O prazer é cada vez mais abordado em consultas médicas. Há muito a discutir sobre este tema, e nada melhor do que começar por perguntar: “Como é a tua relação com o prazer?”.
É natural que perguntes: “De que tipo de prazer estamos a falar?”. Gostaria de saber qual te veio imediatamente à mente.
Agora, lanço-te uma segunda pergunta: “Que tipos de prazer conheces?”. Ao responderes a esta pergunta, percebes que o prazer pode estar associado a várias formas, áreas, intensidades e interpretações, dependendo da nossa capacidade de o sentir. Por exemplo, o prazer pode ser sentido e vivido sexualmente e também através da dança, alimentação, respiração, atividade desportiva, leitura, atividades artísticas e criativas, entre outros.
Não existem limites para as formas como podemos sentir prazer, pois tudo depende do nosso grau de conexão com o nosso sentir.
Quando sentimos a necessidade de nos reconectarmos ao prazer significa que estamos provavelmente desconectados da nossa essência, de quem realmente somos. Isso acontece porque quando nos conhecemos bem, sabemos do que gostamos, o que nos dá prazer, o que nos priva do prazer, o que nos equilibra e o que nos desequilibra.
Reconectar-nos ao prazer é sinónimo de nos reconectarmos à nossa essência, ao nosso Eu interior. Isso implica sentir! E para isso, é necessário parar, respirar e desligar-nos do mundo à nossa volta.
Prazer é energia, é vibração! É uma energia que nos eleva! Está relacionado com o nosso centro de energia vital. Quanto mais prazer sentirmos no dia a dia, mais vivos nos sentiremos.
Se o meu corpo somatiza a ausência de prazer, então é importante perceber também qual a emoção ou situação na minha vida que bloqueou ou diminuiu o prazer em mim.
É importante também relembrar que o nosso corpo funciona de forma autónoma.
Normalmente, não pensamos em como andamos, como respiramos, como surge a libido, como esticamos o braço, entre outras coisas. Porque tudo isso é automático. Só precisamos de pensar nisso quando essa função é afetada e começa a manifestar algum sintoma (por disfunção ou desarmonia). E no caso do prazer é o mesmo.
Se o meu sintoma é não sentir prazer ou se ele está significativamente diminuído, começarei por estimular os meus sentidos de forma a remover as barreiras e armaduras que uso diariamente e que me impedem de o sentir. Quanto mais vulnerável me torno, mais fácil é sentir prazer.
A melhor forma de começar este trabalho é através de respirações profundas e conscientes.
Através delas, libertamos as tensões do quotidiano e desligamo-nos mais facilmente do mundo exterior, permitindo-nos conectar com o nosso interior.
Inspirar pelo nariz e expirar pela boca é importante no início para libertar a tensão existente no nosso corpo naquele momento. Quando não houver mais tensão para libertar, passamos a expirar também pelo nariz, pois a intenção é conectar-nos cada vez mais à energia subtil. Quanto mais suave e harmoniosa for a nossa respiração, mais conectados nos sentiremos connosco mesmos.
Em seguida, podemos utilizar os cinco sentidos do nosso corpo – visão, audição, olfato, paladar e tato – para despertar ainda mais o nosso corpo para a subtileza do prazer.
Estarmos atentos ao que observamos, saboreamos, cheiramos, escutamos, ao que sentimos na pele enquanto dançamos, cozinhamos, nos alimentamos, caminhamos, tocamos, fazemos amor, ajuda-nos a descobrir onde, como e quando o prazer desperta em cada um de nós.
Move-te!
Dançar, praticar atividade física, fazer caminhadas, alongamentos, fazer amor, sozinhos ou acompanhados ativa a nossa energia! liberta-nos da estagnação! cria movimento! O que melhora tudo (especialmente quando realizado com harmonia e prazer).
Sente o teu próprio toque.
Resgatar e despertar o prazer de sentir o nosso próprio toque é de extrema importância. Quando foi a última vez que te abraçaste? Quando foi a última vez que te tocaste de forma consciente? Sente o poder do teu toque no teu corpo! O que ele te transmite? Ao aprendermos a sentir o nosso próprio toque descobrimos um poder de cura fantástico!. O seu abraço, o seu colo, a sua suavidade, o seu poder de escuta, a sua capacidade de nos fazer sentir prazer em todo o corpo é mágico!
Por último, permite-te relaxar.
Sair da posição fetal, abrirmo-nos a nós mesmos, assumir posturas mais abertas e relaxadas no dia-a-dia, permite que as barreiras caiam e a vulnerabilidade entre, facilitando a libertação das nossas emoções.
Nesse estado de leveza, entrega e subtileza, o prazer começa a surgir, a vibrar, a ter espaço para ser.
O que realmente importa nem sempre é a quantidade, mas, sim, a qualidade. Tocar por tocar, comer por comer, praticar atividade física por praticar, fazer sexo sem realmente sentir prazer faz com que percamos a conexão com quem somos, com a nossa essência. Com o tempo, o nosso corpo começa a reclamar, a manifestar-se. Por isso, pára, escuta, olha e sente-te!