Com que idade começa a adolescência? E quando termina?
O início da adolescência está definido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) aos 10 anos, com diferenças entre rapazes e raparigas de cerca de 2 anos. Mas o final desta fase ainda é controverso: apesar de ser mais fácil fazer coincidir o fim desta fase de vida com o término da maturação física, a conclusão das tarefas da adolescência, como a autonomia e a identidade, não é tão óbvia… Parece seguro, porém, que a forma como o adolescente vive esta fase da sua vida e o seu próprio percurso individual serão determinante para a conclusão desta etapa… Mesmo em adolescentes do mesmo género, a maturação fisiológica e a psicológica podem ser assíncronas. Assim, não assuma para o seu filho capacidades que ele pode ainda não ter desenvolvido.
Neste período podemos ainda definir um subgrupo, a juventude dos 15 aos 24 anos. Neste caminho surgem desafios quer para os pais quer para os adolescentes.
Quais os desafios da juventude?
- Para o adolescente a transformação do corpo (imagem corporal), o despertar das emoções/sexualidade, a aquisição de novas ideias e capacidades cognitivas, a importância dos amigos/socialização, a mudança na interação com os pais e os projetos futuros trazem sentimentos ambivalentes, entre a novidade e vontade de descoberta, e os desafios/ dificuldades/ inseguranças.
O adolescente tem de recorrer a recursos externos e internos para superar essa dificuldade. Apoios como elementos da família alargada, treinador, professor, amigos ou grupos de jovens (escuteiros, de igrejas) são importantes. Contudo, os seus recursos internos são igualmente decisivos (autoestima, sentimento de pertença, valores positivos).
Para um adolescente, não ser aceite ou compreendido pode ter grande impacto no seu comportamento ou mesmo no seu processo identitário.
- Para os pais pode ser difícil acompanhar a velocidade das mudanças físicas, psicológicas e de comportamento do seu filho.
O comportamento do seu filho pode ser difícil de compreender, mas ele próprio não tem todas as respostas. Esta descoberta é feita de «mudanças abruptas» e imprevisibilidades. Sobretudo, esteja atento e disponível.
Como lidar com as mudanças da adolescência?
Estar a sós no quarto, não participar em atividades da família, “aparente substituição da família pelos amigos”, as saídas à noite, o despertar da sexualidade, a experimentação de drogas, as “mudanças no interesse escolar”. Afinal, como ajustar a dinâmica familiar e dar resposta a todas as novas solicitações?
Todas as crianças e adolescentes necessitam de regras e limites, essa contenção permite a autorregulação e gestão de emoções (ex.: gerir a frustração). Não tem de ser um muro para o exterior, escuro e estanque, mas uma cerca que progressivamente se torna mais fluída e que tem portas de abertura. A confiança, a segurança, os valores e a negociação/comunicação serão os fios dessa cerca.
Para dar resposta a todas as dúvidas, criei no meu livro “O Pediatra e Eu – Crescemos juntos”, capítulos sobre a aceitação dos filhos pelos pais, os sinais de alarme a que os pais devem estar atentos, drogas, uso Internet e telemóvel, sexualidade, saúde mental e tatuagens/piercings.
“O meu filho quer sair à noite. E agora?”
Por exemplo, nas saídas noturnas o que deve ser acautelado?
Regras de segurança a ter em conta nas saídas à noite dos adolescentes:
Telemóvel (forma de contacto);
Escutar (recomendações dos pais, nomeadamente a hora de chegada);
Estrada (viagem de ida e volta, prevenir acidentes);
Não (saber dizer não, antecipar riscos);
SOS (a quem e como pedir ajuda).
“O meu filho já vai para a Universidade. O que esperar desta nova fase?”
Já na fase final da adolescência e no adulto jovem surgem outros temas, por exemplo o ingresso na faculdade.
A saída de casa para a Universidade traz muitos desafios ao jovem e angústias aos pais. Podem ser adotadas algumas medidas antecipatórias como: escolher o local de residência, ensinar a gerir uma mesada meses antes da saída de casa, conhecer a gestão doméstica (compras e gastos mensais fixos, confeção de alimentos e seu armazenamento, cuidar do vestuário), conhecer pontos de referência na zona da futura residência (farmácia, polícia, centros de saúde, hospitais e supermercados), candidaturas a bolsas e apoios ou onde guardar valores (computador, Tablet, dinheiro…).
Para responder às questões dos pais decidi criar também um capítulo sobre este tema que ainda é pouco abordado. Resumindo-se no Passaporte da Autonomia.
5 questões a ter em atenção quando o seu filho ingressa no Ensino Superior:
- Gestão – gastos, tarefas, tempo de estudo e lazer, das emoções;
- Rede de apoio – amigos, família, namoro, crenças e espiritualidade;
- Autocuidado – higiene, alimentação, gestão emocional, sono, sexualidade, saúde;
- Projetos futuros – frequência escolar, trabalho, autonomia financeira, espaço próprio;
- Reflexão – antecipação do resultado de decisões, fazer escolhas autónomas.
Em que pode ajudar o especialista em Medicina do Adolescente?
O médico especialista em Medicina do Adolescente está habilitado a abordar diferentes temáticas ao longo de toda a 2.ª década de vida.
Trabalhar com adolescentes/adultos jovens e suas famílias é desafiante, mas extremamente enriquecedor. Exige uma intervenção individualizada e gosto de aprender com o outro, abrindo novos horizontes sobre o ser humano.
