Ser mãe sem dar à luz

Fátima Lopes // Maio 5, 2019
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Já escrevi aqui sobre o meu papel de mãe e sobre a minha querida mãe. Desta vez, e a propósito do Dia da Mãe, lembrei-me de escrever sobre as muitas mães que são um exemplo de amor e dedicação, sem nunca terem dado à luz.

Um exemplo de amor e dedicação

Lembrei-me delas pelo contacto que tenho com algumas mulheres que dirigem ou trabalham em instituições que acolhem crianças abandonadas ou em situação de risco.

Mulheres que assumem a missão de amar, educar e orientar aqueles que chegam ao seu colo, muitas vezes já profundamente marcados pela vida.

Elas não carregaram estes “filhos” na barriga, nem os deram à luz, mas fizeram o mais difícil: aceitaram-nos independentemente do seu passado, lutaram por eles e com eles, delimitaram fronteiras orientadoras para a vida e levaram-nos a descobrir a palavra amor.

Se isto não é ser mãe, então é o quê?

Tenho bem presentes as minhas visitas à Fundação Luiza Andaluz, em Santarém, da qual sou madrinha, onde ganhei consciência do papel destas “mães”.

A diretora da Fundação, a minha querida Catarina Marcelino, nunca deu à luz, mas já foi mãe de tantas meninas que passaram por aquela casa, que já lhes perdeu a conta.

Assim como a Irmã Guilhermina, que sempre que recebem uma menina ainda bebé, fica com ela no seu quarto, cuidando e amando como uma boa mãe. A Irmã Guilhermina já teve mais más noites que a maior partes das mães, simplesmente porque já teve muito mais filhas que qualquer uma de nós.

“A Minha Mãe”

Recordo-me de receber no “A Tarde é Sua”, uma das filhas da Fundação, agora já mulher e com a sua família criada. Na primeira fila estava a Catarina.

A jovem referia-se a ela sempre como “a minha mãe”. Cumpria os hábitos todos que uma boa filha deve ter, visitando regularmente a mãe Catarina, ligando-lhe frequentemente e pedindo conselhos, sempre que precisava.

E ali estava a Catarina, a transbordar de orgulho e felicidade pela linda filha do coração que a vida lhe tinha dado.

Se estas mães não são tão valiosas como as que dão à luz, então não sabemos nada sobre amor maternal.

Nota: Fotografia por Frederico Martins.

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