O que é o bruxismo?

Pedro Cebola // Dezembro 18, 2023
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Bruxismo
Bruxismo

Há várias teorias para explicar a origem do termo “bruxismo” e uma delas é que a mesma deriva da palavra grega «Brychein», que significa fricção, pressionar ou atrito entre os dentes. 

O bruxismo, que nada tem a haver com bruxas, tem vindo a sofrer modificações evolutivas na sua definição. 

Nos dias de hoje definimo-lo como o ranger, apertar de dentes ou até mesmo na contração/empurrar da mandíbula sem contacto dentário. Esta condição pode ocorrer quando a pessoa está acordada (bruxismo de vigília) ou, por outro lado, quando está a dormir (bruxismo do sono). 

Esta atividade muscular repetitiva dos músculos mastigadores pode (ou não…) ter reflexos significativos a nível oral, muscular e articular.

Prevalência

Estima-se que o bruxismo afete cerca de 20% das crianças, diminuindo esta prevalência para 5% a 8% com o passar dos anos e na idade adulta. No entanto, crê-se que estes valores estão abaixo do real, ou seja, existe um nível elevado de subdiagnóstico.

Sinais e sintomas

Os sinais e sintomas desta condição podem apresentar várias formas de expressão e não estão confinados exclusivamente na cavidade oral. 

Alguns exemplos são:

  • Ranger ou apertar os dentes com força;
  • Língua e bochechas marcadas ou mordidas;
  • Dentes desgastados ou fraturados, mobilidade e sensibilidade dentária, feridas nas gengivas;
  • Restaurações, coroas ou implantes a abanar frequentemente;
  • Dentes a desalinhar em idade adulta;
  • Dor de cabeça;
  • Disfunção Temporomandibular [Estalidos articulares, dor na articulação temporomandibular (articulação dos maxilares) e/ou nos músculos mastigadores ou dificuldade em abrir/fechar a boca ou limitação do movimento]. 

É importante desmistificar que o bruxismo não é sinónimo de disfunção temporomandibular! 

O bruxismo, como referido anteriormente, é uma atividade muscular repetitiva dos músculos mastigadores e é considerado um fator de risco para a disfunção temporomandibular. Esta é multifactorial e pode ter um amplo leque de fatores de risco sem ser o bruxismo, como por exemplo: um trauma (uma queda ou um acidente de viação); distúrbios do sono (insónia, apneia do sono, entre outros); patologias reumatológicas (Artrite Reumatoide, fibromialgia, entre outros).

Etiologia

A etiologia do bruxismo é multifatorial e sabemos que, para além de poder haver uma propensão genética, pode haver uma relação com:

  • Ansiedade, tensão e sensibilidade ao stresse;
  • Exposição a ecrãs excessiva;
  • Distúrbios neurológicos (ex: parkinson, epilepsia, etc.);
  • Distúrbios do sono [roncopatia (ressonar), privação do sono, apneia do sono, síndrome das pernas inquietas];
  • Refluxo gastroesofágico;
  • Álcool;
  • Medicamentos ou excesso de café – Alguns antidepressivos, antipsicóticos, algum tipo de medicação para síndrome de défice de atenção, etc.;
  • Drogas.

Contrariamente ao que era defendido no passado [bruxismo associado à má oclusão dentária (posição errada dos dentes) ], hoje sabe-se que esta condição está associada ao sistema nervoso central e a neurotransmissores, como, por exemplo, a acetilcolina e a dopamina, que potenciam o bruxismo.

Diagnóstico

O bruxismo pode ser “silencioso”, progredindo ao longo do tempo sem que a pessoa se aperceba, principalmente no “clenching” (apertamento dentário) que é o tipo de bruxismo que mais pode contribuir para a disfunção temporomandibular. No entanto, o ranger dos dentes produz um som característico e, muitas vezes, quem dorme no mesmo quarto que o bruxómano é quem dá o alerta.

O diagnóstico clínico de bruxismo é feito por um médico, através da história clínica – sinais e sintomas – e, se necessário, uma polissonografia para estudo do sono.

Prevenção e gestão 

A prevenção e a gestão irá depender das causas (se o bruxismo estiver potenciado, por exemplo, por refluxo gastroesofágico – o ideal é iniciar o tratamento do refluxo com gastroenterologia) e deverá ser individualizada, podendo incluir:

  • Psicoterapia – gestão de stress, ansiedade e de condição;
  • Goteira Oclusal;
  • Medidas de Higiene do sono;
  • Redução ou evicção do consumo de cafeína, tabaco e álcool;
  • Redução ou evicção de exposição a ecrãs;
  • Prática regular de exercício físico;
  • Meditação;
  • Mindfulness;
  • Hipnoterapia;
  • Acupuntura.

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