Há quase vinte anos, estava a terminar a minha licenciatura em Psicologia. Uma das formalidades inerentes ao facto de ser finalista era a bênção das fitas.
Na véspera, tinha chegado de uma pequena viagem, dormi pouquíssimo e teria sido mais fácil ficar em casa a dormir em vez de acordar cedo para assistir a uma missa ao sol, até porque muitos dos meus colegas de curso faltaram a esta celebração. O facto de me ter comprometido com a minha família impedia-me de faltar e, por isso, lá fui.
O dia foi surpreendentemente marcante para mim. Recordo, até hoje, a alegria partilhada com as pessoas que eram (e são) importantes para mim.
Anos antes tínhamos perdido o meu irmão e aquela foi a primeira grande celebração da nossa família. Felizmente, tirámos fotografias que eternizaram aquele dia tão feliz.
Lembramo-nos de celebrar as datas importantes – como os aniversários, o Natal, os casamentos e os batizados – porque nos habituámos a observar esses rituais nas nossas famílias.
Às vezes fazemo-lo quase em piloto automático e não paramos para prestar atenção ao que está por detrás destas celebrações e a tudo o que elas acrescentam à nossa vida.
Mesmo que não haja grandes acidentes de percurso numa família, ao fim de meia dúzia de anos de casamento nem tudo é um mar de rosas. Com ou sem filhos, todos os casais sabem que a vida real traz muitos desafios e dias cinzentos. Num dia estamos cansados porque nada parece correr bem em termos profissionais, no outro estamos zangados com a pessoa que escolhemos porque não prestou atenção àquilo que lhe pedimos.
Depois há alturas em que simplesmente nos sentimos engolidos pela carga mental que está associada a cumprir prazos, pagar contas, gerir uma casa, progredir na carreira e educar os filhos.
As celebrações são oportunidades que a vida nos dá para pararmos e valorizarmos aquilo (e aqueles) que temos.
Estes momentos, em que a maior parte das nossas rotinas dão lugar a uma pausa, para prestarmos atenção plena ao momento presente, promovem o nosso bem-estar e dão-nos energia para enfrentar os dias mais difíceis.
Quando aprendemos a parar para celebrar o facto de um cliente nos ter dito “Sinto-me muito grato pela sua ajuda” ou por termos sido capazes de ajudar um filho a recuperar a nota de matemática – mesmo que seja “só” com uma chávena de chá no escritório -, habituamo-nos a recarregar baterias para os dias de maior stress.
E, como se tudo isto não bastasse, as celebrações são uma das mais sólidas formas de estreitar os laços afetivos. Elas dão-nos a sensação de pertença, a oportunidade de nos sentirmos especiais e de mostrarmos às pessoas que amamos quão especiais elas são para nós. Ajudam-nos a criar memórias positivas, a manter viva a nossa história e a transmiti-la às novas gerações.