Actualmente estamos numa Era muito focada no bem-estar, espiritualidade, yoga, meditação. Por um lado, é muito positivo que exista uma maior consciencialização nestas áreas. Contudo, noto também que existe uma grande confusão perante certos conceitos e que mesmo a espiritualidade tem sido alvo de algumas questões. Se por um lado alguns a relacionam com a religião, outros com a meditação, outros consideram que é “algo de guru”.
Mas, afinal o que é a espiritualidade?
Antes de mais, quando falamos de espiritualidade, temos de ter em conta de que não existe uma definição universal e que esta, de uma forma geral, abrange uma multidimensionalidade de factores e é subjectiva, e este é um ponto importante a tocar. Como tal, não existe uma única definição sendo que ao estudarmos diversos autores percebemos o quão ténue é a linha que limita o que é a espiritualidade. Contudo, ainda que durante muito tempo a religião e espiritualidade tenham sido sinónimos, actualmente já existem vários autores que os distinguem – apesar das suas semelhanças. Até porque, hoje em dia, existe um elevado número de pessoas que se considera “espiritual, mas não religiosa”. Inclusivamente Dalai Lama enfatiza esta distinção, referindo que a religião está relacionada com a salvação, ensinamentos religiosos, orações, dogmas, sendo que a espiritualidade, por sua vez, está relacionada com qualidades do espírito humano (p.e. amor, compaixão, paciência, tolerância, perdão) que promovem felicidade tanto a si como aos outros.
Começando pela origem da palavra “espírito”, esta é originária do latim “spiritus”, que é uma tradução do termo grego “pneuma” que significa “respiração”. De facto, a espiritualidade e espírito por um lado remetem para uma certa misticidade, sendo que muitos consideram que é algo distante da ciência e como tal, “se não sou uma pessoa religiosa, não acredito no além, então não sou espiritual”. Contudo, já Carl Sagan referia que: “A noção de que a ciência e a espiritualidade são de alguma forma mutuamente exclusivas, faz um desserviço para ambos”. E de facto, a espiritualidade tem sido amplamente estudada e a sua relação com a felicidade e bem-estar explorada.
Em suma, a espiritualidade apesar de subjetiva, é diferente de religião e tem sido relacionada com uma maior conexão connosco, com o outro, com a Natureza e algo transcendente. Quando falamos de algo transcendente pode ser uma energia, um Deus, ou Fé em algo mais, como um propósito de vida, algo que nos transcende enquanto apenas seres-humanos.
A minha experiência:
No meu caso, quando comecei a explorar a minha espiritualidade de uma forma mais profunda, consegui sentir uma conexão espiritual que me permitiu amar incondicionalmente, e ver toda a beleza que me envolve e que outrora parecia não existir. Posso dizer que as influências orientais tiveram um grande papel em mim, com a ressalva de que a espiritualidade não é exclusiva das mesmas. Também, o voluntariado consciencializou-me, para a importância de uma maior conexão com o outro e com o Mundo no geral.
Somos todos um.
Em suma, se voltarmos à tradução da palavra “spiritus”, ou seja, “respiração”, o significado original de “espírito” é “aquele do sopro da vida” e de facto, “sopro da vida”, ou “respiração”, é o que temos em comum com todos os seres vivos. É aquilo que nos alimenta, que nos dá vida. A espiritualidade envolve o corpo, a mente e a alma, pressupondo a sua profunda ligação, como também, a sua conexão com tudo o que nos envolve, seja através da meditação, yoga, orações, voluntariado, religião, reflexões, sendo que algo caracterizante destes momentos espirituais é um profundo sentido de unidade com todos e com a Natureza, um sentimento de pertença ao universo como um todo. Somos todos um.
* Informação complementar disponível no podcast Terra Maya