Há uns anos recebi de prenda de Natal um livro de auto-ajuda. Passada a surpresa, ficou um sentimento de quase ofensa… “para mim?”
Descobri recentemente que além de livros de auto ajuda existem livros e artigos de autores, anti auto ajuda. De início fiquei chocado, mas depois percebi que o objectivo será alertar para os perigos do exagero. Hoje existe um “universo” de livros, cursos e afins, que prometem facilidades e resultados milagrosos e que acabam por causar mais frustração do que resultados.
Algumas pessoas ficam, como escreveu a nossa psicóloga Ana Ramires, presas numa espécie de “teatro dos iluminados” – de autores que alegadamente estão num patamar superior e que podem conduzir toda e qualquer pessoa que esteja disposta a os seguir, até ao “nirvana da felicidade”.
Eu considero que o “treino da felicidade” deveria ser uma disciplina obrigatória nas nossas escolas. Dotar as nossas crianças de ferramentas adequadas, que as possam ajudar evoluir emocionalmente é hoje tão ou mais importante do que saber fazer complicadas equações matemáticas. (meninos, que isto não sirva de desculpa para não estudar!)
Mais do que medo existem hoje socialmente uma fobia das emoções negativas. “Errar é humano” mas já não parece ser socialmente aceitável – as crianças e jovens sentem essa pressão social e manifestam isso através dos sintomas de ansiedade cada vez mais frequentes e prevalentes.
Há uns anos recebi de prenda de Natal um livro de auto-ajuda. Passada a surpresa, ficou um sentimento de quase ofensa… “para mim?”
Eu não preciso disto! Não gosto destes livros cheios de “tretas” (claro que eu não disse isto, mas confesso que o pensei). Felizmente passada esta fase de “repulsa” pelo livro e o seu título facilitista – veio a curiosidade pelo que lá estava escrito – “pegue numa caneta para fazer os exercícios” – voltei a largar o livro – “nem pensem que me vão por a fazer exercícios da treta”. Ficou diligentemente na minha mesa de cabeceira a aguardar por um momento de mais paciência e determinação. Após semanas de debate interior, pensei que não podia fazer a desfeita à pessoa que me tinha oferecido o livro e lá peguei em papel e caneta e “sacrifiquei-me” a começar a leitura. Este foi o primeiro de muito outros livros, artigos e revistas que passei a ter como companhia ocasional. Foi fundamental no meu percurso, porque passei a escrever e delinear em papel aquilo que quero que seja o meu futuro – pela primeira vez tirei da minha cabeça para uma folha de papel, os meus sonhos, os meus projectos e ambições. Desde aí nunca mais parei de o fazer. Estas acções colocam-me como director e produtor do filme que quero que seja a minha vida – servem de guião para mim enquanto actor e fazem com que eu desenvolva esforços para alcançar as minhas metas e objectivos.
No dia 20 de Março, celebra-se o dia mundial da FELICIDADE. Não confundam felicidade com ALEGRIA. Ambos são fantásticos mas de forma diferente. Ser feliz é um sentimento que não é feito em exclusivo com o ingrediente alegria – é uma mistura equilibrada de muitas emoções. Tal como um bolo não pode ser saboreado olhando ao sabor de cada um dos seus ingredientes em separado, também a vida não pode ser feliz sem se sentir o “paladar” da tristeza, raiva ou medo, temperado com uma dose generosa de alegria (existe uma parábola deliciosa sobre o tema do Padre Adélio Torres Neiva).
Não confundam o optimismo e mensagem de esperança que existem nos posts do Simply Flow com facilidades e truques rápidos para a saúde ou felicidade. A ideia é passar informação válida para trabalharem dentro de vocês, com as ferramentas que melhor vos servirem e procurarem em conjunto com a família e amigos a vossa própria definição de FELICIDADE.
Pegue numa caneta e papel e comece por escrever ou desenhar, nem que seja apenas um objectivo para 2017 que se for perseguido o faria mais feliz este ano – mesmo que não o alcance já, desfrute do caminho até essa meta.
Ser optimista é diferente de ser irrealista. Tudo começa com uma ideia!
Qual é a sua ideia de felicidade?