O Bruxismo é definido como a atividade repetitiva da musculatura mastigatória caracterizada pelo cerrar ou ranger dos dentes e/ou pelo movimento forçado da mandíbula contra o maxilar superior.
É considerado uma parafunção, o que significa que não está relacionado com as atividades normais e funcionais da musculatura mastigatória que são a fala, a respiração, mastigação e deglutição.
Quais são as causas do Bruxismo?
A origem do Bruxismo não é totalmente conhecida. Sabe-se que o Bruxismo é mediado essencialmente por fatores centrais (relativos à função e à fisiologia).
Existem diversos fatores centrais que contribuem como causas desta parafunção, podemos dividi-los em 2 grupos:
- Patofisiológicos (alterações da fisiologia): doenças/disfunções (distúrbios do sono, doenças do foro respiratório como apneia do sono), fatores neuroquímicos (consumo de tabaco, cafeína, certas medicações, drogas) e fatores genéticos;
- Psicológicos: stress, ansiedade, perfil psicológico, falta de suporte social, medo, frustração, etc.
Em indivíduos saudáveis, o Bruxismo não é considerado uma disfunção, mas, sim, um comportamento. Nalguns casos de indivíduos com patologia, funciona como um fator protetivo, como é o caso da Síndrome de Apneia Obstrutiva do Sono e do Refluxo Gastroesofágico, em que a contracção surge para proteger e auxiliar o indivíduo com estas disfunções. Mas na grande maioria dos casos, de indivíduos saudáveis ou não, é um comportamento que representa um fator de risco para o desenvolvimento de disfunções como a disfunção temporomandibular, o desgaste dentário, dor orofacial, falha de reparações dentárias ou próteses dentárias, entre outros.
Geralmente, os fatores psicológicos são os que mais impactam neste comportamento. Os pacientes reportam um agravamento quando sofrem períodos de maior stress e ansiedade.
Tipos de Bruxismo:
O bruxismo pode classificar-se segundo o período do dia em que acontece, a sua etiologia e segundo o tipo de contracção realizada.
– Período do dia
Quando se verifica durante o sono é chamado Bruxismo Noturno e quando acontece durante o período desperto classifica-se como Bruxismo de Vigília. Pode também ocorrer nas duas situações e, neste caso, classifica-se como Bruxismo Combinado.
- Bruxismo de Vigília – O Bruxismo de Vigília tem uma prevalência de cerca de 22 a 31% nos adultos, consistindo predominantemente no cerrar dos dentes (movimento vertical).
- Bruxismo Noturno – O Bruxismo Noturno acomete cerca de 13% da população adulta e, este sim, pode variar entre cerrar (movimento vertical) e ranger (movimento horizontal) os dentes. O Bruxismo Noturno também existe nas crianças com uma prevalência que varia entre os 3,5% e os 40%, e geralmente desaparece com o crescimento.
A atividade de Bruxismo tende a variar significativamente no tempo com períodos de maior ou menor intensidade e tende a desaparecer com o avançar da idade.
– Etiologia
Quanto à sua origem pode ser classificado como primário ou secundário.
- Primário – Quando não se identifica nenhum fator causal.
- Secundário – Quando é causado por doença neurológica, psiquiátrica, distúrbio do sono ou do movimento, consumo ou privação do consumo de drogas, etc.
– Tipo de contracção
Quanto ao tipo de contracção pode ser classificado como tónico, fásico, cêntrico ou excêntrico.
- Tónico – Quando a contracção é mantida por longos períodos de tempo.
- Fásico – Quando consiste em breves contracções repetidas.
- Cêntrico – Quando consiste em cerrar os dentes.
- Excêntrico – Quando consiste em ranger os dentes em movimentos laterais.
Quais são os sinais e os sintomas do Bruxismo?
Os sinais clínicos do Bruxismo incluem:
- Desenvolvimento acentuado da musculatura mastigatória, tornando o rosto mais “quadrado”;
- Dificuldade matinal de abertura da boca por tensão muscular;
- Cansaço ao mastigar alimentos mais duros ou elásticos;
- Desgaste dentário;
- Dor orofacial e dor de cabeça;
- Indentações na língua (marcas dos dentes na língua e língua mordida);
- Retracção da gengiva;
- Linha marcada no interior da bochecha (linea alba – marca provocada por irritação dos dentes contra a bochecha devido à pressão e fricção exercida);
- Falhas repetitivas de restauros de dentes ou de próteses.
Como se chega a um diagnóstico de Bruxismo?
O diagnóstico depende muito da percepção dos indivíduos. Geralmente, o paciente descobre que é bruxoman quando, numa consulta de Medicina Dentária de rotina, lhe é identificado um ou mais dos sinais acima referidos, ou quando o parceiro com quem dorme o alerta para a presença de ruídos anormais durante o sono, uma vez que, por exemplo, no caso do Bruxismo Noturno este acontece sem que o indivíduo se aperceba.
Existe tratamento para o Bruxismo?
Não há uma técnica que cure ou pare definitivamente o Bruxismo, no entanto para tratamento prescrevem-se estratégias de gestão da atividade do mesmo, como:
- Goteiras de relaxamento para diminuição da atividade muscular e para protecção dos dentes;
- Exercícios de relaxamento e alongamento dos músculos que provocam fechamento da boca;
- Fortalecimentos dos músculos que provocam abertura da boca;
- Educação para mudança de hábitos comportamentais;
- Medicação;
- Apoio psicológico (para gestão do stress e ansiedade);
- Reparações dentárias, se necessárias;
- Aplicação de toxina botulínica para cessar a atividade muscular, no caso de não haver resposta às restantes medidas.
O que pode fazer diariamente para controlar o seu Bruxismo?
Há dicas que pode e deve seguir para começar a controlar o seu Bruxismo desde já, tais como:
- Parar de mascar pastilhas elásticas;
- Parar de roer as unhas, canetas ou outros objetos;
- Utilizar estratégias para consciencialização de quando está a bruxar: aplicações para telemóvel que o notificam periodicamente para que se aperceba se está a apertar os seus dentes;
- Evitar atividades estimulantes antes de dormir, bem como evitar tomar café ou chás com teína, neste período;
- Utilizar estratégias de relaxamento e alívio de stress diárias, como, por exemplo, meditação.
