O Padre João Luís acompanha-me há 4 anos. Conhecemo-nos no programa “A Tarde É Sua”, quando, no dia dos meus anos, veio falar da sua devoção a Nossa Senhora. Adorei conversar com ele e perceber a forma mágica como falava da Mãe de todos nós.
Mais tarde, depois de uma visita à Terra Santa, enviou-me uma pequena lembrança, que tocou o meu coração. Liguei-lhe a agradecer e, a partir daí, nunca mais nos separámos.
É com ele que gosto de falar das questões de fé, do amor a Jesus e a Nossa Senhora. É com ele que partilho algumas dores, sabendo que tem sempre a palavra certa para aquietar as minhas angústias. E, foi por tudo isto que em Outubro passado lhe pedi para fazer comigo uma peregrinação a Fátima.
A experiência foi muito intensa para nós os dois e para todo o grupo, razão pela qual este ano voltei a pedir-lhe o mesmo. Nos três dias em que caminhámos, uma das coisas que privilegiámos, foi o silêncio.
Pedi ao Padre João Luís, que me falasse da importância do silêncio. Ao ouvir as suas explicações, achei que valia a pena partilhá-las convosco. Aqui fica, contada pelo Padre João Luís, a sua visão do silêncio. Leiam e aproveitem a riqueza do silêncio.
O silêncio que me escolhe
“A vida humana é feita de silêncio interior e exterior, é oxigénio no pulsar do dia-a-dia, na agitação da vida ou na serenidade dos sonhos vividos ou ainda sonhados. O silêncio interior é sempre um ‘presente’, lugar de abrigo individual e comunitário que se torna acolhimento e recolhimento nas várias etapas da vida.”
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O silêncio que me habita como um dom
“Acredito que é no silêncio habitado, que descubro quem sou e o que sou. Foi muitas vezes no silêncio da natureza, de manhãzinha ou ao entardecer, que descobri potencialidades, dons escondidos que me robusteceram a não ter receio de seguir em frente, nas opções que o coração ia segredando em buscas e procuras. Recordo que a primeira vez que estive no programa da Fátima Lopes, para testemunhar a minha devoção a Nossa Senhora, percebi isto claramente: vou partilhar com os que me ouvem, quem é que no silêncio se tornou conforto e segurança, acompanhando-me maternalmente: Nossa Senhora.”
O silêncio que me comunica como doação
“O silêncio nunca pode ser um muro ou uma barreira. Tem aliás uma função contrária. Tornar-se ponte e comunhão, levar-me até ao outro que comigo caminha. A experiência do Papa Francisco no Centenário das Aparições de Fátima, no Santuário da Cova-da-Iria, com 8 minutos de silêncio vividos pelos 500 mil peregrinos ali presentes e muitos mais em casa, foi essa perfeita comunicação. Ninguém estava isolado, tudo era doação, porque era espontâneo e gratuito.”
O silêncio que me constrói como um parto
“O silêncio também se recebe do outro, da vida do outro. Quantas vezes sinto que as palavras não são necessárias num abraço mudo, que me faz nascer e renascer. Gosto particularmente desses momentos. São para mim um ‘parto’, onde a vida que recebo, me gera de novo, para que possa gerar outras vidas. Um desses momentos foi o olhar da minha mãe no dia da minha ordenação sacerdotal, porque era livre, quente e cheio de amor.”