“Eu deixei de planear, nunca consigo cumprir nada do que planeio e isso deixa-me frustrado!” Se esta frase te é familiar, convido-te a ler este artigo.
Vou começar por te relembrar os benefícios de um planeamento consciente e consistente, ou seja, um planeamento realista tendo em conta as tuas necessidades e capacidades:
- Poupar tempo de execução;
- Organizar as tarefas pendentes e a rotina;
- Aumentar a consciência do que há para fazer e consequente motivação;
- Reduzir o stress devido a atividades acumuladas;
- Melhorar a qualidade de vida;
- Maior abertura para o tempo livre, autocuidado e tempo em família;
- Aumentar a produtividade com propósito;
- Visualizar com clareza os objetivos cumpridos.
No entanto, convém reforçar que planear é definir antecipadamente um conjunto de ações ou intenções, e, como tal, não é algo definitivo ou vinculativo. Estamos a falar de um conjunto de intenções que podem ser alteradas, não só por decisão própria, mas também por circunstâncias externas, os chamados imprevistos.
Porque é que lidamos tão mal com os imprevistos?
Os motivos são vários, mas destaco o excesso de auto-exigência, a sobrecarga constante que vivemos atualmente, que não nos permitem planear de forma consciente e consistente, mas também uma visão enviesada do que é o planeamento.
Recuemos uns bons 30 anos no tempo…
Há 30 anos atrás sempre que alguém queria fazer uma viagem de carro e não estava familiarizado com o caminho, consultava um mapa em papel e fazia o planeamento da mesma. No entanto, os mapas em papel não facultavam informações, que hoje estão à distância de um clique em qualquer smartphone, tais como se a estradas escolhidas estão operacionais ou se era necessário fazer um desvio ou uma paragem a meio. Ou seja, era planeado um percurso inicial, mas bastava haver um imprevisto na rota definida para que o plano inicial tivesse de ser reajustado. Bom, é aí mesmo que quero chegar, à necessidade de reajustar todo e qualquer planeamento definido, porque mesmo com toda a tecnologia disponível atualmente, é impossível prever todos os imprevistos que podem acontecer no nosso dia-a-dia, o que nos leva a não dar conta do inicialmente definido.
Então, como podemos lidar melhor com os imprevistos do dia-a-dia no que diz respeito ao planeamento?
Em primeiro lugar temos que aceitar que um planeamento é só um planeamento, não é vinculativo e/ou obrigatório. Estamos somente na posse de um conjunto de intenções, que nos vão orientar e guiar, mas que podem e devem ser ajustadas ao momento atual, de acordo com as necessidades e capacidades no momento.
Em seguida quero relembrar-te da importância de sermos mais conscientes das nossas capacidades, limitações e nível de influência. O que eu quero dizer, é que basta de ambicionamos sermos perfeitos, basta de sermos exigentes connosco mesmos, de forma desmedida. Há que olhar para nós de um lugar de autocompaixão e aceitar que somos só humanos, e, como tal, a perfeição é algo que nunca iremos alcançar. Além de que os imprevistos fazem parte da vida e nós controlamos muito menos do que aquilo que supomos!
Mas tudo isto não é necessariamente um problema, mas, sim, uma oportunidade de reajustar, de aprender, de evoluir e de viver. Porque escolher é o nosso maior super poder, e, como tal, podemos sempre escolher como vamos reagir ao que nos acontece, mesmo aos imprevistos.