Hoje celebra-se o Dia da Televisão e gostava de assinalar esta data convosco. Mesmo com os que não têm hábito de a ver.
Cresci a ter uma televisão em casa. Daquelas antigas que agora consideramos verdadeiras relíquias. Lembro-me de saber exatamente a que horas começava e terminava a emissão, que fechava com o hino nacional. Não eram muitos os programas ou conteúdos para os mais novos, mas a falta de alternativa fazia com que às vezes visse coisas que à partida não eram destinadas aos miúdos.
As locutoras de continuidade eram as senhoras que sabiam sempre o que ia acontecer. Gostávamos de jantar a ver as notícias e era uma forma de falarmos e debatermos temas, que muitas vezes não entendíamos.
A estreia de qualquer programa familiar era tema garantido na escola.
Recordo-me perfeitamente de organizar as minhas tardes de estudo ao domingo, para tentar ver o “Passeio dos alegres”. O Júlio Isidro é, desde então, a minha referência em televisão. O que me ria com todos os actores que faziam rábulas no programa e que se revelaram grandes profissionais. As bandas e grupos que o Júlio lançou, sempre visionário e com vontade de arriscar, confirmavam a sua capacidade de identificar talento.
Ainda aos domingos, houve um período em que a minha pausa no estudo era para ver a série “Fame”. Adorava a história, os momentos de dança e a música. Na verdade, como adolescente que era, adorava tudo o que me fazia sonhar com aquilo que me apaixonava e a dança era uma delas.
O Herman José tornou-se o rei dos meus serões de fim-de-semana e não perdia nenhum dos seus programas. No dia seguinte repetíamos as graças e as rábulas, com os colegas na escola e isso prolongava a magia da televisão.
Graças à televisão conheci outros mundos, outras culturas e outras realidades.
Tirando os 3 anos que vivi em Moçambique, a minha família não teve possibilidades de nos levar a viajar para fora de Portugal. Aqui sim, corremos o país de lés a lés. Era com a televisão que eu viajava para mais longe e que confirmava que havia outros mundos muito diferentes do meu e nem sempre tão bonitos…
Com a passagem dos anos, foram surgindo os canais privados portugueses e depois os estrangeiros. Mais os serviços de streaming, os canais de YouTube e mil outros conteúdos atrativos. A oferta é hoje imensa, mas eu continuo a acreditar que a televisão é a Caixa Mágica.
Continuo a acreditar que a televisão é uma caixinha mágica.
Basta ver o impacto que tem uma notícia ou um acontecimento quando emitidos pela televisão. É verdade que alguns conteúdos na Internet tornam-se virais e ganham uma dimensão brutal. Mas é igualmente verdade que se esses mesmos conteúdos tiverem exposição televisiva, ganham uma dimensão ainda maior.
O programa Caixa Mágica nasceu com o objetivo específico de celebrar os 30 anos da SIC. Fico particularmente feliz por, o programa de celebração de um aniversário emblemático, ter o perfil daquilo que a televisão deveria continuar a ser sempre: uma Caixa Mágica. Que nos leva a sonhar, a sorrir, a emocionar, a perceber que há outros mundos para além do nosso e a valorizar o universo em que vivemos. Esta é a televisão mágica, aquela em que acredito.
Nota: Fotografias por Tiago Caramujo