Yoga, é uma prática que está a entrar na europa como “trend” das modalidades físicas. Com 3000 a 5000 anos de existência, acho que de “trend” tem pouco… Diria que, daqui a outros tantos anos, cá permanecerá, com mais ou com menos praticantes, mas foi inventada por nós, humanos, e continuaremos a recorrer a ela para conseguirmos viver mais saudáveis.
Vou começar este artigo com alguns dados sobre burnout e como esta síndrome está a afetar as pessoas em contexto de trabalho (já volto ao Yoga):
215 000 000 000 000€ (caso me tenha enganado no número de 0’s, são Biliões de euros) é o valor anual de prejuízo na Europa por faltas de trabalho diretamente decorrentes dos efeitos de stress ocupacional. Deste montante monstro, estima-se que 34% poderia ser reduzido caso os níveis de stress ocupacional fossem (primeiro, levados mais a sério pelos próprios trabalhadores e, em segundo, pelas instituições) reduzidos.
Quais são os sintomas de burnout?
- Esgotamento físico e mental;
- Sensação de impotência e de vazio interior;
- Falta de expectativas e pessimismo.
Perante este breve, mas catastrófico cenário, como pode ser o local de trabalho responsável pelos sintomas?
- Sensação de desigualdade;
- Áreas ocupacionais que levem ao tédio;
- Pouca flexibilidade de horários;
- Falta de autonomia para investigar, explorar a criatividade e inovar;
- Trabalho solitário ou com equipas onde reina o conflito.
O que faz para não estar sujeito a este desgaste emocional? O que está disposto a mudar em si para ser feliz?
Pode fazer uma coisa simples para fazer frente ao burnout e viver melhor consigo, e com os outros. E, comecei o artigo a falar sobre o contexto de trabalho, mas Yoga é para qualquer área da sua vida.
Yoga é união.
O grande poder de praticar Yoga é união. União entre mente e corpo, mente e emoções, emoções e corpo, união com a natureza, união com outros, união com uma consciência superior. A um nível mais específico, união com o que é básico em mim, a partir da minha capacidade de me conectar.
Quanto mais pratico Yoga mais acredito que antes de me conectar com o “outro”, necessito de me conectar comigo e com o meu corpo, mente e emoções. Cada vez mais tenho a consciência que tenho a responsabilidade do tipo de energia e ambiente que levo para dentro da sala quando vou trabalhar, para um jantar com amigos ou para qualquer interação com a minha família. Para mim é muito importante ser especialista numa ferramenta que regule e exponencie a minha capacidade de empatia e de me conectar, e o Yoga tem o poder de fazer isso mesmo: autorregulação.
Uma forma de trabalhar corpo, mente e emoções
Fugindo de mim e voltando à prática de Yoga, existem tantos tipos de Yoga como professores que a lecionam. É uma forma de trabalhar corpo, mente e emoções como um todo (levando o praticante a um aprofundamento da sua espiritualidade). De uma forma geral, a prática de yoga tem como objetivo desenvolver o foco da mente, trazer o controlo natural para “aqui” e “agora”, com a precisão de um laser.
Porque é que “o poder do agora” (sim, é o título de um livro de Eckhart Tolle) é tão importante?
Porque o passado já passou e o futuro ainda não chegou. O presente será sempre onde posso atuar e viver, relacionar-me e crescer, é onde posso colher o fruto de tudo o que já fiz e planear o que quero fazer. É agora. É onde me faz sentido colocar a minha energia.
Dou-vos um exemplo em tom de pergunta: quantas vezes estão com alguém ou em algum sítio e a pensar noutra coisa, noutro alguém ou que deveriam estar noutro sítio? Só percebemos o mal que este tipo de desinvestimento no agora faz em nós quando alguém nos faz sentir estes níveis de afastamento. Só quando esse alguém que está ali, mas com a cabeça noutro sítio, quando estamos a gastar energia naquela conexão com essa pessoa é que obtemos um vazio de presente. Deixei-me que vos diga, já senti e já fiz sentir tudo isto e muito mais e não trouxe nada de bom. Como é óbvio não controlo se os outros estão a viver o momento “aqui” e “agora”, mas controlo o meu comportamento, a minha energia, a minha conexão com o presente, as minhas escolhas a cada instante!
Mas, falar sobre isso é bem mais fácil do que fazer. Para me manter no local e não fugir é preciso coragem e força, uma grande dose de flexibilidade para aceitar a opinião e comportamento do outro (e o meu, em resposta), e uma capacidade de coordenação sem limites para continuar a fazer a minha parte na conexão com o outro.
“Uma experiência constante de tomada das rédeas das nossas vidas”
Em Yoga treinamos estas três características (força, flexibilidade e coordenação) através do corpo e fazemos a tomada de consciência dos nossos “Padrões de Comportamento” perante os estímulos. Com esta tomada de consciência da realidade (ou da sua aproximação o mais possível), temos a oportunidade e o dever de fazer escolhas e agir em conformidade. Lembro ainda que uma não escolha é uma escolha que leva a alguma coisa, quanto mais não seja à desconexão e perda de tempo e de energia. Por isso, ao praticar Yoga estamos a desenvolver ferramentas para nos enraizarmos o mais próximo da realidade possível, em vez de levarmos a nossa vida com base em conceitos e fantasias. Aproxima-nos daquilo que acredito que é uma experiência constante de tomada das rédeas das nossas vidas e, isso, acredito que nos pode levar à felicidade que perguntava acima, o verdadeiro empowerment.
Façam Yoga, façam essa escolha hoje e não adiem para amanhã.