Pode parecer estranho que resolva escrever um texto sobre conversar, mas a verdade é que me apercebo que conversamos cada vez menos uns com os outros.
No dicionário de português, o verbo conversar significa, entre outras coisas, “falar com alguém”. Sabemos identificar problemas de comunicação, por exemplo, numa relação de casal, entre pais e filhos ou na empresa onde trabalhamos, mas desvalorizamos este pilar da comunicação em todas e quaisquer circunstâncias e que se chama conversar.
Conversar presencialmente, olhos nos olhos
Atenção que, para mim, a conversa valiosa, acontece à moda antiga, ou seja, com as duas ou mais pessoas presentes fisicamente e a poderem olhar-se olhos nos olhos. Não são conversas por email, por mensagens nem por videochamada. Tudo isso ajuda em muitas coisas da vida, mas ganhamos sempre muito mais quando conversamos com alguém que está ao pé de nós. Só assim percebemos a sua energia, o seu verdadeiro estado de espírito e a sua vontade e disponibilidade para estar connosco.
Hoje conversamos pouco, o que é uma pena porque numa boa conversa podemos aprender, refletir, divertirmo-nos, emocionarmo-nos e viver o privilégio que é estar com pessoas que nos façam sentido, seja por razões particulares ou gerais.
Estive à conversa com a psicóloga Cassiana Tavares no seu podcast “Plenamente”. Foi uma verdadeira conversa. Muito inteligente e empática por parte da Cassiana. Bem conduzida, com vontade de ir ao fundo das questões e não ficar apenas pela rama. Saí do estúdio de alma cheia. A sentir que tinha valido cada segundo da nossa conversa. Que era bom falar com pessoas que gostam de conversar sobre a vida e pensá-la. Pessoas que têm uma curiosidade de uma criança sempre que têm à sua frente alguém com quem podem conversar. Vim para casa a pensar nisto e senti vontade de partilhar convosco esta minha vontade de mais vezes, responder à pergunta: “O que vamos fazer hoje? Simplesmente conversar”.
Nota: Fotografias por Verónica Silva