Órgãos sexuais femininos: O que nunca teve coragem de perguntar?

Lisa Vicente // Fevereiro 16, 2021
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órgãos sexuais femininos
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Informação é poder. Em qualquer área do conhecimento ou intervenção. É assim também com o nosso corpo. E, por isso, é tão frequente a procura de informação sobre saúde, equilíbrio e bem-estar. Porém, existem temas mais difíceis de abordar. Falar sobre órgãos sexuais e sexualidade pode ter dificuldades acrescidas: a resistência social e pessoal em tratar temas que são considerados da esfera da intimidade. Mas é bom e útil mudar este paradigma. 

Reuni algumas questões sobre órgãos sexuais femininos que me colocam várias vezes em consulta, pessoas com vulva e vagina, de todas as idades. Com a informação correcta, terá mais poder para viver melhor com o seu corpo e a sua sexualidade. 

Estas são as tais questões que nunca teve coragem de perguntar sobre órgãos sexuais femininos: 

. Conheça bem as diferenças

É frequente encontrar-se alguma confusão no uso dos vários termos, por isso é bom começar por clarificar as designações. 

É possível que já tenha ouvido dizer: “Assim como os rapazes têm pénis, as raparigas têm vagina”, mas não é verdade. O órgão genital externo na mulher é a vulva. A vagina é um órgão interno, que se estende da vulva até ao útero. A vulva é constituída pelos grandes e pequenos lábios, clítoris e o introito (entrada da vagina). Não tenha receio de utilizar os termos certos: é o primeiro passo para conhecer as características destes dois espaços muitas vezes confundidos.

Os órgãos sexuais são muitas vezes utilizados como sinónimo de órgãos genitais. Mas também pode encontrar esta expressão para designar todo e qualquer órgão que participa na vivência da sexualidade. E incluir, para além dos genitais, também o cérebro, a pele e os nossos sete sentidos. 

. Somos todas iguais? 

Tal como as outras partes do corpo, os genitais são únicos para cada pessoa. Diferentes de todas as outras que existem. Assim como não há mãos ou olhos iguais. 

Muitas mulheres nunca viram outra vulva, porque, pela sua localização, mesmo quando vêem outra mulher despida, ela não é visível. Devido à sua posição permanece escondida, oculta. Por isso, a imagem que a maioria das pessoas tem de uma vulva provém de um livro de biologia ou de imagens online, esquemáticas ou com photoshop. O que as torna pouco reais, sem contemplar a diversidade que existe na natureza. 

. “Eu acho que sou diferente.” / “Será que sou normal?”

Muitas mulheres vivem com tristeza ou até vergonha porque se comparam com estas imagens e sentem-se inseguras da sua “normalidade”. Saiba que existe uma enorme variedade de formas de vulva. Nenhuma “menos normal” que a outra. Tal como todas as nossas caras são diferentes. É nisto que consiste a nossa individualidade – “somos pessoas únicas”. Este simples conhecimento pode mudar toda a vivência pessoal e sexual. 

. É possível ter pequenos lábios maiores que os grandes lábios? 

Sim, e até é frequente. Os pequenos lábios têm uma grande variedade no que diz respeito à forma e à dimensão. Podem ser pregueados e longos sem que isso seja “menos normal”. Podem ser assimétricos. Tal como acontece com as mamas, mas que não estranhamos porque vimos ou ouvimos falar que esta variação é frequente. 

. Não sangrei na primeira relação sexual. É normal?

O hímen é uma prega de mucosa que recobre a abertura da vagina. Apesar de ser frequente sangrar com a primeira penetração vaginal, é possível que isso não aconteça. Nada significa de importante ou grave, nem que a penetração não tenha acontecido. Apenas que o hímen cedeu sem que tenha “apanhado” um vaso sanguíneo. Pode sangrar nas relações seguintes, ou nunca. No entanto, se posteriormente sangra durante as relações sexuais, deve consultar um médico/a. 

. Um “pequeno botão”: é ainda esta a imagem que tem do clítoris?

O clítoris parece frequentemente nas imagens como um “pequeno botão” recoberto por uma prega a que se chama prepúcio. Vários estudos científicos já demonstraram que o clítoris é um órgão muito maior, constituído por várias porções que envolvem a entrada e a porção inicial da vagina, a zona infra-uretral (por baixo da uretra) e que se estendem em profundidade nos grandes lábios. É uma estrutura extremamente vascularizada e inervada, que responde reflexamente aos estímulos sexuais e eróticos durante a fase de excitação. 

É importante saber que existe uma estrutura que responde a estímulos sexuais e que é muito maior do que apenas a glande do clítoris visível. Isto ajuda a perceber que existem várias zonas que podem ser estimuladas, na vulva e na vagina durante a resposta sexual, para além do clítoris.  

O que é surpreendente é que o clítoris foi descrito pelos anatomistas do século XIX (Testut e Laterjet, 1887) como uma estrutura mais extensa do que o visível, constituída pela glande, prepúcio, corpo e raízes. No entanto, este conhecimento, ficou perdido algures nos séculos seguintes… Pois, saiba que até a Organização Mundial da Saúde (OMS) já incorpora este conceito nos seus documentos mais recentes. Por isso, há que continuar a divulgar para que esta informação seja útil e enriquecedora para mais pessoas

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