Manter os nossos pulmões saudáveis é importante em qualquer época do ano e em tempos de pandemia parece ser o centro das atenções.
Os pulmões são o maior órgão do nosso corpo. São a maior superfície de contato e até mesmo maior que a nossa pele, pois, se consideramos o desdobramento de cada alvéolo pulmonar, são o equivalente à área de um court de ténis. Desta forma, estão mais sujeitos às agressões externas – agentes tóxicos, biológicos, temperatura, humidade – que podem causar doenças, infeções e alergias.
Como funcionam os nossos pulmões?
O seu funcionamento compreende uma extensa rede de vasos sanguíneos, responsáveis pelo transporte do oxigénio (O2) existente no ambiente (ar inspirado) para o sangue, que, por sua vez, é enviado para os tecidos do corpo, fazendo, simultaneamente a eliminação do dióxido de carbono (CO2).
Os nossos pulmões atingem o seu pleno desenvolvimento por volta dos 25 anos.
Fatores como infeções, alergias, poluição, déficits nutricionais e hábitos tabágicos vão influenciar o seu funcionamento e o desenvolvimento de doenças respiratórias.
A gravidez, a infância e a adolescência são períodos da vida que podem influenciar o desenvolvimento dos pulmões e favorecer o aparecimento de doenças respiratórias, como a asma e a Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC).
A prematuridade é um fator de risco e, dessa forma, não fumar durante a gravidez e na presença de crianças é crucial, sendo que, obviamente, o ideal é não fumar.
Os pulmões são os grandes esquecidos do nosso organismo.
Podemos viver várias semanas sem comer ou vários dias sem beber, mas se pararmos de respirar a sobrevivência limita-se a poucos minutos. Respiramos entre 10 e 12 vezes por minuto, inalando cerca de meio litro de ar, assim colocamos cinco litros no corpo a cada minuto. Fazemos isto mais de 15.000 vezes/dia (afirmações de Àlvar Agusti, Pneumologista da Universidade de Barcelona).
Todos os dias inalamos biliões de partículas estranhas.
Como por exemplo: poeiras, poluentes industriais, pólenes, esporos de fungos ou qualquer outra coisa que flutue no ar no momento em que inspiramos. A poluição atmosférica, a inalação de gases e fumos da indústria, dos automóveis e da combustão da biomassa são algumas das fontes que mais podem prejudicar a nossa saúde respiratória.
Como manter os pulmões mais saudáveis?
Um estudo publicado recentemente no European Respiratory Journal descreve uma série de medidas que todos deveríamos adotar: verificar os níveis de poluição locais e quando esses níveis forem altos usar máscaras e limitar a prática de exercício físico ao ar livre, priorizar alternativas ao transporte motorizado e optar por percursos com pouco trânsito com trajetos em espaços abertos, evitando os horários de grande afluência e tentar manter as janelas fechadas no trânsito.
Em casa e no local de trabalho também não devemos baixar a guarda, uma vez que existem poluentes invisíveis; tais como o radão, amianto, aromatizadores e inseticidas. Como medidas contra essa poluição doméstica é recomendada a ventilação e monitorização do correto funcionamento de fogões e aquecedores.
Evitar também temperaturas extremas e lugares com grande concentração de poluentes, não fumar, tratar doenças crónicas, como rinite, sinusite ou asma. Durante a pandemia ou períodos de maior circulação de vírus com surtos de doenças respiratórias como no Inverno, use máscara, o distanciamento social e higienize as mãos com frequência, evitando direcioná-las ao nariz ou à boca.
Suspiros, caminhadas, vitaminas e vacinas
O suspiro é um mecanismo fisiológico natural que permite abrir os alvéolos, sendo o equivalente às respirações profundas e benéfico.
Caminhar todos os dias de 30 a 60 minutos de forma regular, gradual e ajustando a intensidade à condição física.
A boa nutrição, como, por exemplo, a dieta mediterrânea, uma vez que a vitamina A e C têm efeitos diretos no sistema respiratório.
A enorme importância da vacinação como estratégia preventiva incide em duas vacinas específicas: a antigripal, de toma anual, e a pneumocócica, que pode ser administrada só uma vez ou a cada 3-5 anos.
Sintomas a ter em atenção:
Por fim, não devem ser ignorados certos sintomas que indicam que algo não está bem com os nossos pulmões. O mais comum é a falta de ar, outro típico é a tosse. Tossimos em média 3 a 10 vezes dia, mas se for constante e acompanhada de secreções ou sangue, deve ser procurado o médico e o mesmo se surgir febre ou dores no peito.
O consumo de tabaco e a poluição são as principais causas de doenças.
Atualmente, a COVID-19 tem sido uma causa importante de atingimento da função do pulmão e em casos mais graves com insuficiência respiratória, com o uso de aparelhos para respiração artificial. Sempre se considerou que deveríamos cuidar da nossa função respiratória, porém a atualidade coloca-nos grandes desafios a este nível. É consensual que a qualidade do nosso ar está comprometida e que é urgente controlarmos os fatores controláveis que a afetam e que passam essencialmente pela prática de hábitos saudáveis. Não fume e vacine-se.