Seis cuidados que tenho com a minha voz

Fátima Lopes // Abril 16, 2018
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No Dia Mundial da Voz decidi homenagear aquele que é um instrumento de trabalho para tantos. Para quem não tem na voz um instrumento de trabalho, raramente pensa no bom que é tê-la com saúde e a funcionar como queremos. Qualquer problema que surja, dentro das patologias habituais – como uma laringite ou uma faringite, por exemplo – ultrapassa-se normalmente com uma simples ida ao médico. Doenças mais complicadas como um cancro na garganta, já exige um acompanhamento demorado e complexo, que pode deixar sequelas para a vida. A perda da voz é uma delas e estas pessoas nunca mais são as mesmas, porque a voz faz parte da nossa identidade.

Ter a voz como instrumento de trabalho.

Eu trabalho com a voz. Sem ela não consigo ser apresentadora, por mais que as minhas capacidades intelectuais estejam no seu melhor e a minha imagem seja maravilhosa. Os apresentadores, actores, cantores e professores, dependem deste instrumento que se chama voz. Por esse motivo, temos de o tratar muito bem. Se mesmo com mil cuidados, às vezes ela nos falta, imaginem se nos descuidamos.

Há 4 anos passei quase um mês sem voz. Uma experiência dura, que jamais irei esquecer e que, naturalmente, me marcou. Na origem esteve uma sucessão de patologias simples, mas que encadeadas umas nas outras, resultou numa grande dificuldade em recuperar a voz a 100%. Mas, o sofrimento tem esta virtude de se tornar uma grande oportunidade de aprendermos e fazermos diferente. Passei, desde essa data, a evitar tudo o que pudesse influenciar negativamente a minha voz e cuidar dela com uma atitude preventiva.

Os cuidados que tenho com a voz:

  • Evito ao máximo ares condicionados;
  • Não bebo bebidas geladas ou muito quentes;
  • Hidrato a garganta a toda a hora com pequenos goles de água;
  • Evito determinadas comidas que provocam refluxo e afectam as cordas vocais;
  • Fujo a sete pés de ambientes com tabaco;
  • Faço aulas de voz uma vez por semana.

Quando estive doente, o grande professor de voz Luís Madureira, começou a acompanhar-me. Foi a minha querida Simone de Oliveira que me convenceu a dar este passo. Depois percebi que o seu conselho era sábio. Se vamos ao ginásio exercitar os músculos para que permaneçam saudáveis e ganhem competências, porque não fazemos o mesmo com as nossas cordas vocais? Também são músculos e, por isso, precisam igualmente de exercícios para ganhar novas competências, saberem trabalhar nos vários contextos e sem ser em esforço.

Ao longo destes anos tenho feito uma evolução fantástica.

Eu que cheguei a achar que tinhas cordas vocais fracas ou com alguma limitação, porque era isso que as pessoas me faziam acreditar depois de ter estado doente, rapidamente me convenci que não tinha nenhum problema. Precisava, sim, de saber utilizar da melhor forma o meu instrumento de trabalho e contornar determinadas dificuldades.

Hoje olho para o piano, enquanto o meu professor me dá aula e mesmo não percebendo nada de música, consigo perceber que evolui brutalmente na escala e que a minha voz me permite fazer coisas que há 4 anos eram inimagináveis.

Já perdi a voz uma ou outra vez, depois do tal episódio, mas com situações normais iguais às de qualquer outra pessoa. Uma coisa é certa: quem trabalha com a voz e ambiciona uma carreira longínqua, tem de cuidar dela. Mantê-la saudável e exercitada. E, neste Dia Mundial da Voz vale a pena pensar nisto, mesmo que não ambicione ter uma voz de rouxinol.

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