Ser feliz no trabalho

Fátima Lopes // Agosto 13, 2019
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Adoro dar palestras sobre o tema felicidade no trabalho. É complexo, mas vale a pena refletir sobre ele, já que passamos grande parte do tempo a trabalhar. 

Felicidade no trabalho

Desde que iniciei a minha vida laboral, aos 19 anos, que decidi só manter um determinado trabalho, se me sentisse feliz. No dia em que o relógio tocasse e me faltasse vontade, energia ou prevalecessem sentimentos negativos, como a desmotivação, por exemplo, então estava na altura de me auto-questionar. 

Primeiro perceber porque nos sentimos assim. O que nos pode estar a deixar infelizes e a desejar que o fim-de-semana nunca mais acabe. Se é o projecto em si e não nos identificamos com a empresa em que estamos, então há que pensar em mudar. Não são poucos os casos de pessoas que não se identificam com os objectivos de uma empresa ou até mesmo com os valores que a definem e acabam por sair. Ficar é corromper os nossos próprios valores e desses não podemos abrir mão, sob pena de ficarmos condenados à infelicidade. Mas, se continuamos a identificar-nos com o projecto, então há que perceber de que forma podemos encontrar a felicidade no trabalho. 

A motivação é um factor muito importante.

Estar motivado é um trampolim para nos superarmos e conseguirmos ir cada vez mais além. Às vezes não é fácil encontrar essa motivação. Principalmente se quem estiver à nossa volta também não estiver motivado ou se quem nos chefia não for capaz de mostrar uma liderança e energia, à prova de fogo. Mas, para isso também existe solução. Chama-se auto-motivação. 

Os muitos anos que tenho trabalhado com a minha psicóloga Ana Ramires, permitiram-me desenvolver ferramentas com as quais consigo ter esta capacidade de me motivar a mim própria. Como? Procurando preservar a paixão gigante que tenho pelo meu trabalho. Adoro entrevistar e conversar com pessoas e foco-me nisso. Experimente fazer o mesmo. Não se deixe contaminar pelos outros, nem pelas suas dúvidas, medos e anseios. 

Se gosta do que faz coloque-se numa bolha e aí, dê o seu melhor.

Não perca qualidades nem competências porque ao seu lado está alguém desorientado e só com vontade de criticar e ver o que está mal. Isole-se na sua bolha, faça o melhor que puder, tenha sentido crítico e procure reinventar-se. Os melhores profissionais foram aqueles que construíram a partir de destroços. Seja um desses profissionais de referência. 

Identifique os factores que o estão a perturbar.

Depois de focado, tente então perceber que outros factores à sua volta o estão a perturbar. É a equipa onde está? Veja se é possível mudar para outra ou sugerir alterações na dinâmica da mesma, que sejam benéficas para todos. É um elemento que se comporta como um eucalipto, secando tudo à volta? Veja se consegue reconstruir a relação com essa pessoa ou encontrar forma de desativar o efeito que ela tem em si. Muitas vezes é só isto. Precisamos de neutralizar algumas pessoas, não permitindo que nos façam mal. A verdade é que quando lhes tiramos esse poder, passam a ser inocentes e é frequente percebermos até que aquela atitude déspota não é mais que uma tentativa de camuflar uma péssima auto-estima. Olhar para o outro com disponibilidade para ver apenas a sua condição humana, é libertador. Pode ser suficiente para recuperar o seu bem-estar e a sua motivação.

Seja resiliente.

A vida é uma corrida de obstáculos. Não se pode estar sempre em cima nem sempre em baixo. Se estiver a trabalhar com afinco, mas os resultados não aparecerem, tenha calma. Não baixe os níveis de qualidade, continue a empenhar-se a 100% e receba a notícia de mais uma derrota, com um “ainda não foi hoje, mas sei o bom trabalho que fiz”. Garanto-lhe que se sentirá feliz e capaz até de detectar novas oportunidades dentro da sua equipa/empresa. 

Eu já estive numa estação de TV vencedora (SIC), que perdeu a liderança, passei para outra vencedora (TVI), que agora também perdeu a liderança. São ciclos. Mas, o facto de continuar a amar o que faço, de gostar das equipas com que trabalho, permite-me continuar a desfrutar, a ter vontade de me reinventar e a ser cada vez mais produtiva. E, como encaro as mudanças, como desafios/oportunidades e não riscos, acabo por tirar o melhor de cada momento. É assim que consigo ser feliz no meu trabalho.

Nota: Fotografia por Verónica Silva.

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