Orientação vocacional - Como será o futuro dos nossos jovens?

Carolina Champalimaud // Março 31, 2020
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“Desejei tantas vezes que isto acontecesse… que o mundo parasse!”

Este “pensamento mágico” surge em jovens com níveis elevados de ansiedade de desempenho, que frequentemente sentem dificuldade em lidar com as exigências próprias, que o ensino secundário e superior lhes colocam:

  • “Qual a melhor escolha para mim?”
  • “Opto por uma área ou curso do meu interesse, ou por um que me forneça mais hipóteses de ter uma vida estável e confortável financeiramente?”
  • “Tantas opções que me deixam ainda mais confuso!”
  • “Os meus pais dizem que tenho que ser eu a escolher.”
  • “É tão difícil fazer uma escolha que irá determinar o meu futuro profissional.”
  • “Terei a média necessária para entrar no curso dos meus sonhos?”

Muitas vezes estas dúvidas e incertezas revelam uma ausência de um período de verdadeira reflexão e exploração das suas características pessoais, interesses, ofertas formativas, saídas profissionais e mesmo do funcionamento e regras aplicadas nestes dois níveis de ensino.

Esta preocupação com a escolha de um percurso futuro leva a que alguns jovens procurem de forma autónoma um processo de Orientação Vocacional, sobretudo a partir do 11.º, 12.º ano e cada vez mais surgem pedidos de alunos do ensino superior.

Nesta fase do ano letivo, e devido ao estado de emergência, a maioria dos alunos do 9.º ano poderá não ter acesso aos testes psicotécnicos realizados nas escolas. Os alunos do ensino secundário, frequentemente, estão ainda com muitas dúvidas quanto às opções a tomar após a conclusão do ensino obrigatório.  

Esta pausa das férias da Páscoa é um momento em que podem aproveitar para desenvolver algumas atividades que ajudem a fazer uma escolha o mais informada possível.

Como potenciar o autoconhecimento?

Se tem algum filho/a e/ou conhece algum/a estudante que esteja nesta situação, saiba que o pode ajudar. 

Ficam aqui algumas questões para ajudar a potenciar o autoconhecimento:

  • Quais são os meus interesses?
  • Quais as minhas disciplinas favoritas?
  • Quais são os meus talentos?
  • Como é que o meu trabalho na escola e os meus hobbies me estão a ajudar a conhecer melhor?
  • Quais as minhas áreas de competência?
  • Prefiro trabalhar de forma individual ou em grupo?
  • Prefiro trabalhar em que tipo de ambiente?
  • Compara diferentes carreiras. Quais incluem as coisas de que mais gostas?
  • Como posso manter as minhas opções em aberto? Que disciplinas ou cursos me permitem uma maior escolha para diferentes carreiras?

Deixo ainda algumas sugestões para potenciar o autoconhecimento destes jovens:

  • Segue profissionais que admires. Analisa entrevistas, comunicações e acompanha as suas redes sociais;
  • Trabalha nas tuas soft skills: capacidade de comunicação, de escuta, pensamento criativo, trabalho em equipa, flexibilidade, empatia, resolução de problemas, pensamento crítico, entre outros;
  • Avalia frequentemente:
  • O que é que eu gosto?
  • O que é difícil para mim?
  • Como posso desenvolver as minhas aptidões e melhorar?

Sugestões de sites portugueses para a exploração de alternativas de carreira:

  • Aceder ao site da Direção-Geral de Ensino Superior (DGES) e analisar as áreas que ponderas para prosseguimento de estudos a nível superior. O que importa verdadeiramente nessa análise: saber quais as provas de ingresso de cada faculdade, média do último aluno colocado no ano letivo anterior, aceder aos sites das faculdades e analisar planos de estudo e saídas profissionais. Colocar vantagens e desvantagens de cada hipótese;
  • Consultar o site Design The Future para analisar entrevistas a profissionais;
  • Consultar o site Inspiring The Future. No separador agenda podes aceder à calendarização dos dias abertos das faculdades, bem como das datas mais relevantes no acesso ao ensino superior: prazo para inscrição em exames, realização dos pré-requisitos, exames, período de candidatura.

Sugestões de leitura para este período de quarentena:

  • Outliers – A história do sucesso de Malcom Gladwell;
  • Grit – O poder da Paixão e da Perseverança de Angela Duckworth.

Sugestões para quando voltarmos à normalidade:

  • Frequentar os dias abertos das faculdades;
  • Realizar entrevistas a profissionais e a estudantes no ensino superior;
  • Realizar estágios de observação;
  • Adquirir competências de trabalho: voluntariado jovem promovidos pelas câmaras municipais ou trabalhos em part-time;
  • Planear um ano sabático. É um período entre o final do ensino secundário e a faculdade ou entre a faculdade e a entrada no mundo do trabalho. Tem como objetivo desenvolver o crescimento pessoal, maturidade e independência e onde poderão ser potenciadas as soft skills. Pode implicar uma viagem, fazer voluntariado, dar aulas, conhecer uma cultura nova e aprender uma língua. 

Independentemente do que irá ser comunicado pelo Ministério da Educação, no próximo dia 09 de Abril, em relação à realização dos exames nacionais e às condições de acesso ao ensino superior, os jovens não devem deixar as suas vidas em suspenso. Neste período de quarentena ganhamos todos mais tempo! É uma oportunidade única para os jovens refletirem sobre o seu percurso escolar, melhorarem hábitos e técnicas de estudo e ainda pensarem em áreas a desenvolver.

Mantermo-nos ocupados nesta fase é essencial para impedirmos sermos dominados por pensamentos mais ansiosos ou deixarmo-nos levar pelo ócio.

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