À medida que existe um maior acesso à informação, são cada vez mais as pessoas conscientes da importância de uma abordagem mais natural e holística para alcançar o bem-estar. E a verdade é que a abordagem de saúde holística é uma tendência emergente na medicina moderna. Mas, afinal, quais são os benefícios de se aliar a medicina convencional com a medicina alternativa?
Todas as tradições de saúde foram criadas com o objetivo de trazer equilíbrio com o meio ambiente e bem-estar para a nossa vida. Mas, a verdade é que o estilo de vida moderno é o responsável pela maioria das doenças do nosso tempo. Neste momento, enfrentamos uma epidemia global de doença como o mundo jamais viu, com a pandemia COVID-19 que está no topo da lista de causas de óbito a nível mundial. Porém, antes de existir uma pandemia mundial, a cada ano, cada vez mais pessoas adoeciam sem que o sistema médico convencional pudesse dar uma resposta eficiente.
Qual o actual problema com a saúde?
O sistema de medicina convencional, com o qual a maioria de nós cresceu, foi criado para tratar doenças infeciosas e curar traumas agudos – um modelo que se tornou tão popular que hoje já não vivemos com medo de morrer de uma infecção comum ou de sermos dizimados por uma praga. O modelo de medicina convencional destaca-se nestes cenários. Mas e quando não temos uma infecção contagiosa ou não sofremos um trauma grave, mas também não estamos bem?
O que acontece quando os médicos não têm os recursos para dar a resposta aquilo que os seus pacientes precisam?
Em muitos casos, a medicina convencional, ou “tradicional”, tem-se demonstrado insuficiente, ineficaz ou envolve contraindicações, e foi essencialmente por este motivo que surgiu um movimento de cura, conhecido como «medicina holística» ou «saúde holística».
O termo holístico deriva do grego holos (inteiro ou todo), que significa que um ser não pode ser visto apenas como um composto de diferentes órgãos, mas como uma entidade integrada.
As doenças crónicas são um exemplo de condições que não podem ser curadas por medicamentos e cirurgia. As causas destas condições perfeitamente evitáveis são: má nutrição, estilos de vida pouco saudáveis e exposição a toxinas. Para restaurar a saúde, devemos aprender a nos alimentar com uma dieta adequada, adotar estilos de vida mais saudáveis e reduzir a nossa exposição a toxinas prejudiciais.
Estima-se que, nos próximos vinte anos, as doenças crónicas sejam a maior causa de morte a nível mundial. Este é o momento de despertar para uma nova era na medicina e de abraçar um novo paradigma médico que pode ajudar com as doenças que mais nos afetam hoje.
Quais as diferenças entre as diferentes abordagens de medicina?
Embora a distinção entre medicina convencional e medicina alternativa não seja fácil de determinar, existe uma diferença filosófica básica. A medicina convencional, geralmente, define saúde como a ausência de doença. As principais causas de doença, geralmente, são consideradas fatores isolados, como patogénicos, desequilíbrios bioquímicos e envelhecimento, e o tratamento, geralmente, envolve medicamentos e/ou cirurgia. Em contraste, as práticas da medicina alternativa frequentemente definem a saúde de forma holística, isto é, como um equilíbrio de sistemas – físico, emocional e espiritual – envolvendo a pessoa como um todo. Acredita-se que a desarmonia entre esses sistemas é o que causa a doença. O tratamento, neste caso, envolve o fortalecimento das defesas do próprio corpo.
A abordagem de saúde holística, ou natural, é uma tendência emergente na medicina moderna.
Como vimos anteriormente, tradicionalmente a medicina convencional olha para o corpo humano como um conjunto de sistemas que funcionam de forma isolada e não como um sistema único que funciona de forma integrada. Para a medicina holística, as funções do corpo humano são influenciadas por uma variedade de fatores – internos e externos – como a alimentação, o exercício, as emoções e o stress. Os sintomas de doença expressam uma condição geral do organismo e o corpo é olhado de forma inteira, considerando as dimensões de um ser que existe não apenas a nível físico, mas também nos níveis social, emocional e espiritual.
Sendo o resultado de diferentes sistemas de cura de todo o mundo, a medicina holística resulta da combinação das duas abordagens: a medicina convencional intervém em situações extremas, a medicina alternativa suporta a manutenção da saúde e atua na prevenção, no tratamento de desequilíbrios e na promoção de um estilo de vida mais equilibrado.
Quais são os benefícios de se aliar a medicina convencional com a medicina natural?
Existem várias perspetivas em relação à integração da medicina tradicional no setor de saúde convencional, validando e absorvendo o conhecimento da medicina natural para a melhoria dos conhecimentos médicos modernos. Com a expansão de consciência, e em muitos países desenvolvidos, começa a ser comum a abordagem de complementaridade, com a medicina natural a desempenhar um papel de apoio no sistema de saúde. Também começamos a assistir a um número crescente de escolas de medicina a incluir nos seus currículos a formação sobre tratamentos de medicina natural.
Muitos medicamentos foram desenvolvidos e integrados com base no conhecimento da medicina natural/tradicional. Temos o exemplo da malária, em que dois dos principais medicamentos usados para o seu tratamento (a quinina e artemísia) são originários do conhecimento médico tradicional no Peru e na China, respetivamente. A quinina é, ainda, a planta que deu origem à hidroxicloroquina, o medicamento que tem vindo a ser apresentado no combate à COVID-19.
Os sistemas de cura ancestral, existentes muito antes da medicina ocidental convencional – como, por exemplo, a macrobiótica, a ayurveda e a medicina tradicional chinesa – podem desempenhar um papel fundamental na prevenção e na manutenção da saúde pública, contribuindo para uma maior disponibilidade de recursos humanos nos países onde a proporção da população por médicos é excessivamente elevada. Embora muitas políticas governamentais ainda não os reconheçam, há cada vez mais países a assumir a importância do papel dos curandeiros na educação da saúde comunitária.
Exemplos de abordagens holísticas:
As diferentes abordagens de medicina natural assentam numa filosofia e em tratamentos não invasivos que suportam o corpo a procurar a própria cura. Um exemplo deste tipo de abordagem é a macrobiótica.
Estas abordagens têm-se revelado eficientes como um complemento à medicina convencional, ajudando na gestão dos sintomas e na melhoria da qualidade de vida, reduzindo a fadiga, a dor e a ansiedade. Isto tem acontecido em casos de dor crónica, fadiga crónica, fibromialgia, distúrbios do sono, diabetes tipo II, condições autoimunes, problemas gastrointestinais, ansiedade e depressão, problemas cardiovasculares ou desequilíbrios hormonais.
À medida que existe um maior acesso à informação, são cada vez mais as pessoas conscientes da importância de uma abordagem mais natural e holística para alcançar o bem-estar. Assistimos a um movimento crescente de responsabilização pela nossa saúde e a um abandono da passividade e da busca de soluções rápidas, aliviando assim o peso em cima do sistema de saúde convencional.