O stress e a saúde dos ombros

Pedro Mendes // Setembro 5, 2018
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Este artigo é para todas as pessoas que têm vidas stressantes… somos bastantes! Mas, é também para todas as pessoas já tiveram, têm ou vão ter problemas nos ombros… somos mesmo muitos!

O stress.

No caso do stress falamos dele como parte integrante do nosso dia-a-dia como se fosse normal e expectável. Não há problema caso sejam situações pontuais durante o dia, chamadas de agudas, mas quando se arrastam pelo dia fora, pela semana, pelos meses, pelos anos, aí a situação é de alerta. De um estilo de vida comandado por níveis de stress sobre-humanos para Síndrome de Burnout, pode ser num piscar de olhos.

Neste artigo, falei de stress ocupacional, Síndrome de Burnout, e efeitos na saúde física e mental do próprio, e de como este vai estar nos seus diferentes contextos, mas também no custo financeiro e humano na Europa de hoje (recordar o valor que há registo: 215 biliões de euros anuais só na Europa, sem falar no sofrimento de milhões de pessoas associado a esta síndrome).

O que é que tem o stress a ver com a saúde do ombro?

Aparentemente nada, mas tem tudo.

A ativação dos músculos atrás no pescoço, os trapézios, em resposta a uma situação de stress, é uma consequência natural de réplica. Não terá problema nenhum se durar meros minutos durante o dia. O problema vem do nosso constante estado de alerta e stress que nos coloca com os ombros “nas orelhas” horas sem fim. Não só a pressão nas articulações do pescoço é enorme como a articulação do ombro fica fora da sua posição natural. Este cenário aliado a uma constante fuga ao fortalecimento da musculatura das costas como apoio ao braço e do próprio braço, o cenário agrava.

Há 10 anos atrás apareciam nas minhas aulas casos esporádicos de problema de ombro em idades acima dos 45 anos (mais comuns nas mulheres). Hoje são raros os alunos que chegam pela primeira vez às minhas aulas que não tenham tido ou estejam a passar pelo frustrante e penoso processo de lesão no ombro ou ombros (com casos com apenas 25 anos de idade, e menos, já com grave descondicionamento da musculatura circundante à articulação do ombro, braços e costas, ou em lesão). Assustador!

Uma forma simples de evitar esta subida dos ombros é puxar as omoplatas para baixo (pode fazer bastante força…) e contrair a parede abdominal para dentro e para cima. Mas, nada como desenvolver os músculos responsáveis e ter o controlo sobre esta ação para fazer frente à resposta física de stress – subida dos ombros.

Soluções simples para o stress: 

  • O que, normalmente, proponho aos alunos é numa primeira fase fazerem um portfólio (mental ou escrito) das situações que causam stress. Esta tomada de consciência é o ponto de partida para qualquer solução que procurem aplicar em seguida;
  • Depois de identificarem as situações peço para identificarem o que estão a sentir com estes picos de energia;
  • No passo seguinte recomendo que a tomada de consciência seja direcionada para as respostas do corpo ao stress, entre elas as mais comuns são os ombros tensos na direção da cabeça, testa franzida e respiração acelerada e descontrolada (podendo despoletar episódios agudos ou prolongados de ansiedade);
  • Na fase seguinte convém regular o sono, a alimentação e aconselho a aumentar a prática de exercício (Yoga ou outra qualquer) e aceleramos a velocidade das aulas de Yoga para regular o metabolismo e colocar os valores hormonais em níveis mais aceitáveis, pressão arterial com valores mais baixos ou, o mais importante nestes casos, deter o controlo da respiração. Aprendem a aumentar o tempo e volume de inspiração e expiração mesmo com o stress aplicado pela velocidade. Sabemos que a alteração é apenas resposta automática ao stress, mas também sabemos que o contrário também acontece, controlar a resposta da respiração também acalma o fenómeno despoletado pela situação;
  • Por fim as ferramentas de atuação sobre as situações de stress do seu dia-a-dia têm de ser praticadas no máximo de vezes possíveis, tanto em cenário controlado de aula, como na vida real. Sabemos que não é possível dar resposta eficiente a todas as situações de stress num curto espaço de tempo, mas a médio-longo prazo pode ser a salvação da pessoa ou numa fase mais avançada pode ser um acelerador de produtividade perante as tarefas com probabilidade maior de sucesso e baixa de sensação de stress (fechar coisas pendentes devolve uma sensação de controlo fantástica).

Neste vídeo, proponho um grupo de exercícios que podem ser o início deste caminho de resposta ao stress e lesão dos ombros.

A velocidade de execução pode ser aumentada com o aumento da mestria das posições (vá com calma, parece mais fácil do que é na realidade) bem como a intensidade da respiração.

Não esqueça que ao acompanhar este vídeo não terá supervisão, por isso se quer passar pela experiência e explorar o potencial desta prática venha até ao estúdio para não fazer este caminho na solidão.

Tome consciência de si e do que faz, e tome rédea da sua vida, do seu corpo, da sua mente e das suas emoções. 

Costumo incentivar os alunos nas aulas a tomar consciência de si e do que faz e a tomar rédea da sua vida, do seu corpo, mente e emoções. Faça isso e vai ver que pouco a pouco vai usar o stress a seu favor, vai aprender a gostar dele, a usá-lo para andar na direção da autorrealização e com baixo impacto na sua saúde.

Faça Yoga e sinta controlo sobre a sua vida seja qual for a situação que lhe apareça.

Nota: Fotografias por Verónica Silva.

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