Rinite ou Sinusite? Eis a questão!

Sofia Pinto Luz // Dezembro 7, 2020
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rinite ou sinusite
rinite ou sinusite

Muitas pessoas confundem os termos Rinite e Sinusite. Aliás, na minha consulta de Imunoalergologia é frequente ouvir a frase: “Dra., não sei bem se tenho Rinite ou Sinusite… Se calhar até tenho as duas!”. A semelhança destas duas doenças faz com que muita gente tenha dificuldade em diferenciar, sendo uma confusão comum.

Rinite ou Sinusite?

Tanto a Rinite como a Sinusite são inflamações e muitos trabalhos defendem que a contiguidade e continuidade anatómica entre as fossas nasais e os seios perinasais leve frequentemente a que a Sinusite aguda seja uma complicação da Rinite Alérgica.

Vamos por partes…

O que é a Rinite?

É uma inflamação da mucosa nasal (revestimento interno do nariz).

Existem vários tipos de Rinite, o mais conhecido e mais frequente é a Rinite Alérgica. Os alergénios (ácaros, pólens, pêlos, etc.) entram pelo nariz e desencadeiam uma resposta exagerada do sistema imunológico levando a sintomas de espirros, congestão nasal, pingar do nariz, comichão nasal/garganta e tosse. Frequentemente, estão também associados sintomas oculares como olho vermelho, com comichão e lacrimejo.

A doença alérgica tem vindo a aumentar cada vez mais, sendo que, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), estima-se que 40% da população possa sofrer de alergias.                                                             

O que é a Sinusite?

É uma inflamação dos seios peri-nasais (cavidades ocas que estão à volta do nariz e da face). Estas cavidades são responsáveis pela produção e drenagem do muco que mantém sempre o nariz húmido e hidratado e que tem uma função protetora das vias respiratórias.

Quando os orifícios de ligação entre os seios peri-nasais e as fossas nasais ficam obstruídos, como acontece, por exemplo, na Rinite Alérgica ou na Rinite Infecciosa (viral ou bacteriana), esses seios podem encher-se de secreções, provocando sintomas de Sinusite: dor de cabeça,  dor na face (pressão sobre o nariz e/ou das maçãs do rosto), secreções amareladas/esverdeadas (muco-purulentas) que escorrem do nariz para a garganta, obstrução nasal, tosse que piora à noite e atrapalha o sono, e algumas vezes também febre. Pode ainda ocorrer uma redução importante do paladar, alterações do olfato e mau hálito. O acumular de muco, causado pela obstrução dos canais de drenagem, cria um ambiente ideal para a proliferação de bactérias. Desta forma, é comum que a inflamação dos seios peri-nasais dê origem a uma infeção bacteriana – Sinusite Bacteriana.

Existem ainda outras causas para obstrução destes canais: desvio de septo nasal, pólipos nasais (crescimento de tecido que bloqueia a passagem de muco), traumatismos dos ossos da face, mudanças bruscas de pressão associadas ao voo ou ao mergulho, má higiene nasal e o uso excessivo de descongestionantes nasais e fumo do tabaco.

A Sinusite pode ser aguda, quando dura menos de quatro semanas, ou crónica quando ultrapassa essa duração.

Semelhanças e diferenças no tratamento da Rinite e da Sinusite  

O tratamento da Rinite e da Sinusite têm pontos em comuns, como utilização de corticoides nasais ou orais e descongestionantes nasais que convém que sejam utilizados durante curtos períodos de tempo. A lavagem nasal e a utilização de sprays nasais salinos pode ser também útil em ambas as situações.

No caso da Rinite Alérgica utilizam-se também anti-histamínicos (medicamentos antialérgicos) e existem ainda as vacinas (imunoterapia específica) contra, por exemplo, ácaros e pólens que ajudam bastante na doença alérgica.

Quando a Sinusite é acompanhada por uma infeção bacteriana é necessário usar antibiótico. Por vezes a cirurgia nasal pode ser necessária nos casos de Sinusite crónica causada por alterações anatómicas, como desvio de septo nasal ou pólipos nasais. Alguns doentes com Sinusite podem beneficiar de tratamentos termais, sendo importante avaliar o seu interesse com o médico assistente.

As vacinas com lisados bacterianos podem ajudar na imunidade contra bactérias e a vacina da gripe pode ser recomendada para algumas pessoas. É também importante apostar na ingestão de líquidos de modo a manter as secreções nasais mais fluidas possíveis.

Evite a automedicação!

É muito comum que os doentes comprem os medicamentos vasoconstritores nasais sem terem prescrição médica, pois estes dão um alívio extremamente rápido no caso da obstrução nasal. Não faça isso!

Estes medicamentos podem causar dependência. O seu uso excessivo pode piorar ainda mais a obstrução nasal, podem reduzir o olfato e em alguns casos levar a distúrbios cardiovasculares.

Quando procurar um médico?

Estas doenças habitualmente podem ser tratadas quer por um Imunoalergologista ou por um Otorrinolaringolista. No entanto, fará sentido recorrer a um Imunoalergologista para confirmar ou excluir uma causa alérgica e, eventualmente, ponderar tratamentos mais específicos como a Imunoterapia. Noutras situações, a avaliação e eventual intervenção cirúrgica por um Otorrino pode ser essencial. Habitualmente trabalhamos em equipa, uma especialidade não dispensa a outra.

Afinal a relação entre a Rinite e Sinusite até nem é assim tão difícil de entender!

Na Rinite existe congestão nasal que se não for tratada pode acabar por levar a uma Sinusite, pois esta última é causada pela acumulação de secreções resultante do bloqueio dos canais do nariz.

Tanto a Rinite como a Sinusite são doenças comuns que interferem significativamente na qualidade de vida, na atividade profissional e na vida social das pessoas afetadas.

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