Porque tenho mudanças de humor?

Cláudia Morais // Novembro 6, 2019
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Num momento está tudo bem, sentimo-nos enérgicos, cheios de motivação, no “topo do mundo” e, horas depois, estamos perdidos, inundados de tristeza e desânimo. Às vezes, o ciclo repete-se e damos por nós a pensar: “Porque é que eu tenho estas mudanças de humor? Será normal?”.

A resposta é: Depende! Todas as pessoas têm mudanças de humor, elas fazem parte das nossas vidas. É absolutamente normal que a meio do dia possamos sentir-nos animados e felizes e, mais tarde, estejamos cansados, desmotivados e cheios de pensamentos negativos. Mas, para algumas pessoas, as mudanças de humor são tão extremas, tão súbitas e tão sérias que acabam por interferir com o normal funcionamento do dia-a-dia e com a qualidade das relações.

Porque tenho mudanças de humor?

Às vezes, as mudanças de humor são um sintoma de uma doença mental. Noutros casos, podem ser um indicador de que algo se passa no nosso corpo. Quando as mudanças são intensas e comprometem o nosso quotidiano podem e devem ser tratadas por um profissional – médico ou psicólogo. No caso das mudanças leves de humor, muitas vezes bastam algumas mudanças no nosso estilo de vida para que consigamos observar melhorias significativas no nosso bem-estar.

Stress e ansiedade

Aquilo que nos vai acontecendo ao longo do dia pode condicionar – e muito – o nosso humor. Tanto é possível que tenhamos saído de casa relativamente cabisbaixos por estar um dia cinzento e, a meio do dia, recebermos uma boa notícia que nos deixe entusiasmados e felizes o resto do tempo, como pode acontecer que nos sintamos alegres e enérgicos pela manhã e que baste uma surpresa desagradável à chegada ao trabalho para arruinar o nosso humor para o resto do dia.

As pessoas que vivem sob muito stress, que são obrigadas a lidar com muitos imprevistos e aborrecimentos e/ou que não têm muitas oportunidades para descomprimir ao longo do dia podem estar mais expostas a estas flutuações. Se a tudo isto acrescentarmos a falta de sono, tão comum em pessoas que vivem stressadas, é ainda mais provável que haja uma grande reatividade às chatices e às surpresas do dia-a-dia.

Perturbação bipolar

Sempre que alguém me diz que tem sentido muitas variações de humor, surge a pergunta: “Será que sou bipolar?”. As pessoas com perturbação bipolar têm picos muito mais intensos e mais duradouros do que as vulgares mudanças de humor. Nestes casos, é comum que a pessoa se sinta “no topo do mundo” não apenas por algumas horas ou dias, mas antes durante várias semanas, como se estivesse imparável. Durante esse tempo, a pessoa tanto pode ser o rei ou a rainha da festa, mostrando um humor muito animado e uma capacidade de trabalho muito acima da média, como pode enveredar por caminhos mais destrutivos, em que gaste muito mais dinheiro do que deveria ou consuma muito álcool ou drogas. Invariavelmente, estes períodos (de mania) são seguidos de fases depressivas, que também não duram um ou dois dias, mas, sim, semanas ou meses, e em que a pessoa até pode não conseguir levantar-se da cama.

Depressão

Uma pessoa deprimida também pode ter alterações de humor. Pode acordar e sentir muita dificuldade para sair de casa e ir trabalhar, e acabar por sentir-se mais leve e até alegre ao final do dia. O denominador comum nestes casos, para além da maior reatividade aos acontecimentos do dia-a-dia, é a existência de sentimentos de tristeza intensa e desespero que durem pelo menos há mais de duas semanas.

Alterações hormonais

As nossas hormonas afetam a nossa saúde. Qualquer desequilíbrio hormonal pode trazer alterações à nossa saúde – desde queda de cabelo, a ansiedade, alterações de humor e alteração dos batimentos cardíacos. Estes desequilíbrios hormonais podem ser desencadeados por fatores genéticos, mas também pela nossa dieta, níveis de stress e exposição a toxinas.

O que posso fazer para acabar com as alterações de humor e ter uma vida com mais felicidade?

1. Prestar atenção ao dia-a-dia 

Adote o hábito de monitorizar as suas emoções ao longo do dia. Pode, por exemplo, tentar parar alguns minutos ao final do dia para identificar as emoções que mais sobressaíram. Procure ser específico(a) – por exemplo, utilize adjetivos como “entusiasmado(a)”, “nervoso(a)”, “ativo(a)” ou “alegre” em vez de termos evasivos como “bem” ou “mal”. Faça uma breve descrição dos acontecimentos que rodearam esses sentimentos – por exemplo, “senti-me triste com a resposta que o meu chefe me deu”. A ideia é prestar atenção aos fatores que estão a desencadear as alterações de humor, pelo que é muito importante que anote o número de horas de sono, o tipo de alimentação e a prática de exercício físico.

Muitas vezes, a mera monitorização do nosso dia leva-nos a constatar que é possível quebrar o círculo vicioso do stress implementando alguns hábitos mais saudáveis, como reduzir os níveis de açúcar e sal ou fazendo uma higiene do sono mais disciplinada.

2. Exercício físico

Mente sã em corpo são! Quantas vezes já ouviu esta expressão? Não é por acaso. O exercício físico não é bom apenas para o nosso corpo. A prática regular de exercício pode ajudar – e muito – a aliviar os sintomas da depressão e da ansiedade e contribui de forma muito significativa para melhorar a qualidade do nosso sono.

3. Reduzir (ou eliminar) a cafeína

Demasiada cafeína pode trazer sintomas semelhantes aos da ansiedade. Por outro lado, muitas vezes a cafeína é apenas uma forma de impormos a nós mesmos um ritmo de trabalho que é desajustado para o ritmo do nosso corpo e para a qualidade das nossas relações. Quando decidimos beber “só” mais um cafezinho para conseguirmos manter-nos despertos e adiantar trabalho ou ver mais um episódio da nossa série favorita, estamos a desrespeitar as necessidades do nosso corpo e a potenciar o aumento dos nossos níveis de stress e ansiedade.

4. Terapia

A terapia é a forma mais rápida e sólida de identificarmos os nossos padrões de pensamento e de implementarmos a mudança de comportamento de que precisamos. Ouvimos dizer com frequência que “quem quer mudar muda”, mas a verdade é que sozinhos nem sempre somos capazes de dar voz àquilo de que precisamos. O amparo e a experiência de um profissional especializado podem fazer toda a diferença e ajudar-nos a olhar para a nossa vida de forma muito mais otimista.

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