O mês de Setembro só poderia ter este tema: retomar. A retoma tem de ser uma palavra e um conceito presente permanentemente na nossa mente.
Retomar porquê? Porque precisamos disso mesmo.
Precisamos de nos encher dessa energia da retoma. Sendo que eu não vejo a retoma como um regressar ao sítio onde estávamos. Até porque isso não é possível. O tempo não parou. As nossas vidas não congelaram.
Aconteceram milhares de coisas desde da chegada da pandemia em Março.
Aconteceram milhares de coisas no País, no mundo e em nós. Aconteceram milhares de coisas na nossa vida e na vida de quem nos rodeia, de quem faz parte do nosso universo e não só. Por isso, retomar não é voltar onde estávamos ou fazer como fazíamos. Retomar significa não permanecer parado e querer voltar a agarrar as rédeas da vida.
Retomar é agarrar as rédeas da vida.
É olhar para cada uma das áreas da nossa vida – pessoal, profissional, familiar – e verificar em cada uma delas o que estamos a fazer para atingir os nossos objectivos, ou onde é que estamos parados. Ás vezes pior que parados, estamos a fazer o oposto daquilo que desejamos. Então aí, sim, retomamos. E quando digo retomamos é retomar no ponto onde nos encontramos para nos deslocarmos para o ponto onde queremos chegar. Isto é que é retomar.
Não é só recuperar. Recuperar é pouco. Não é só pegar no que temos. É pegar no que temos para saber para onde queremos ir, para onde nos queremos dirigir. É ter objectivos.
No fundo é não entrar num barco e dizer: “Vou deixar que o barco ande porque assim já estou a retomar”. Só que o barco está a andar para parte nenhuma! O barco está a andar à deriva e isso não é interessante para as nossas vidas. O barco, tenha ele o tamanho que tiver e esteja ele apetrechado com o que for, tem de ter alguém ao leme. E esse alguém ao leme somos nós. Nós temos de saber para onde o queremos dirigir.
Somos nós que temos de orientar a navegação do barco da nossa vida.
Então, a retoma é lembrarmos que estamos no barco e dizermos: “Este barco vai agora para a direita”, ou “Este barco vai agora para a esquerda”, ou “Este barco vai em frente”. E fazer todas as escolhas que permitam que o barco vá na direcção que nós decidimos porque o que nós decidimos está relacionado com os nossos objetivos.
Retoma para mim pressupõe ter objectivos, saber agarrar a vida com as duas mãos, querer conduzi-la. Isto faz-me sempre lembrar uma frase, que tantas vezes ouvi da minha querida Christiane Águas…
Nós somos os arquitectos da nossa própria vida.”
Christiane Águas
E retomar é isto. É esta imagem do barco que é dirigido por nós. É esta imagem do arquitecto que está a construir o edifício que é a nossa vida.
Então, Setembro é o mês para retomar.
O que quer que tenha acontecido nos meses anteriores, tenhamos nós vivido coisas mais ou menos fáceis ou coisas muitíssimo difíceis, olhemos para este mês de Setembro como o início da retoma. O início de um caminho de construção. O início de um caminho para fazer diferente daquilo que vivemos, mesmo que tenhamos herdado aquilo que nos parecem ser só pedras. Até com as pedras se constrói um caminho. Até com as pedras se constrói um castelo. Por isso, abracem o mês de Setembro com toda a vossa força, a vossa energia, a vossa luz e façam acontecer.
Retomar é conquistar.
Provavelmente há quem não sinta essa força, essa energia, essa luz. Se assim for, seja racional, vá buscar um objetivo dentro de si e, mesmo que não seja movido com um brilho nos olhos, ponha o objetivo à sua frente. Olhe para esse objetivo e diga: “Ok, eu tenho de trabalhar para lá chegar”. É como se fosse um túnel de onde não pode sair. Tem aquele objectivo na sua frente e não tem outra alternativa senão trabalhar para lá chegar. E, às vezes, começando por nos forçarmos, por nos impormos acabamos por perceber que até nos dá um certo gozo ter ali à frente algo que queremos muito. O ser humano é mesmo assim. E só nos custam os primeiros passos porque depois é aditivo e sabe-nos bem fazer acontecer.
Lembrem-se retomar é conquistar.
Nota: Fotografia por Verónica Silva