Serão as tecnologias amigas das crianças?

Hugo Rodrigues // Agosto 23, 2018
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Hoje em dia vivemos rodeados de tecnologia e essa é a realidade em que as nossas crianças nascem, crescem e se vão desenvolvendo. Por esse motivo, é fundamental tentar perceber de que forma se pode usufruir desse contacto, sem sofrer os (possíveis) prejuízos do seu uso abusivo.

Actualmente, o contacto das crianças com os chamados “ecrãs” (televisão, tablet, computador, smartphone) começa desde muito cedo. No entanto, é importante realçar que por volta dos 2 anos de idade, o cérebro atinge cerca de 80% do tamanho do adulto e aos 3 anos esse valor chega aos 90%, motivo pelo qual é fácil perceber que esse é um período crítico em que se deve tentar proporcionar às crianças os melhores e mais diversificados estímulos.

Com base nessa preocupação, nos últimos anos tem surgido bastante investigação nesta área, de forma a tentar responder às seguintes questões:

– A partir de que idade é que as crianças devem contactar com os ecrãs?

– Qual o tempo máximo por dia em que deve existir esse contacto?

Para tentar responder a estas e outras perguntas, faz sentido tentar perceber quais são as principais vantagens e desvantagens do uso dos ecrãs por parte das crianças, de forma a que se possam tomar as decisões mais acertadas. Aqui ficam algumas reflexões:

Benefícios do uso dos ecrãs por parte das crianças: 

. Favorecem a aprendizagem 

Há efectivamente alguns jogos e aplicações interactivas que são muito interessantes e favorecem a aprendizagem de alguns conceitos. Outro exemplo é o contacto com línguas estrangeiras, que faz com que seja frequente crianças pequenas aprenderam a contar ou a identificar as cores em inglês, por exemplo. A grande vantagem é que esta aprendizagem se faz em momentos de diversão e lazer, o que acaba por ser muito mais natural e eficaz.

. Estimulam o raciocínio e a memória

Alguns jogos ajudam também a estimular a memória e o raciocínio lógico. Mais uma vez, sendo num contexto de brincadeira, torna-se tudo muito mais interessante para a criança.

. Fonte de diversão e prazer 

As novas tecnologias são uma fonte praticamente inesgotável de momentos de diversão. Por esse motivo, é fácil que as crianças gostem desse tipo de estímulos, embora seja imprescindível haver permanentemente um controlo parental sobre tudo a que elas têm acesso.

Desvantagens do uso dos ecrãs por parte das crianças: 

. Isolamento social

Um dos grandes problemas dos ecrãs é o facto de serem claramente anti-sociais. Não é raro ver em restaurantes e locais públicos famílias inteiras sentadas à mesma mesa e cada um a olhar para o seu ecrã, o que é um cenário muito pouco agradável de observar.

. Perda da estimulação verbal 

A linguagem verbal desenvolve-se essencialmente através do contacto com os outros. Numa primeira fase, as crianças aprendem a compreender ouvindo as outras pessoas a falar com elas. Posteriormente vão desenvolver a sua linguagem expressiva e o principal estímulo para que isso aconteça é a necessidade que sentem de se fazer entender também pelos outros.

. Perda da estimulação da linguagem não verbal e interpretação de sentimentos

A linguagem não verbal é um componente fundamental da comunicação. Saber interpretar nos outros aquilo que nos querem transmitir, mesmo sem palavras, é uma capacidade única dos seres humanos. Essa habilidade só se desenvolve através da interacção social, pelo que não há nenhum gadget que a consiga substituir.

. Menor destreza motora 

Apesar de nem sempre ser valorizado desta forma, o desenvolvimento motor é tão importante como o desenvolvimento cognitivo. Aliás, estão claramente implicados um no outro. Interagir com um ecrã limita o desenvolvimento das competências motoras, pelo que não é, nesta área, um tipo de estímulo muito adequado.

. Menor coordenação mão-olho e orientação tridimensional 

A nossa capacidade de nos organizarmos no espaço e de vivenciarmos tudo em três dimensões só se consegue contactando com a realidade que nos rodeia. Os ecrãs são estruturas planas e que não possuem profundidade (apresentam apenas duas dimensões), motivo pelo qual o seu abuso pode comprometer também este tipo de competências.

Estes são apenas alguns aspectos a considerar. Certamente há outros que podem e devem ser considerados também. No entanto, com base nos pressupostos atrás explicados, gostaria de tentar responder às duas questões que aqui coloquei inicialmente e que eram as seguintes:

A partir de que idade é que as crianças devem contactar com os ecrãs?

Segundo as recomendações das principais Sociedades Científicas, os ecrãs devem ser evitados nos primeiros 2 anos de vida.

Qual o tempo máximo por dia em que deve existir esse contacto?

Apesar de não ser consensual, pensa-se que na infância o tempo máximo diário seja cerca de 1 hora e na adolescência se estenda até às 2 horas.

Em jeito de conclusão, gostava apenas de reforçar a ideia de que as tecnologias vieram para ficar e nós só temos que aprender a usufruir delas de forma saudável. Por esse motivo, devemos tentar usar permanentemente o nosso bom-senso, de forma a que as nossas crianças possam beneficiar do seu uso sem sofrer os prejuízos do seu abuso.

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