Apesar de ser um assunto já muito falado e disseminado por várias frentes, ainda são muitos os que acabam por não entender a 100% a importância desta camada, presente na nossa atmosfera. Por isso, neste Dia Mundial para a Preservação da Camada do Ozono, partilhamos contigo o que é o ozono, como surge, porque surge, o estado atual e a necessidade que temos de manter e conservar esta nossa camada.
Mas, “Ozono” não é uma banda? Se estás a imaginar três rapazes excêntricos a dançar numa asa de avião, provavelmente estás a pensar nos “O-zone”, a banda de música eletrónica da moldávia que nos hipnotizou a todos com as suas músicas e coreografias. O certo é que a discografia deste Ozono é bem menos cómica e divertida. Mas, comecemos pelo início: o que será esta camada?
O que é a camada do ozono?
Prontos para uma miniaula de físico-química? Vamos a isso!
Basicamente, o Ozono (O3) é uma molécula natural que se cria, maioritariamente, a partir da divisão de moléculas de oxigénio comuns (O2) pela absorção de energia dos raios ultravioletas provenientes do sol.
Das 6 camadas que existem na atmosfera, a maior concentração de ozono do planeta encontra-se na estratosfera – a 2ª camada – entre 15 a 30 km acima das nossas cabeças.
Num estado natural, a camada do ozono mantém-se estável. Ao mesmo tempo que estas moléculas (O3) se criam, acabam também por reagir com óxidos nitrogenados (NO e NO2) presentes na atmosfera e são dissolvidas novamente em O2: é este ciclo que “manteria” a camada constante, sendo estas moléculas de O3 criadas e destruídas simultaneamente.
Com mais de 3000 substâncias na atmosfera porque nos interessa tanto esta?
Muitos referem-se a esta camada como “o protetor solar da terra”, contudo, acaba por ser bem mais do que isso: esta camada é o que permite (e permitiu) que a vida na terra, de facto, exista. A sua principal função é absorver os raios ultravioletas prejudiciais provenientes do sol, absorvendo 98% destes raios nocivos e tornando o planeta habitável para todos.
As consequências de um filtro menos protetor seriam desastrosas. Se uma certa quantidade de alguns raios ultravioletas chega a ser benéfico para corpo humano – produzindo vitamina D – estar sujeito a estas radiações sem qualquer proteção levaria ao aparecimento de mais casos de cancro de pele, deformações, atrofia e mesmo cegueira (cataratas), assim como a diminuição das defesas imunológicas dos nossos organismos. Segundo as Nações Unidas para o Ambiente, estima-se que a diminuição de 1% na espessura desta camada teria como efeito o aumento de 3 a 6% no aparecimento de casos de cancro de pele.
Esta radiação também teria um efeito direto na fauna, flora e ecossistemas do planeta. Em primeiro lugar, este aumento de radiação favorece o aquecimento global (com todas as consequências que advém desta alteração de temperaturas). Em segundo, este aumento pode ainda levar à diminuição da taxa de crescimento de plantas e florestas, menos colheitas, redução das espécies piscícolas (pela diminuição da produção do fitoplâncton de superfície) e aumentar a degradação de plásticos e outros materiais – tendo efeitos muito prejudiciais à qualidade de vida das espécies e população mundial.
E, o que é o buraco do ozono?
Na realidade, não se trata de um “buraco”, mas, sim, de uma diminuição de espessura acentuada da camada do ozono, especificamente detetável na zona da Antártida.
Se as reações químicas de regeneração da camada aconteciam de forma relativamente natural, a partir dos anos 60 entrou um novo elemento na equação e as coisas mudaram de figura.
Com a inclusão de frigoríficos, ambientadores de spray, desodorizantes e ar condicionados nas nossas vidas, começámos a lançar para a atmosfera gases CFC – também conhecidos por Clorofluorcarbonetos – de forma massiva. Se ao nível do mar estes gases não são tóxicos, quando sobem à estratosfera acabam por se dividir por ação da radiação solar, libertando átomos de cloro. Estes átomos de cloro conseguem roubar átomos de oxigénio às moléculas de Ozono (O3), criando monóxido de cloro, destruindo a camada e tornando-a mais fraca.
Mais preocupante ainda é o poder catastrófico de apenas um átomo de cloro: ao desintegrar uma molécula de O3 através da ligação a um átomo de oxigénio, volta a degradar-se por ação da energia do sol e torna a repetir o processo, juntando-se a um outro átomo de oxigénio de uma outra molécula – um único átomo de cloro consegue destruir até 100.000 moléculas de Ozono.
Com 90% dos CFCs da atmosfera emitidos pelos países industrializados do hemisfério norte, chegámos a produzir cerca de 1 milhão de toneladas de CFC por ano, que viajavam por vários pontos do planeta e se acumulava nos polos norte e sul (especialmente no sul). Na Antártida, pela maior concentração de CFCs, menores temperaturas (que favorecem a destruição da camada) e a fraca renovação de ar, começaram a verificar-se espessuras realmente preocupantes – hoje, o buraco da camada do ozono tem cerca de 28 milhões de km² (300 vezes o tamanho de Portugal).
Estamos em perigo?
Com o protocolo de Montreal (1987), que proibiu a produção de CFCs, assinado por todos os membros das Nações Unidas, a situação controlou-se: hoje usamos 80% menos substâncias nocivas para a camada do ozono e a comunidade científica prevê que em 50 anos a camada se regenere e volte à sua espessura dita “normal”.
Se por um lado, em 2017, o buraco do ozono registou o menor tamanho desde 1988, por outro, os gases que substituíram os CFCs nos anos 90, apesar de não terem um impacto direto na camada do ozono, continuam a ser gases de efeito de estufa (em muitos casos, mais nocivos do que o tanto falado dióxido de carbono).
Se podemos considerar o buraco da camada do ozono quase “fechado”, a emissão de gases que provocam o aquecimento global continua maior do que deveria e parte dos problemas que este buraco nos traria, continuarão a surgir (se nada fizermos).
Se o protocolo de Montreal foi a prova de que quando a comunidade se junta por um propósito os resultados acabam por surgir, também agora, 30 anos depois, há que tomar ações e unir esforços para que a mudança ecológica seja possível e eficiente.
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