Qual é a medida da felicidade?

Ana Caetano // Agosto 23, 2020
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Numa aula de fim de curso o professor pergunta a uma sala cheia o que acha que as pessoas procuram quando vêm falar com o psicólogo. Foram ditas várias coisas: alívio de sofrimento, liberdade, autoconhecimento, falar à vontade, chorar… ao que o professor responde: “felicidade, nunca se esqueçam disto – as pessoas querem ser felizes”. Tenho comprovado ao longo dos anos o quanto esta afirmação corresponde à verdade. Mas… 

O que é a felicidade?

Os investigadores ainda não chegaram a acordo sobre uma definição única do que é a felicidade, mas arrisco citar um deles: Sonja Lyubomirsky. No seu livro “Como ser feliz”(2011) afirma que a felicidade é a “experiência de alegria, contentamento ou bem-estar, combinado com a sensação de que a nossa vida é boa, significativa e com valor”. Na sua investigação conclui que a medida da felicidade não é universal, sendo que cada um terá uma perceção desse estado – pelo que é muito importante o autoconhecimento na identificação do que nos faz sentir bem ou não. Neste sentido identificou as áreas que mais contribuem para essa medida individual de felicidade.

7 áreas que mais contribuem para a nossa felicidade:

  1. Rendimento individual suficiente para as nossas responsabilidades, uma vez que demasiado rendimento acrescenta stress à forma como o gerimos e protegemos esse rendimento;
  2. Status profissional, em que melhor do que um emprego bem remunerado, surge a importância de um reconhecimento social ou do próprio sobre o valor dessa atividade profissional;
  3. Saúde física – tão importante que dispensa explicações;
  4. Família, em que as relações até podem ser tempestuosas de tempos a tempos, mas em paralelo protegem, acolhem e acarinham;
  5. Relações sociais significativas, ou seja, amigos que nos ouvem, nos animam e nos vêm. É muito doloroso ter pessoas à nossa volta e sentirmo-nos sós;
  6. Valores morais no sentido de que a sensação de bem-estar sem um componente significativo torna-nos vazios, ligados ao prazer imediato que não perdura;
  7. Experienciar emoções positivas (agradáveis ou desagradáveis): todas as emoções refletem uma comunicação entre o mundo e a pessoa, traduzindo uma orientação para a nossa sobrevivência e/ou florescimento. Falar sobre a tristeza não é o mesmo que sentir a sensação de tristeza. Ao nos permitirmos sentir as sensações no corpo, permitimos que o significado dessas comunicações se torne explícito. Mergulharmos nessa onda de sensação permite o completamento dum processo neurobiológico onde acedemos ao nosso âmago/centro e contactamos com uma (ou várias) das seguintes sensações: Calma, Curiosidade, Conexão, (auto)Compaixão, Confiança, Coragem e Clareza.

Das áreas citadas uma apresenta-se como central no estado de felicidade: as relações sociais, uma vez que sem elas definhamos.

Reforço que cada um tem uma métrica própria da sua felicidade pelo que…

O autoconhecimento não é um luxo e, sim, uma condição necessária para a saúde mental e satisfação com a vida.” 

Alain de Botton

O caminho do autoconhecimento em matéria de felicidade é (ou pode ser) auxiliado com o recurso à realização de testes e questionários sobre a felicidade percecionada. No citado livro de Sonja Lyubormirsky encontramos vários, ou no site sobre psicologia positiva, muitos deles gratuitos, embora maioritariamente em inglês.

Ser feliz depende de cada um de nós.

No âmbito da investigação sobre felicidade é pacificamente aceite que 40% da nossa perceção de bem-estar depende diretamente da nossa ação. Algumas das áreas são mais fáceis de trabalhar do que outras, sem dúvida, mas o Caminho para lá chegar tem muitos mapas. Aqui a questão é fazermos esse caminho, persistentemente, de forma disciplinada. Sugiro um mantra: “uma tarefa de cada vez, uma hora de cada vez, um dia de cada vez e tudo se alcança”. Nunca antes na história da humanidade estiveram ao nosso alcance tantos recursos por isso: defina o caminho, prepare-se para a jornada e siga viagem. Boa sorte!

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