Quais os impactos da progressão da Disfunção Temporomandibular?

Vera Pinto // Março 5, 2020
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A progressão da disfunção temporomandibular não é ainda absolutamente conhecida, uma vez que, condicionada pelos diversos factores externos que a  potenciam, tem mostrado evoluir de variadas maneiras em diferentes pacientes. Sabe-se, no entanto, que após o deslocamento anterior do disco inicia-se um processo artrósico que cursa com degeneração do próprio disco e cartilagem articular, bem como do osso.

O que é a Disfunção Temporomandibular?

A Disfunção Temporomandibular (DTM) é o termo usado para descrever o conjunto de afetações da articulação temporomandibular, dos seus músculos e nervos. E, geralmente, é caracterizada por subluxações do disco articular, ou seja, o desvio do disco da sua posição correta, ou apreensão do mesmo, durante o movimento da mandíbula. 

Quais são os sintomas da Disfunção Temporomandibular?

Os sinais e sintomas variam muito. No entanto, os mais frequentes são:

  • Dor – de cabeça, na face (maxilar, bochecha) ou ouvido;
  • Restrição de amplitude de abertura da boca;
  • Estalidos ao abrir a boca ou fechar.

O que pode acontecer com a evolução desta patologia?

  • A dor orofacial e cervical dá lugar a dores por toda a coluna e alterações posturais;
  • Os sintomas a nível de ouvidos intensificam-se com a presença de zumbidos e a sensação de perda de audição; 
  • Os estalidos dão lugar a bloqueios articulares;
  • A restrição de amplitude e mobilidade da boca leva a dificuldades ao nível da alimentação (mastigação de alimentos rijos e elásticos), restrições ao nível da fala, do sorriso e riso, entre outras atividades da vida diária e atividades lúdicas (por exemplo: tocar instrumentos de sopro pode tornar-se uma tarefa impossível).

5 estadios da Disfunção Temporomandibular:

De acordo com os sinais clínicos e imagiológicos dos pacientes que demonstram a evolução da patologia, foram definidos 5 estadios da DTM:

  1. Estadio 1 – Presença de estalidos sem dor no início da abertura ou no final do encerramento, sem restrições de mobilidade da mandíbula. Resultados imagiológicos indicam ligeiro deslocamento anterior do disco e descoordenação à medida que retorna à sua posição anatómica “normal”. Sem degeneração óssea;
  2. Estadio 2 – Presença de dor ocasional com o estalido, bloqueio articular intermitente e dor orofacial. Resultados imagiológicos mostram ligeira deformação do disco e ligeiro deslocamento anterior, mas que ainda regressa à sua posição “normal” na abertura máxima da boca, tal como no estadio 1. Sem degeneração óssea;
  3. Estadio 3 – Presença de dor orofacial e bloqueio articular mais frequentemente, já com alguma limitação de mobilidade da mandíbula. Resultados imagiológicos mostram claro deslocamento do disco e deformação moderada do mesmo. Os contornos ósseos continuam normais;
  4. Estadio 4 –  Presença de dor crónica e mobilidade da mandíbula limitada. Disco deslocado e marcadamente espessado, não regressa à posição “normal” na abertura máxima da boca. Inicia-se a degeneração óssea;
  5. Estadio 5 – Presença de dor crónica, crepitação, amplitude de movimento limitada significativamente. Grande deformação e espessamento do disco, deslocado e sem redução, bem como alterações degenerativas da articulação como abrasão da superfície articular e discal e espessamento do osso.

Quais as causas da progressão da Disfunção Temporomandibular?

Inúmeros são os factores que desempenham um papel na progressão da disfunção temporomandibular e nas alterações degenerativas associadas. Tais fatores incluem o ambiente físico (a existência de trauma físico e/ou infecção), o ambiente psicológico e emocional (stress, ansiedade, depressão), as condições individuais (alterações congénitas, bruxismo e sobrecarga funcional), entre outros.

Existe forma de aliviar os sintomas associados à Disfunção Temporomandibular?

Geralmente, nas fases iniciais da DTM as opções terapêuticas são não-invasivas, como a fisioterapiaosteopatia e a terapia com goteiras de descarga, mas à medida que a patologia vai agravando, o tratamento torna-se também mais complexo, obrigando a medidas minimamente invasivas como a infiltração, a artrocentese (cirurgia de “limpeza” articular) ou a artroscopia (cirurgia para reposicionamento do disco) ou até medidas invasivas como a cirurgia aberta para colocação de prótese da articulação temporomandibular.

Como chegar a um diagnóstico de Disfunção Temporomandibular?

Se reconhece em si alguns dos sintomas referidos acima, o primeiro passo é dirigir-se a um profissional de saúde especializado na área da DTM e dor orofacial, seja ele um Médico Dentista ou um Fisioterapeuta que o possa aconselhar e reencaminhar para a especialidade médica adequada.

Em consulta será avaliada a amplitude de movimento da mandíbula, a oclusão dentária, o estado da musculatura e a intensidade dos sintomas relatados. Cada paciente deve ser avaliado de forma individualizada e as estratégias de tratamento devem ser personalizadas para as características específicas da sua patologia em concreto, uma vez que cada disfunção é diferente. Assim, torna-se importantíssimo que valorize os seus sintomas e que procure um diagnóstico o quanto antes, para que o seu tratamento seja o mais simples possível.

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