O segredo da Felicidade esteve na confiança!

Jorge Humberto Dias // Maio 24, 2021
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Felicidade
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A famosa atriz Bruna Lombardi disse, há dias, numa entrevista a um Jornal de S. Paulo, que “a felicidade é um ato de resistência”. Frase profunda e que daria origem a outro artigo aqui no Simply Flow.

Confiança, generosidade e resiliência marcaram a diferença em 2020

No passado dia 20 de março – Dia Mundial da Felicidade – ficámos a conhecer o 9º Relatório Mundial de Felicidade (RMF), e parece ser consensual que em 2020 não foi o dinheiro a fazer a diferença! Foi, sim, a confiança (por exemplo, nos cientistas que procuravam uma vacina), a generosidade (por exemplo, das pessoas que deram apoio a quem necessitou) e a resiliência (por este fator, alguns países tiveram melhor resultado). Foi assim que vencemos o jogo: COVID19 – 1 X FELICIDADE20 – 3.

E sendo eu um Filósofo, gostaria de lhe perguntar: Como é que podemos ter um resultado positivo, quando 2020 foi um ano repleto de tristeza, isolamento, stress, desemprego e morte (2 milhões de pessoas morreram, devido ao COVID – um aumento de 4%)?

Como é que podemos ter um resultado positivo, quando 2020 foi um ano repleto de tristeza, isolamento, stress, desemprego e morte?

Na minha perspetiva, parece que a avaliação – palavra-chave em qualquer boa definição de felicidade – envolve fatores pessoais, que são mais filosóficos (relativos ao amor e à sabedoria) do que emocionais (relativos à reação do momento).

Este ano, Portugal ficou em 58º lugar, num total de 149 países. Isto significa algo muito importante para nós. 

Para quem é recente na análise destes Relatórios anuais, pode pensar que a subida de Portugal em apenas 1 lugar, é realmente pouco. Mas se olhar para todos os Relatórios desde 2012, então vai perceber que Portugal tem estado a subir desde 2015.

A importância da confiança na gestão das Organizações

Curiosamente, em 1997, Tom Morris, no seu livro “E se Aristóteles fosse Administrador da General Motors?”, já tinha visto o impacto da confiança na gestão das Organizações, ao explorar o seu método VBBH. Além disso, e olhando para a questão da importância das Organizações terem um profissional de Filosofia a trabalhar no seu seio, Morris referiu-se a um triângulo essencial: as partes (por exemplo, os colaboradores), o todo (que é um grande desafio tomar consciência) e as suas relações (menos visíveis, mas fundamentais).

A felicidade é uma variável decisiva para o desenvolvimento humano

O interesse por estes temas tem vindo a aumentar em vários setores. Os RMF ajudaram as pessoas a perceber que a felicidade é uma variável decisiva para o desenvolvimento humano. No Gabinete PROJECT@, oferecemos um diagnóstico de felicidade, onde medimos a felicidade da pessoa (através de um teste com 100 perguntas) e disponibilizamos, logo de seguida, um relatório personalizado, com o objetivo de definir as principais áreas de intervenção, a trabalhar posteriormente através do método PROJECT@.

Hoje, tenho a certeza que já não é possível voltar para trás. Já muitos editores me perguntaram porque é que eu não publico mais um livro sobre estas questões, mas a verdade é que eu sou muito “socrático” na arte de filosofar: Escrevo pouco. Prefiro dedicar o meu tempo a dar consultas às pessoas, a dar palestras em Organizações e a participar em conversas.

O interesse por estes temas tem vindo a aumentar em vários setores. 

Portanto, é natural que também estejamos a assistir ao aumento do grau de exigência e rigor. Ou seja, as pessoas e as Organizações querem saber como se mede a felicidade, para depois a poder gerir melhor e assim obter resultados sustentáveis. É por isso que as pessoas estão agora à procura de guias orientadores. Parece fácil, mas não é, pois as ofertas no mercado já são muitas.

Como foi avaliada a felicidade dos países?

O RMF teve a coragem de apresentar um critério para avaliar e medir a felicidade (dos países e das cidades). Vejamos o primeiro caso:

  1. PIB per capita:
  2. Esperança de vida à nascença;
  3. Apoio social;
  4. Perceção de corrupção;
  5. Liberdade das escolhas de vida;
  6. Generosidade.

A informação para o 1 e o 2 é recolhida através da análise de dados estatísticos dos países e dos governos. Para o 3, o 4 e o 5 são utilizados questionários de perceção. Para o 6 é utilizado comportamento auto-relatado. Hoje, muitos autores já estão a desenvolver algumas críticas a este critério. É positivo, pois é assim que podemos evoluir.

Olhando com mais atenção para os resultados de Portugal, verificamos que a maior preocupação está no 4 e no 6. Ao mesmo tempo, podemos ver aqui uma clara indicação de qual deve ser o caminho de todos os portugueses: Investir em projetos que contribuam para reduzir a perceção de corrupção e aumentar a generosidade.

O mercado das Apps que avaliam a felicidade das pessoas e das Organizações também está a crescer bastante. E a mesma questão coloca-se: Será que os critérios utilizados são os melhores?

Será que os critérios utilizados são os melhores?

Como podemos verificar, tudo isto pode ficar muito poderoso se tivermos uma visão mais sistematizada e global: definição de felicidade, ferramenta para medir e diagnosticar a felicidade, plano anual de atividades, método de intervenção, avaliação de resultados. É fundamental que haja coerência entre todos estes itens, assim como uma adaptação aos desafios das mudanças que vão acontecendo.

Uma certeza temos: Todos os CEOs das Organizações são autênticos Filósofos, mas alguns ainda não o sabem. Muitas decisões não têm na base Estudos científicos. São opções que têm na base a visão do CEO, a identidade da Organização, os seus valores e a informação disponível no momento. Talvez por isso, alguns CEOs tenham decidido estudar Filosofia. Vejamos o exemplo do CEO da PayPal (Peter Thiel), do LinkedIn (Reid Hoffman) e da Slack (Stewart Butterfield), etc..

Se por um lado podemos concluir que a felicidade não é uma questão de posicionamento no planeta, pois há países no norte (por exemplo, a China) que são menos felizes e países no sul (por exemplo, Nova Zelândia) que são mais felizes. Por outro lado, podemos verificar que a felicidade pode ser considerada uma questão local, ou seja, o contexto próximo da pessoa influencia bastante

Durante a Pandemia, pudemos verificar uma quasi competição entre os países e as regiões/concelhos, a ver quem tinha menos casos de COVID. As pessoas que viviam em zonas com mais casos, sentiam-se mais negativas e isso tinha impacto na sua felicidade. Alguns Estudos chegaram a analisar esse impacto nas pesquisas online, em que as palavras colocadas nos motores de busca eram mais negativas nessas zonas. Também no online, vimos as pessoas aproximarem-se bastante, com milhares de novos eventos. E parece que essa prática veio para ficar. Talvez aqui valesse a pena olhar melhor para as pessoas que não têm condições para estar online… Aí, parece que a desigualdade social aumentou!

Apesar de algumas críticas ao Relatório deste ano (Newman, 2021), por não ter chegado às pessoas que mais sofreram com a Pandemia (por exemplo, pessoas em lares e prisões, pessoas sem-abrigo), a verdade é que a Pandemia também foi uma experiência de bondade (foi visível em várias profissões, projetos, etc.).

A felicidade no trabalho é cada vez mais importante

Para terminar, e tendo em atenção o Estudo da Organização Mundial de Saúde e da Organização Mundial do Trabalho divulgado há dias, 740 mil pessoas morreram devido a excesso de trabalho. Parece que em 2016, algumas doenças cardíacas e derrames cerebrais ficaram por explicar. Os números descobertos neste Estudo são impressionantes! Trabalhar horas em excesso aumenta o risco de AVC em 37%.

Tenhamos esperança que os Governos dos países (e os líderes das Organizações) aproveitem a lição da Pandemia para valorizar o essencial. A felicidade no trabalho é cada vez mais importante… para as pessoas e para as Organizações. Aqui, a WELLBY pode ser uma ferramenta importante a explorar melhor no futuro.

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