Falei no post anterior sobre o trabalho do Dr. Mark Hyman, um médico americano que é um dos principais dinamizadores da chamada “medicina funcional” – através dela o médico deve centrar-se na pessoa como um todo e buscar a causa dos sintomas e da doença e não se limitar a aliviar as queixas do doente. Eu diria que a medicina “funcional” mais não é do que um nome para aquilo que se chama medicina feita de forma correta.
Em medicina uma síndrome é composta por um conjunto de sinais e sintomas agrupados, que têm uma origem comum, mas não estão catalogados como uma doença – o Dr. Hyman, começou a usar nos seus livros e palestras um termo muito interessante: “o síndrome sinto-me uma m…porcaria” – (feel like crap syndrome). Isto porque uma grande parte as pessoas hoje em dia têm muitos sinais e sintomas inespecíficos e persistentes, que muitas vezes não geram alterações nos seus exames e análises, mas fazem com que a pessoa se sinta mal. São queixas demasiadas vezes rotuladas como psicossomáticas – “fruto da nossa cabeça”
Como já referi, quando a medicina é bem feita ela valoriza a pessoa como um todo – e “olha” para o ambiente, família e relações pessoais da pessoa – a boa medicina permite um boa relação médico-doente. Permite que a pessoa partilhe como é o seu dia, qual é o seu passado e aborda detalhadamente a alimentação, os hábitos de exercício, a sexualidade e tantas outras áreas vitais da nossa saúde.
Voltando ao “sinto-me uma porcaria”…
Se tem estas queixas ou sintomas é candidato a ter este problema (que não é reconhecido como entidade ou doença, mas que é importante tratar na origem)
- Fadiga ou cansaço crónicos não explicáveis
- Aumento dos gases intestinais e eructações (arrotar constantemente)
- “Retenção de líquidos”
- Obstipação (prisão de ventre), diarreia, refluxo ou “colite nervosa”
- Nariz sempre entupido e “alergias” ou rinite
- “Cabeça enevoada” ou outros sintomas semelhantes
- “Depressão crónica”, ansiedade ou dificuldades de concentração
- Dores cabeça, enxaquecas
- Insónias – sono não reparador
- Dificuldade em perder peso
- Problemas crónicos de pele
- Dores musculares e articulares recorrentes
- Doenças crónicas de origem incerta
Alguns destes sinais e sintomas podem ser originados por doenças específicas e devem ser diagnosticados e tratados adequadamente pelo seu médico – mas nenhum deles dispensa a sua intervenção – em conjunto com o médico deve olhar para as bases da sua saúde e perceber que entre outras coisas a sua alimentação, o exercício físico que faz e principalmente a sua parte emocional, precisa de ser “trabalhada” para não facilitar o terreno para a progressão da doença.
No próximo post falaremos sobre uma outra entidade que pode ser importante neste síndrome – o “intestino poroso” – como com certeza já ouviu falar o nosso intestino tem um sistema nervoso próprio (entérico) que tem uma grande rede de neurónios e por isso atua como um segundo cérebro e influencia muito a nossa qualidade de vida.
Quer deixar de se sentir uma porcaria? Siga-nos e aprenda mais sobre como entrou nesse “buraco” e como sair dele.
Saúde para todos
José Fernando Santos
Especialista em Medicina Geral e Familiar
josefsantos@docnurse.pt