Imagine que um bom amigo acabou de reprovar num exame para o qual tinha estudado afincadamente. Que palavras lhe dirigiria? Acusá-lo-ia de burro, incompetente ou preguiçoso? Ou, pelo contrário, confortá-lo-ia incentivando-o, de forma sincera, a acreditar no seu valor e a tentar de novo?
De uma maneira geral, somos mais justos e mais amáveis com as pessoas à nossa volta do que connosco. Mas, quando começamos a reparar no nosso discurso interno, podemos substituir as críticas destrutivas pelo incentivo.
O poder das autoafirmações
Autoafirmações são frases que pode dizer a si mesmo(a), de preferência em voz alta. Estamos sistematicamente a “dizer” coisas a nós mesmos e sobre nós mesmos. Inconscientemente, é fácil inundarmo-nos de críticas e alimentarmos a diminuição da nossa autoestima, especialmente em momentos difíceis. O que qualquer um de nós pode fazer – conscientemente – é repetir afirmações positivas, que nos ajudem a reconhecer o nosso valor.
É possível que você se considere uma pessoa “normal”, pouco habituada a ferramentas tão “fora da caixa” como as autoafirmações, mas aquilo que lhe proponho é que dê o benefício da dúvida a um exercício com resultados comprovados. A ciência tem demonstrado que vale a pena experimentar.
Quando se apercebe de que as suas escolhas estão a deixá-lo(a) mais deprimido(a), é provável que dê por si a alimentar, de forma inconsciente, pensamentos como:
- “Sou um(a) falhado(a)”;
- “Não estou à altura”;
- “Está tudo errado na minha vida”.
Algumas das afirmações que pode repetir são:
- “Eu tenho valor”;
- “Não preciso de trabalhar mais, ganhar mais ou ser mais. Eu sou suficiente, tal como sou”;
- “Não preciso de fingir ser aquilo que os outros querem que eu seja”;
- “A minha opinião é tão válida como a de outras pessoas”;
- “Nem todas as pessoas conquistaram o direito de me criticar ou julgar”.
Uma das formas de concretizar este exercício passa por imprimir estas frases e espalhá-las pela casa. Talvez possa colocá-las em lugares estratégicos, como a porta da rua, no armário da cozinha ou o sítio onde pousa a sua carteira. Além de parar diária e propositadamente para repetir estas afirmações – por exemplo, enquanto faz a sua higiene –, é saudável que o faça sempre que os seus olhos se cruzarem com estas frases e sempre que surgir o impulso de pensar em si mesmo(a) de forma negativa.
No princípio, dificilmente vai conseguir observar resultados significativos, mas, ao fim de algumas semanas, sentir-se-á(a) mais motivado(a) e orgulhoso(a) de si mesmo(a).
Ao mesmo tempo, pode começar a comportar-se como alguém que reconhece o próprio valor, independentemente do que os outros pensam. Pense em comportamentos específicos característicos de alguém que reconhece o próprio valor. Talvez se permita reservar algum tempo todas as semanas só para descansar. Ou recusar um convite para em evento em que não quer participar. Ou talvez possa deixar uma parte do trabalho inacabado sem se preocupar com o que os seus colegas possam pensar.Reconhecer o seu valor não tem rigorosamente nada a ver com acomodar-se ou desistir de alcançar os seus objetivos. Também não implica que você seja permissivo(a) consigo mesmo(a) nem é uma desculpa para deixar de cumprir com as suas responsabilidades. É, isso sim, uma oportunidade para olhar para si mesmo(a) sem exigir nem mais nem menos do que exigiria a alguém de quem gostasse muito.