Certamente todos nós em algum momento já ouvimos a expressão “carência emocional”, muito utilizada para descrever estados emocionais, atitudes e comportamentos específicos frequentes. Dizemos que são “emocionais” porque tanto a sua criação quanto o seu preenchimento ocorrem na esfera emocional. Estes vazios metafóricos são comuns e, em regra, influenciam muito o nosso bem-estar, e a relação que temos connosco.
Poucos estados vitais são tão paralisantes quanto o vazio emocional. Apesar do “vazio” ser descrito como a ausência de algo, na psicologia, essa dimensão representa sofrimento, angústia e um mau estar profundo, acompanhado por uma sensação imediata de ser preenchido, quase sempre de forma disfuncional (com pessoas, comida, drogas, álcool, jogo, rituais…).
A frustração pessoal, a dor de uma experiência difícil, o fracasso, um trauma ou até mesmo o stress e a ansiedade podem, sem dúvida, configurar este estado. E esta insatisfação emocional desconecta-nos por completo do nosso “Eu”.
Podemos sofrer de “vazios emocionais” a vida inteira?
A vida é feita de mudanças, e as mudanças que ocorrem na nossa esfera pessoal mudam os nossos vazios. Seja criando novos vazios, ampliando aqueles que já existem ou amenizando-os parcialmente, porque, como sabemos, as nossas experiências de vida condicionam os nossos estados emocionais. Mas não, nós não temos e nem devemos viver a vida inteira com “vazios emocionais” ou não faria sentido sequer utilizarmos a palavra viver. Nós podemos responder às mudanças da nossa vida de uma forma tanto mais adequada e positiva quanto mais resilientes estivermos. E se, pelo contrário, estivermos vulneráveis, que é como nos deixam estes “vazios”, qualquer mudança mais desafiadora, só ampliará a nossa carência emocional. E o vazio cada vez vai ficando maior e maior e maior…
Como preencher o “vazio emocional”?
É preciso entendermos que o vazio emocional não é a ausência de algo, de ninguém, nem de nada externo. É uma ferida interna, um peso que asfixia, é uma carência no nosso âmago que não foi ainda suprida. Nem será por nada nem ninguém, senão por nós mesmos.
Entenda que não falta nada. A única coisa que falta é saber conectar-se com o seu “Eu” e para conseguir isso tem que saber escutar-se. Aprenda a deixar ir o que dói, o que magoa e o que gera o vazio emocional. Sempre que o “Eu” está rodeado por um denso e complexo barulho mental, ele é impedido de se curar. O barulho mental são os “Eu não posso”, “Eu não consigo”, “Eu não perdoo”, “E se não dá certo?”.
Preencher vazios emocionais com algo externo, é tornar permanente, é alimentar continuamente esse vazio. Porque tudo o que é externo é fugaz, temporário, impermanente. Então, aprenda a parar.
Escute-se.
Perceba no seu íntimo de onde vem esse vazio. Depois cuide de si, ame-se. O que quer que tenha acontecido, aceite. Viva no agora, é o único momento real da nossa vida. Só preenchendo o vazio consigo é que terá a certeza de que ele nunca mais voltará.E sabe porque consegue fazê-lo? Porque você é a única pessoa que se vai acompanhar do princípio até ao fim. Somos permanentes nas nossas vidas, por isso, se estabelecermos uma relação de amor connosco, nunca mais o vazio voltará. Porque nós nunca nos vamos faltar.