Venho de uma terra de todas as cores onde os sonhos sorriem … serenos … num namoro envergonhado com o mar …
Era outono e eu acho que aquelas hortenses estavam ali como quem espera por uma visita inesperada. Uma família completa vestida com as cores que a idade vai ditando … assim diziam os antigos. É que o colorido não cai bem quando os dias contados já são muitos e a vontade de recolher ao silêncio dá lugar ao que é novo a respirar devagar, a abrir os braços ao sol …
Os olhos enchiam-de de verdes, de todos os verdes possíveis inventados pela fantasia; eu a achar que já tudo havia sido pintado a ali em baixo mais outro e depois outro a esgotar uma paleta nunca acabada.
A curva-se abria-se e ao fundo tanta cor!
Um espelho que guardava as nuvens penduradas num céu que não tem fim que e se perde muito lá ao fundo numa valsa de azuis.
Conta a lenda que há muitos anos atrás uma princesa e um pastor se apaixonaram e seria aquele vale o seu lugar de encontro. Sabedor desses encontros logo o rei se apressou a exigir o afastamento dos dois apaixonados. Marcado um último encontro e fazendo eternas juras de amor as lágrimas da princesa de olhos azuis corriam pelo vale sem se misturarem com as lágrimas que corriam dos olhos verdes do pastor.
Aquela lagoa é assim … imensa … azul e verde … a fazer sonhar com histórias de paixões …