Qualidade de vida também é qualidade de pensamentos, sinónimo da existência humana. Pensar é uma atividade contínua do cérebro, nem sempre consciente, tal como respirar, que continua a acontecer mesmo quando estamos a dormir. Estima-se que cada um de nós tenha dezenas de milhares de pensamentos por dia, um número que pode variar, mas que, seja como for, significa muito pensamento. E será que em tantos pensamentos todos podem ser considerados válidos? Ou sequer ter a mesma importância?
“Ela irritou-me.”
“Fiquei com raiva porque o meu chefe me repreendeu.”
“Ela fica chateada quando chove.”
Quantas vezes dizemos e ouvimos frases deste género? Mas, se questionarmos uma dessas situações em específico, podemos ouvir ou dizer alguma justificação do género: “Não fico com raiva porque o meu chefe me repreendeu, mas porque acho que está a ser injusto”. Ou seja, não são as situações que têm poder sobre nós, mas, sim, o que pensamos sobre essas circunstâncias. E, se repararmos bem, mesmo sem mudar nada à nossa volta, o nosso estado emocional pode alterar-se de acordo com o que pensamos.
“O que é que me está a passar pela cabeça? Será que é um pensamento útil?”
Nos momentos em que as emoções negativas são sentidas de forma intensa, pode ajudar questionar-se sobre o pensamento que está a ter. Quase sempre, pensamentos inúteis, ou que não devemos validar, levam-nos a querer controlar o que é incontrolável. Por exemplo: “Tenho medo que o meu filho caia e parta a cabeça”. Adianta passar o dia ansiosa/o com esta ideia? Altera alguma coisa? Não! Se não é útil e não traz nenhum benefício, talvez este seja um bom argumento para diminuir a importância e o impacto deste tipo de pensamentos.
Um pensamento inútil não tem de ser considerado uma verdade inquestionável.
Assim, é possível tirar força a este pensamento. E, consequentemente, isso ajuda-nos a lidar com a angústia ou ansiedade.
Os nossos pensamentos não definem quem somos.
As acções que decidimos tomar perante o que pensamos e sentimos é que têm um grande impacto. Por isso, é importante ter consciência da forma como lidamos e validamos os nossos pensamentos.