Quais são os limites do amor?

Inês Cortez // Fevereiro 14, 2022
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Quando pensa na palavra “limite” a que é que lhe soa? Parece-lhe algo restritivo ou potenciador? Sabia que no universo das relações a colocação de limites é o que as faz crescer? Mas, quais são os limites do amor? E quais são os diferentes papéis que desempenhamos nas relações?

Segundo a filosofia da Grécia antiga, existem quatro principais tipos de amor: o amor romântico (eros), que é diferente do fraternal, entre pais e filhos (storge), diferente do amor entre os restantes membros da família e amigos (philia), diferente do amor universal e divino (ágape). 

O amor é infinito, mas tem limites…

Limites bem definidos desenvolvem qualquer relação de forma saudável, seja amorosa, fraternal, profissional, de amizade ou até mesmo na relação que temos connosco. Se não souber o que para si é aceitável ou inaceitável, como poderá ter relações profícuas, que lhe façam bem? 

Respeitar os limites de cada relação é fundamental, storge, por exemplo, tem tendência a tornar-se philia mas, imagine que tocava os limites de eros, estaríamos perante incesto!

Comece por dar estes 3 passos para viver relações de qualidade:

  1. Autoconhecimento: saber o que nos faz felizes, o que aceitamos e o que não toleramos. Pense nos seus 3 inegociáveis e seja flexível em tudo o resto;
  2. Comunicação: saber comunicar da forma certa, para que o outro aceite e respeite; 
  3. Informação: Conheça os limites do outro. Não o que supõe que possa ser, é importante esclarecer com a própria pessoa.

Haverá, certamente, mais passos a dar para uma relação fantástica, mas se der estes 3, pode confiar que melhora substancialmente a qualidade dos seus relacionamentos e, quem sabe, evitar uma separação. Veja este exemplo: durante uma discussão de namorados, houve gritos e palavras impulsivas de uma das partes. Para a pessoa que gritou era aceitável fazer isto, porque estava chateada. O que ela não sabia era que estava a sair dos limites do aceitável para o namorado.  

Partir do pressuposto que os outros pensam como nós é um erro comum.

Para ele, gritar daquela forma era sinal de desrespeito e não era aceitável. Para ela, era sinal de zelo. Se ela soubesse, podia ter agido de outra forma ou ter mostrado interesse em não repetir. Mas, em vez disso, justificou a sua razão para reagir assim. Então, ele convenceu-se que eram incompatíveis e terminou a relação. Consegue identificar alguma situação parecida?

Todos temos os nossos limites, há pessoas que não investem em autoconhecimento e não conhecem os seus. E, assim, podem viver relações frustrantes!

Uns entendem-se, outros não, porquê? 

Numa relação, saber e fazer o que é importante para o outro, é fundamental. Não devemos relacionar-nos segundo as nossas regras apenas. Assim como, será da nossa responsabilidade, comunicar o que nos faz felizes e o que não é aceitável para nós. Esperar que o outro adivinhe pode ser um tiro no pé!

O amor é um dialeto, cada pessoa tem a sua linguagem.

Existem 5 linguagens de amor, segundo Gary Chapman:  

  1. Palavras de apreço;
  2. Ofertas;
  3. Toque físico;
  4. Tempo de qualidade
  5. Serviço pelo outro.

Para fazermos alguém feliz precisamos de demonstrar o nosso amor, dentro da linguagem do outro

Se adora comprar presentes e o faz com regularidade é provável que a sua linguagem primária seja “ofertas”. Sentir-se-á muito feliz quando fazem o mesmo consigo. No entanto, se o seu par valoriza o “tempo de qualidade”, não irá sentir-se verdadeiramente amado por si, apenas porque lhe deu um presente. O que mexe com o coração de alguém com a linguagem de amor “tempo de qualidade” são momentos agradáveis de real conexão, juntos. Olhos nos olhos, um jantar à luz das velas, fazer perguntas que demonstram interesse na sua pessoa e estar realmente presente faria o coração de quem ama palpitar por si de outra forma. É outra linguagem.

Para termos relações saudáveis e felizes precisamos de agir dentro dos limites do papel que desempenhamos em cada relação. Tendo em conta o comportamento emocional e físico.

Tentar assumir outro papel, que não é o seu, provoca conflito e desequilíbrio emocional em ambas as partes, mesmo que inconscientemente.

Dou-lhe um exemplo meu: devido à minha profissão, é-me difícil ouvir problemas sem entrar em modo coach. Este é um desafio para quem trabalha em desenvolvimento pessoal e, por isso, é fundamental que nos lembremos do papel que estamos a desempenhar em cada relação. De facto, sou a coach das minhas clientes. Sinto vontade de ajudar a minha família e amigos, mas só corre bem quando me pedem. Caso contrário, dou o meu melhor dentro dos limites do papel que tenho na relação com cada pessoa, como “mulher”, “amiga”, “irmã”, “filha”, “madrasta”, etc.. 

Acredito que a indefinição dos limites de cada papel é a causa da maior parte dos conflitos. 

Veja se reconhece alguns destes exemplos e se identifica algum momento em que entrou num papel que não devia: mãe é “mãe”, não é a “mulher”, nem a “amiga”, nem a “filha”. Quando as mães assumem outros papéis na relação com os filhos, o conflito é evidente. Assim como, também não corre bem quando os filhos desempenham o papel de “pais” dos próprios pais. 

Veja como se pode prejudicar ao assumir outros papéis: imagine uma professora que está a dar uma aula. O seu papel é ser clara na mensagem, despertar interesse e passar um bom conteúdo aos alunos. Se sair deste limite e decidir controlar o que o aluno faz, vai prejudicar o seu desempenho. Prestar atenção, é o papel do aluno, não da professora.

Os papéis que mais vejo serem confundidos são:

  • Mães que, com a melhor das intenções, entram no que é do âmbito da “mulher” dos filhos, acabando por prejudicá-los; 
  • Amigos que assumem o papel de “juízes” uns dos outros, ou que se confundem com “namorados”, prejudicando em ambos os casos a amizade;
  • Filhos que assumem o papel de “pais” dos próprios pais;
  • Casais, que assumem o papel de “juiz”, que condena as atitudes do outro, de “chefe”, que assume uma posição de superioridade; de “professora” que ensina e castiga; de “psicóloga” que interpreta tudo; e de “mãe” daquele que deve ser o seu parceiro, de igual para igual. E o papel de “parceria”, de “empatia”, de “acrescentar valor à vida do outro” e de “amante”? Nunca se esqueça, que é este o papel esperado numa relação amorosa. 

Quando trabalho isto com as minhas clientes, a vida afetiva delas muda da noite para o dia! É mágico!

Quais são os diferentes papéis que desempenha nas suas relações?

Não perca tempo, comece já a investir na qualidade das suas relações. 

Pergunte-se:

  • Que papéis estou a assumir na minha vida? 
  • Que papéis quero continuar a assumir, o que me faz bem? O que devo deixar?
  • Como quero ser em cada papel que desempenho? 
  • Quais são os meus limites? Até onde estou disposta a ir?
  • Alguém pisa o risco comigo quando faz o quê? 
  • Os meus limites estão bem colocados por mim ou preciso de os redefinir? 
  • Em vez de “mãe” da minha mãe, como posso ser melhor “filha”?

Pense em situações específicas. 

Não precisa de pegar no telemóvel e explicar os limites a cada pessoa da sua vida, basta que, no momento certo, se posicione e explique que aquela situação ultrapassa o que é aceitável para si. 

Evite os papéis que não são seus, para não perder tempo e energia para o protagonista da sua vida – o “autocuidado”.

Invista em si, invista no amor!

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