O poder da vulnerabilidade

Andreia Lourador // Setembro 7, 2021
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A vulnerabilidade, contrariamente ao que fomos levados a acreditar, é um valor psicológico, é uma face da nossa realidade como seres humanos que merece ser aceite. Através dela, assumimos outra parte do nosso universo emocional, e permitimo-nos a uma conexão mais íntima e autêntica connosco. 

A vulnerabilidade não é uma fraqueza, não é um defeito ou falta de coragem pessoal. Trata-se somente de uma característica do caráter humano. É, em essência, outra parte da nossa natureza, que nos torna mais sensíveis à nossa realidade emocional e à dos outros.

Porque assumimos que quando somos vulneráveis somos “fracos”?

Triste é quem nunca se permitiu sê-lo. Quem nunca se atreveu a partilhar-se com alguém, a comunicar as suas emoções, a sentir a dor ou a felicidade, a sua e a do outro. Quem tenta narcotizar ou ocultar emoções. Não tem força quem se esconde. 

“Forte” é todo aquele que é capaz de se mostrar com suas luzes e sombras, com os seus defeitos e virtudes. Tem coragem aquele que cai e se ocupa mais com o erguer-se de novo, ao invés de ocupar-se com quem poderá ter assistido à sua queda. O poder da vulnerabilidade dota-nos de perfeição porque com ela somos capazes de aceitar-nos integralmente e evoluir. E nada pode ser tão apaziguante.

Não somos super heróis. Somos humanos.

A dureza de caráter, a personalidade que faz uso de uma atitude dura e aparentemente inflexível e implacável, não leva a sucessos na vida. Pelo menos não no que realmente importa: equilíbrio, bem-estar, alegria, realização e convivência. 

A sociedade ensinou-nos a navegar pelo universo das aparências, das máscaras com as quais se finge a felicidade a toda a hora quando, por dentro, pulsam medos, tristezas e inseguranças. E, por isso, do ponto de vista cultural, a vulnerabilidade emocional tem uma característica depreciativa e até vergonhosa.  

É necessária uma grande força para nos permitirmos ser vulneráveis. Num mundo em que a segurança, a eficácia e a felicidade absoluta são tão valorizadas, aquele que se atreve, em um determinado momento, a renunciar à sua armadura de aparente perfeição, demonstra uma coragem notável. 

Vamos aceitar e entender a vulnerabilidade de uma vez por todas?

Estamos a viver uma epidemia de falta de sinceridade. Basta acedermos às redes sociais para sentirmos que todos têm uma vida perfeita. Observamos um flagelo de pessoas que só conseguem ser gentis quando há algum benefício em jogo. Quando não há nenhuma vantagem a ser tirada, não interessa criar nenhum tipo de empatia ou de relação honesta e real. A falta de transparência e de autenticidade está a formar uma sociedade de pessoas vazias, com egos doentes, apenas preocupados em como se podem destacar. Ora, como é que poderemos criar conexões e ligações verdadeiras e autênticas, se não somos o que manifestamos ser?

O monstro da superficialidade, onde o “pareço ser” ocupa o lugar central, impede-nos de criar laços transparentes e de mostrar e partilhar as nossas vulnerabilidades. Esta falta de significado traz consigo uma deterioração gradativa da nossa saúde emocional e psicológica. E não é por acaso que vivemos na era onde os índices de depressão e ansiedade se apresentam mais elevados. A energia que emprego neste movimento é geralmente o que me consome e impede de fazer a marcha contrária, olhando sinceramente para dentro, encarando aquilo que ainda não aprendi a aceitar, acolhendo meu negativo. A autoestima necessita de aceitação das dificuldades para acontecer. 

Não tenha medo. Seja vulnerável. Sabe porquê?

Não existe aceitação enquanto não aceitar que também é vulnerável. Só porque é humano, isso já é uma condição que lhe é inegável. Sem aceitação não existe evolução. E sem autoestima não existem conexões sinceras.

A nossa maior fraqueza reside na ocultação e não na manifestação. 

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