Vivemos numa sociedade stressada, não há como negar. Estamos constantemente sujeitos a inúmeros estímulos, seja com o trabalho, email e até mesmo redes sociais. Raramente vivemos no momento presente e apreciamos os pequenos prazeres da vida, o mercado de trabalho está sobrelotado, os ordenados são frequentemente precários, vivemos numa sociedade que almeja a perfeição inatingível e a competição é uma constante na nossa vida.
Por isso, hoje em dia somos constantemente bombardeados com informação sobre o excesso de stress e sobre o impacto negativo que este provoca– e ainda bem. Consequentemente, estamos mais alerta e palavras como Meditação, Yoga, Mindfulness, por exemplo, já são bastante comuns.
Apesar de todo este alarido em torno do stress, é de ter em conta que este é uma reação normal e adaptativa do nosso organismo e que nem todo o stress é o bicho-papão que tanto nos persegue.
Afinal, o que é o stress?
O stress é um mecanismo de defesa adotado pelo nosso organismo. Quando o nosso corpo sente uma «ameaça», liberta determinadas hormonas e neurotransmissores que ativam a resposta de «fuga» ou «luta» que nos permite «reagir». Mais especificamente, e fisiologicamente falando, quando estamos perante um agente stressor, ou seja, o que desencadeia a situação de stress, o nosso sistema nervoso simpático e endócrino é ativado, provocando um aumento de adrenalina e noradrenalina no sangue, resultando num aumento do batimento cardíaco e pressão arterial, dilatação das pupilas, respiração mais ofegante, entre muitos outros sintomas. Este é adaptativo, permite-nos sobreviver e não há nada de mal nisso, pelo contrário.
Por outro lado, o stress pode estar associado a situações prazerosas da nossa vida. Este é bom (eustress), quando está relacionado com experiências excitantes, positivas e bem dominadas, como por exemplo uma montanha russa, uma boa noticia, exercício físico, uma tarefa ou trabalho que gostamos. De ter em conta que não se deve excluir o carácter subjetivo do mesmo e uma situação prazerosa para mim, pode não ser para si.
Contudo, claro que no que toca ao stress, não é de todo descabido a conotação negativa associada a esta palavra. Tal como o stress pode ser benéfico para nós, também pode ser muito prejudicial, estando, inclusivamente, relacionado com diversas doenças tanto físicas como psicológicas. Este é negativo (distress) se for mais ou menos prolongado, repetitivo e tiver uma componente emocionalmente aversiva e/ou carecer de controlo, que infelizmente, é bastante comum hoje em dia.
É essencial existir um equilíbrio.
Quando olhamos para «dentro do nosso corpo», é fácil de perceber porque é que o stress está frequentemente, associado a diversas doenças físicas e mentais. Tendo em conta que é muito importante existir um balanço entre o nosso sistema nervoso, se o nosso corpo ativa continuamente o sistema nervoso simpático – por estar num stress constante-, deixa de existir um equilíbrio essencial entre o sistema nervoso simpático e parassimpático (ativado quando o corpo relaxa), influenciando todo o nosso organismo. Um desequilíbrio traz, invariavelmente, consequências negativas.
Então, mas o stress afinal pode ser bom?
Claro; Pode, e é! O stress pode ser um grande aliado, no que toca à sobrevivência e adaptação, podendo tornar-se bastante benéfico quando temos de reagir num curto espaço de tempo, estando associado frequentemente à produtividade e motivação. Por outro lado, também consegue ser bastante prejudicial, quando é prolongado e não controlado, estando associado a graves consequências para o nosso organismo e bem-estar.
Uma coisa é certa, uma vida com excesso de stress é contraproducente, mas uma vida sem o mesmo, também o é. O segredo está no equilíbrio, sempre.