O que é a ansiedade ou o stress?

Diogo Telles Correia // Novembro 7, 2019
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A ansiedade, que comumente se chama stress, é considerada até certo ponto como uma reação normal do organismo, perante situações de medo ou expectativa. Alguns autores chamam a atenção para o fato de a ansiedade em baixos níveis poder mesmo favorecer o desempenho profissional. Assim, até determinados níveis de hiperativação há um aumento da atenção e interesse, no entanto a partir de determinados níveis, esta ativação torna-se em ansiedade patológica perturbando a performance e provocando alterações no funcionamento profissional.

Ansiedade vs medo-normal.

Considera-se que a ansiedade corresponde a uma perturbação mental quando atinge um valor extremo e provoca mal-estar importante, intolerável, e alteração no funcionamento social, profissional ocupacional, das pessoas (que são os principais critérios definidores da presença de uma doença mental). Frequentemente reserva-se termo ansiedade para situações patológicas, e fala-se em medo-normal, para reações físicas e psíquicas associadas a preocupações reais.

Cada caso é um caso.

Mas, não existe um limite rígido entre a ansiedade normal e a que se considera anormal, depende de pessoa para pessoa e de situação para situação. Para uma pessoa determinados níveis de ansiedade podem ser perturbadores, provocar sofrimento e disfunção, enquanto que outras podem tolerar e até viver bem com elevados níveis de ansiedade.

Geralmente a ansiedade patológica é uma ansiedade generalizada e não focada numa única situação, inclui uma série de medos na maioria dos casos desproporcionais à realidade e/ou mesmo defasados dela.

Como se manifesta a ansiedade?

A ansiedade pode manifestar-se através da mente e do corpo. 

. Sintomas mentais

Em relação aos sintomas mentais, o medo é a principal característica. O medo do medo, um medo generalizado e que em grande parte das vezes não tem um objeto definido.

Este medo pode ocupar-se de problemas concretos do dia-a-dia (como a falta de dinheiro, os maus resultados do filho na escola, o não cumprimento de prazos no trabalho), até questões com um nível maior de subjetividade e ambiguidade como o medo de morrer, de ficar doente de forma geral (o próprio e/ou os filhos), de ficar sozinho, de não ser capaz de executar tarefas, de falar ou fazer uma exposição em público… Em geral, estes medos multiplicam-se e quando um desaparece, aparece logo outro. É um medo que se torna constante e que os pacientes, por mais que tentem não conseguem parar.

Estes medos podem associar-se a pensamentos obsessivos, ideias persistentes que surgem na mente como parasitas e que são difíceis de controlar. Podem estar presentes com maior intensidade na Perturbação Obsessivo Compulsiva, mas ocorrem frequentemente noutras formas de ansiedade. Por outro lado, está também presente uma hiperativação mental contínua, “é difícil desligar o cérebro”.

. Sintomas corporais

Em relação aos sintomas corporais, costuma-se dizer que a ansiedade é “o grande imitador”. Desde palpitações (sensação do coração a bater mais forte e mais rápido), dificuldade em respirar, náuseas, vómitos, prisão de ventre, diarreia, flatulência (gases), tonturas, dores de cabeça, dores musculares generalizadas, aumento da tensão arterial, etc.

Como devo agir se sinto ansiedade?

O tratamento da ansiedade envolve sempre a participação do próprio. Mesmo que seja necessário recorrer a ajuda profissional, de um/a psiquiatra ou psicólogo/a, é fundamental ensinar ao paciente estratégias de auto-controlo da ansiedade.

O primeiro passo é identificar se estão presentes permanentemente medos desproporcionais ou pensamentos intrusivos, incontroláveis, ou uma hiperativação mental contínua (“o cérebro não pára”). É também importante verificar se estão presentes sintomas físicos frequentes e inexplicáveis (que já foram explorados pelo médico de família ou numa urgência por exemplo, com exames e que não tiveram resultados positivos). Só depois se utlizam algumas estratégias de auto-controlo da ansiedade.

Como controlar a ansiedade?

Existem várias formas de tentar controlar a ansiedade nas fases mais ligeiras, recorrendo a mecanismos de auto-controlo. Entre estes fazem parte os exercícios de relaxamento, as técnicas de treinar e controlar o pensamento, a prática de exercício físico entre outros. Todos estas técnicas podem ser ensinadas por técnicos especializados ou lidas em livros escritos por autores com formação credível na área da medicina e psicologia.

Ansiedade – Quando pedir ajuda? 

Se mesmo assim, a  ansiedade atinge níveis de sofrimento importante, é muito difícil continuar a viver com eles, ou quando compreende que há uma alteração significativa do seu funcionamento profissional (está a ser afetado pela ansiedade na sua prestação profissional), social (deixou de conviver com amigos, ou esta convivência está perturbada, deixou de praticar as suas atividades de lazer), ou familiar (a sua vida familiar com pais, filhos, companheiro/a, está afetada por causa da ansiedade), deve contatar um profissional.

Como e a quem pedir ajuda?

Quando pede ajuda, o primeiro passo é perceber que tipo de profissional deve escolher. A hipótese mais adequada é começar por recorrer a um médico psiquiatra, que é médico e, por isso, pode fazer exclusão de situações de base. 

Alguns casos que se apresentam como perturbações de ansiedade podem ter por base alterações hormonais (por exemplo: alterações da tiróide). É assim muitas vezes importante pedir alguns exames médicos e em ocasiões menos frequentes, caso o psiquiatra tenha dúvidas, pode até encaminhar o paciente para um colega médico de outra especialidade para esclarecer alguma dúvida.

Quais os tratamentos para a ansiedade?

Quando o diagnóstico de ansiedade está feito pelo psiquiatra este pode encaminhar o paciente para dois tipos de tratamento: o psicoterapêutico e/ou o psicofarmacológico. Enquanto que o tratamento psicoterapêutico pode ser feito por um psicólogo ou por um médico psiquiatra (em ambos os casos estes têm de possuir uma formação em psicoterapia), o tratamento psicofarmacológico é apenas feito pelo médico psiquiatra.

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