açúcar presente em certos alimentos. As quantidades de açúcares aparecem nos rótulos dos alimentos, mas muitas pessoas não os lêem ou não sabem a que correspondem.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, o consumo de açúcares simples adicionados à nossa alimentação deve estar abaixo dos 10% da energia consumida diariamente e de preferência aproximar-se dos 5%. Sendo 2000 kcal o valor médio de energia consumida, não devem ser ingeridos mais do que 50 gramas de açúcares por dia, mas o ideal é que sejam consumidos apenas 25. O certo é que, em Portugal, os dados de 2013-2014 apontavam para um consumo na ordem dos 96 gramas por dia.

Só a título de exemplo, uma pessoa que beba três cafés por dia e que ponha 1 pacote de açúcar em cada, esgotou metade do açúcar que poderia consumir num dia.

Este açúcar que falamos é um alimento nutricionalmente fraco, o que chamamos de calorias vazias. O açúcar que precisamos está naturalmente presente nos alimentos: na fruta, no leite e nos cereais.

Os refrigerantes são grandes responsáveis pelo açúcar ingerido em excesso. É mais perigoso por duas razões: é absorvido de forma mais rápida e porque nos refrigerantes as pessoas não se apercebem tanto da quantidade que ingerem. Tal como os néctares.

Além de alimentos já associados ao açúcar, como refrigerantes ou doces, é importante conhecer as quantidades presentes em molhos, no pão ou nas papas dos bebés. Os alimentos processados são de uma forma geral ricos em açúcar e por isso de evitar. E por isso, nada melhor do que fazer uma alimentação saudável rica em legumes, verduras, cereais e fruta e não consumir alimentos que venham dentro de embalagens.

A obesidade e diabetes tipo II são duas das doenças que mais facilmente se associam ao consumo de açúcar. Segundo os dados mais recentes, de 2014, um milhão de portugueses sofrem de obesidade e 3,5 milhões tem excesso de peso.

Quando o nível de açúcar (glicose) no sangue aumenta e o nosso corpo não necessita desse açúcar para produzir energia, é libertada insulina de forma a remover o excesso. O excesso é armazenado como glicogénio, mas quando as reservas de glicogénio estão cheias, esse açúcar acaba por ser armazenado sob a forma de gordura.

Esta situação pode levar a um aumento do peso e muitas vezes a doenças como a diabetes tipo 2. Apesar de a diabetes tipo 2 estar muitas vezes associada à obesidade, não significa que uma pessoa magra não possa também desenvolver esta doença.

Caso uma pessoa ingira frequentemente alimentos com índice glicémico elevado, levando a que o corpo esteja constantemente a produzir insulina, pode fazer com que o corpo crie resistência à insulina (diabetes tipo 2).

Queria terminar este artigo a esclarecer que acho que não devemos diabolizar o açúcar. É importante saber aquilo que come, analisar a composição de alimentos e fazer escolhas saudáveis. Se num dia de festa comer um alimento com mais açúcar, não há problema. O problema é se os comer todos os dias (estou, é claro, a falar de adultos saudáveis).

Maria Santana Lopes

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