Querer praticar parentalidade consciente quer dizer que o nosso principal foco como cuidadores das crianças neste mundo é a nossa própria transformação. Transformação essa que poderá permitir que as crianças cresçam como a pessoa que são, em todo o seu potencial e com boas condições e boa preparação para funcionar e viver em sociedade.
O principal poder na relação pais e filhos está do lado dos pais. Uma mãe, um pai, um educador consciente assume total responsabilidade por esse poder que detém. A qualidade das relações entre as criança e os principais adultos na sua vida determinam praticamente a sua felicidade, a sua saúde, o seu bem-estar e o desenvolvimento da sua auto-estima – o sistema imunitário social.
Saber intenções e criar relações
Quando praticamos a parentalidade consciente a nossa parentalidade tem uma intenção clara. Essa intenção não tem a ver com as expectativas que temos em relação ao nossos filhos, mas com quem queremos ser na relação com eles para poderem florescer como o ser que vieram cá para ser. Neste processo prestamos atenção a como o nosso comportamento como pais afeta a auto-estima dos nossos filhos e a satisfação das suas necessidades emocionais. Não somos permissivos, somos atentos e flexíveis. E, sabemos que a solução para os nossos desafios está em nós e na relação que estamos a criar com a criança.
A única forma de criarmos relações conscientes com os nossos filhos e de nos conhecermos bem a nós mesmo é aceitando a nossa inscrição no melhor curso de desenvolvimento pessoal no mundo que é a parentalidade. Se não cuidarmos da nossa vida interior, se não entendermos as nossas emoções e as nossas reações, as crianças vão conseguir desafiar-nos até ao limite e a criação de uma relação saudável e consciente será impossibilitada.
Comportamento como comunicação
Na parentalidade consciente o foco é retirado do comportamento como algo a corrigir. Em vez disso olhamos para o comportamento como uma forma de comunicação de necessidades. Tudo o que fazemos, fazemos para satisfazer necessidades fisiológicas ou emocionais. Às vezes, nem nós nem os nossos filhos conseguimos fazer essa comunicação de uma forma saudável. A nossa tarefa para pais é satisfazer as necessidades dos nossos filhos (e isso é diferente de satisfazer desejos) e guiá-los na forma de comunicarem as necessidades. E, para podermos ser bons guias, temos ser bons exemplos do comportamento que gostaríamos de ver. Temos de ser líderes, mentores e pais maduros, conscientes e presentes para educarmos crianças resilientes, felizes e saudáveis.
Mindfulness e ciência na base
É por isso que a prática de Mindfulness é tão importante na parentalidade consciente. E, somos nós pais que o temos de praticar em primeiro lugar. A pesquisa ligada aos benefícios de Mindfulness e Mindfulness na parentalidade, as descobertas na neurociência, a teoria do vínculo e também a teoria da autodeterminação na área da psicologia, criam, juntamente com ainda mais investigação, a base científica para a parentalidade consciente.
Um pai, uma mãe, um cuidador consciente, não é perfeito. Nem procura a perfeição. Entende e aceita que é perfeito na sua imperfeição. E, permite ao seu filho ser o mesmo. Vulnerabilidade e coragem são ingredientes diários da vida consciente, onde no fundo, no fundo, está a busca de uma forma de criar um mundo melhor.
Nota: Fotografia de Anna Kolosyuk.
