Desde que lancei o meu livro “Simply Flow, Atreve-te a abrandar” que tenho vindo a correr o país para o apresentar. Não gosto de chegar aos locais e fazer simplesmente uma sessão de autógrafos. Acho pouco quando tenho pessoas à minha frente que escolheram estar comigo. Nunca preparo as minhas apresentações porque quando chego, olho para quem está à minha frente e o que sentir que é para dizer, digo. Depois gosto de passar o microfone para o lado do público de forma a que possam colocar as perguntas que quiserem. Curiosamente fui-me apercebendo que em todas as apresentações as pessoas emocionam-se quando lhes sugiro que revisitem a sua história de vida.
Simply Flow, Atreve-te a abrandar
Este meu livro é muito autobiográfico e, por isso, partilho vários episódios da minha vida, vividos em idades muito diferentes. É isso que me leva a desafiar os leitores a revistarem as várias etapas da sua vida, os episódios que os marcaram por uma ou outra razão, mas com olhos de amor e compaixão.
Ao princípio eu não percebia as reações emocionadas, mas com o passar do tempo e as partilhas mais íntimas que foram fazendo comigo, no momento de assinar o livro, percebi que revisitar a história de vida era para muitos algo tremendamente assustador. Temiam viver as mesmas dores e mágoas do passado. Esqueciam-se que o tempo e as aprendizagens da vida ajudam-nos a mudar a lente com que olhamos para as coisas. Quando lhes digo que temos de ter compaixão connosco e reconhecer que no passado fizemos o melhor que sabíamos, em cada situação, concordam.
As reações que vou vendo nas plateias que me recebem, confirmam a ideia que tenho de que todos ganharíamos em poder trabalhar com um psicólogo para conseguirmos arrumar as nossas gavetas, sem medo de as abrir.
O bonito desta jornada que estou a viver por causa do livro é perceber como conversas simples com quem tem disponibilidade para ouvir o outro fazem toda a diferença. Se calhar devíamos começar por aí. Por ter mais tempo para escutar o outro e o ajudar a aceitar a sua história como única. É por ser única que tem uma beleza diferente de todas as outras, mesmo que pontuada por momentos de sofrimento e de situações das quais não nos orgulhamos. A história de vida de cada um de nós merece ser honrada e isso pressupõe que a revisitemos como visitamos quem amamos.
Nota: Fotografias por Verónica Silva