O amor que procuras está dentro de ti!

Bárbara Ramos Dias // Dezembro 15, 2022
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Demorei muitos anos para perceber que o amor que procurava, nos namorados ao longo da minha adolescência e mais tarde no pai dos meus filhos, estava dentro de mim. Primeiro tinha de me amar, para depois, sim, conseguir amar e deixar amar-me. 

Sempre me senti sozinha, a sensação, perceção de abandono e rejeição eram uma constante, uma ferida tão profunda que procurava sempre o amor e reconhecimento no outro para preencher o meu vazio. E cada vez que o outro saía, a crosta saltava também, e lá vinha a ferida aberta novamente a doer horrores.

A minha criança interior sofria e procurava no outro o amor, o reconhecimento e a aceitação. 

Quando isso não existia, surgia um vácuo tão profundo, que resultava num estado depressivo, de apatia e incapacidade para lidar com a frustração. Tinha sempre a esperança de encontrar alguém que preenchesse esse buraco. E, sim, sou psicóloga, e, sim, os psicólogos também têm depressões e estados profundos de ansiedade e também aprendem a lidar com a gestão emocional ao longo da vida. 

Passei a vida a procurar no outro aquilo que está tão perto – o amor-próprio. 

Se não nos amarmos e respeitarmos a nós mesmos, seremos incapazes de amar os outros.

Costumo comparar esse vazio interno, que tantos me dizem sentir em gabinete, com um bolo. Imaginemos que o nosso vazio é um “bolo”, se o preenchermos com o namorado ou marido, quando ele sai, ficamos num gigante buraco. Agora se preenchermos esse “bolo” connosco, com as coisas que nos dão prazer e que nos fazem rir, quando esse namorado sai, qualquer que seja o motivo para tal, então não irá fazer grande mossa. Podemos ficar tristes, mas não ficamos no tal vazio profundo, porque esse amor ou pessoa, eram apenas uma cerejinha no topo do bolo e não o bolo completo. Com ela estávamos melhor, mas sem ela também vivemos bem. Esta metáfora ajudou-me a perceber que o amor está sempre dentro de mim.

O amor que tanto procuras está dentro de ti!

Frases como: “És feia”; “Não consegues”; “És má”;  “Só fazes disparates”; “Nunca vais ser ninguém”; “Não fazes nada de jeito”; “Não tens corpo para usar isso”… são motes para crescermos com baixa autoestima. Todos nós em criança acreditamos no que os nossos pais nos dizem e frases como estas vão contribuir para as nossas crenças limitantes enquanto adultos, e, consequentemente, pensamentos negativos sobre nós próprios. 

Sei disto porque durante anos disse a mim própria que detestava as minhas pernas, que eram horríveis, e isso porque o meu pai, obviamente não propositadamente, mas, sim, para me proteger, dizia que eu não tinha corpo para vestir saias porque tinha excesso de peso. Cresci a acreditar nisso e a fazer cada vez pior a mim própria, ou seja, a engordar mais e mais. E o pior é que encontrava pessoas pelo meu caminho que vinham exatamente reforçar e validar essa crença dizendo: “Da cintura para cima é que és gira”; “Cortava-te as perninhas como se faz com rãs”;  “Estás gordinha”; “Tens de emagrecer”; “Ao menos gorda ninguém gosta de ti, ficas minha para sempre”… até que parei e comecei a olhar para mim. Aprendi a amar-me e a aceitar-me para além de umas pernas. O mais engraçado é que depois quando casei, o pai dos meus filhos durante 16 anos adorava as minhas pernas! 

Passei a cuidar mais de mim, com esforço, persistência, e, no início, aquilo que me soava a falso, tonto, ridículo, com o tempo vim perceber que resultava. 

“Adoro as minhas pernas.”

Dizia esta frase diariamente enquanto punha creme para celulite e andava quilómetros de bicicleta. 

Claro que já tive recaídas depois disso, cada vez que engordava, depois das gravidezes… Sou humana. Mas, hoje cuido de mim e mimo as minhas pernas, faço massagens, exercício, afirmações, visualizações e não desisto de um dia gostar de me ver outra vez de calções de ganga. E sabes uma coisa? No outro dia, olhei para o espelho e disse: “Olha, estou a gostar das minhas pernas… Estão definidas…”.

Alguns dizem que cuidarmos de nós é vaidade, egoísmo, egocentrismo, eu não acredito. 

Sei que somos formatados para satisfazer os outros, a expectativa dos pais, os desejos e exigências dos professores, ordens dos adultos… Lutamos desesperadamente para ter o reconhecimento dos outros, achamos que só assim somos amados por eles. Mas, assim, vamos perdendo a nossa essência. 

Não deixes que te deitem abaixo. 

Atitudes de arrogância revelam medo, insegurança e necessidade de afirmação. Essas atitudes são apenas escudos para esconder as carências. Pensa nisso sempre que uma pessoa te deitar abaixo ou alguém arrogante te tentar diminuir. O amor é bom, respeitoso com compaixão, se não for assim, não é amor, é amor patológico, doença ou mesmo violência psicológica.

Todos temos direito de ser amados, como temos direito de respirar. 

Aqueles que não se sentiram amados na infância ou sentiram o amor condicionado pelo comportamento, crescem a acreditar que não merecem ser amados e, por isso, desenvolvem pensamentos negativos associados a si mesmos.

Quem se ama entra em sintonia com tudo o que o universo tem de melhor. 

Por isso, respira fundo, abre os ombros, expande o tórax, dá espaço ao teu coração para se expandir. Quanto mais energia, maior a expansão e as crenças antigas são substituídas por novos pensamentos de amor-próprio. Pode demorar, mas tu consegues aprender que o amor está dentro de ti, e que não precisas do reconhecimento e de aceitação do outro para te sentires amada. Assim é a cura, uma harmonia entre corpo, espírito e mente. Liberta a tua criança que se sente em solidão, já és adulta!

Então o que fazer? Como encontrar esse amor dentro de nós?”

  • Aceita que és especial e maravilhosa, sem vergonha. Acredita que não há ninguém como tu, que tens talentos e que mereces o teu próprio amor e aceitação;
  • Age para a mudança, com foco, fé, persistência, nunca desistas, sê consistente e coerente com as tuas atitudes e decisões;
  • Junta-te a pessoas que te ajudem a vibrar em positivo, e não que pelo contrário, que te façam sentir mais insegura; 
  • Ri muito, o sorriso abre o teu coração. Leva-te menos a sério, vai devagar, saboreia a vida e diverte-te;
  • Aceita-te como és, para promoveres as mudanças que queres;
  • Relaxa, cuida de ti 5 a 10 minutos por dia, pelo menos;
  • Medita, dentro de nós estão sempre as melhores respostas. Andamos o dia inteiro em stress, assim, para e escuta o que o teu coração diz num local silencioso;
  • Usa afirmações positivas. Podes reprogramar o teu cérebro com o que quiseres: “Eu sou boa”; “Eu gosto das minhas pernas”; Eu sou feliz”; “Eu sou amada”… e repete quantas vezes forem necessárias até acreditares e passar a ser uma realidade, mesmo que no início te sintas tonta e aches que não é verdade; 
  • Visualiza o que queres alcançar (criar imagem mental como se já existisse), vive como se já tivesses os teus desejos alcançados. Confia na vida e no que ela tem para ti. Tudo o que é teu, a ti virá;
  • Agradece, a gratidão é um íman para as coisas boas, a gratidão gera abundância;
  • Pensa sempre nas coisas boas que tens, normalmente ficamos agarrados às coisas negativas a que nos criticaram na infância. Liberta-te dessas críticas, isso não é teu;
  • Perdoa-te, perdoa os outros. Perdoa-te por não te amares quando não te amaram. Isso abre a porta do fluxo do amor, liberta-nos de um peso nas costas e abre espaço para o amor-próprio;
  • Faz o exercício do espelho. Declara-te todos os dias ao espelho e dá um Hi5. Assim, estás a reconhecer-te e a valorizar-te;
  • Escolhe ter pensamentos e palavras positivas, que te alimentem e deem apoio. Acredita, nós temos o poder de escolha. Os nossos pensamentos constroem o nosso futuro;
  • Percebe que o passado não tem poder nenhum sobre nós e decide viver no aqui e agora. Lembra-te que ansiedade é excesso futuro e depressão é excesso de passado;
  • Desapega-te do passado, imagina que o início é agora, é hoje que vais criar o que queres o teu potencial;
  • Liberta as crenças limitadoras. Aproveita o presente. Desapega-te do passado, tu não és os medos que sentiste em criança, nem as tuas crenças, nem as opiniões dos pais e/ou professores, e muito menos as suas limitações! Identifica as tuas crenças limitativas e desapega-te. Tira a negatividade do teu coração;
  • Aprende com os erros e não te critiques: “Sou tão impulsiva”; “Sou má mãe”; “Fiz tudo mal…”. Diz antes coisas positivas e verdadeiras a teu respeito: “Errei, mas é assim que vou crescer e aprender a ser cada vez melhor. Não vou repetir este comportamento porque aprendi”. A crítica gera culpa e não mudança; 
  • Não te assustes, não tenhas medos por tudo, não antecipes cenários negativos. Não aches logo que vai acontecer o pior. Substitui os pensamentos negativos em afirmações positivas;
  • Elogia-te. O elogio levanta a auto-estima e faz com que valorizes as tuas conquistas. As palavras têm grande poder; 
  • Sai do papel de vítima e passa para o papel de vencedor. A vítima queixa-se e culpabiliza o outro. O vencedor aceita a sua parte de culpa e encontra solução para os seus desafios;
  • Aceita que todos temos dias maus ou menos bons. Nesses dias fica sossegada a “lamber” as feridas;  
  • Trata-te bem, tem paciência para esperar os resultados;
  • Compreende que és mais do que um corpo com celulite, alto, baixo, gordo, magro, com borbulhas ou estrias, por muito que mudes o exterior, o vazio interno fica. É esse que tem de ser trabalhado;
  • Não tenhas medo da mudança. Às vezes ficamos em situações negativas, só por medo da mudança, mas isso são apenas ervas daninhas nas nossas vidas;
  • Celebra as pequenas vitórias, por muito  pequeninas que te pareçam;
  • Ama-te e não esperes que o outro te valorize. Já não és criança, não precisas de chamar à atenção, de reconhecimento e de valorização externa. O amor está dentro de ti; 
  • Acredita que mereces o melhor;
  • Procura ajuda, sozinha é mais difícil. A Psicoterapia ajuda-nos a crescer e evoluir de forma saudável. Eu sou psicóloga há mais de 20 anos e faço psicoterapia também. Faz bem a todos nós;
  • Cuida do corpo é a casa onde moras. Ama e cuida da casa onde moras, descobre o que mais gostas de fazer e que te dê prazer e não que te faz sofrer, se não, não é amor-próprio, é suplício; 
  • Cuida da tua alimentação, ela é o combustível do corpo e da energia.

Porque achamos que gostar de nós e cuidar de nós é egoísmo?

Quando pensamos no amor que sentimos por um filho, associamos a que ele cresça e se desenvolva com as suas características próprias. Procuramos aceitá-lo e conhecê-lo tal como é, e não como gostaríamos que ele fosse. Acolhemos as suas necessidades e estimulamos os seus talentos, ajudamos a superar as suas dificuldades, colocando limites nas suas atitudes para que valorize os direitos dos outros. Olhamos com amor, respeito, valorização, levando-o a gostar de si como ser único, bonito e especial que é, levando-a a amar-se a si mesmo. Então, porque não fazemos isso connosco mesmos? 

Somos adultos, vamos cuidar de nós como cuidaríamos de um filho. 

Sente gratidão profunda por cada dia que passa, no aqui e agora, como o potencial melhor dia da tua vida.

Questiona-te: 

  • O que podes fazer hoje para seres feliz? 
  • O que podes fazer para sentir alegria hoje? 
  • O que poderia acontecer hoje para ser o dia mais alegre da tua vida? 

Ouve as respostas no teu coração e cérebro, e verás a mudança a acontecer dentro de ti!

Permite amar-te e aceitar o que a vida tem para ti! Não há idade para começar, só precisas aceitar e estar disponível. 

Aceita que estás feliz agora e as coisas boas vão acontecendo uma atrás da outra. Tudo está sob o teu controle. Tu decides no que vais focar a tua atenção, no positivo ou no negativo, na gratidão ou na escassez.

Tudo o que mais queres está do outro lado do medo. 

Enfrenta os teus medos e terás tudo aquilo que mais ambicionas. Sê grata, aceita-te, acredita em ti e nas tuas capacidades, cuida-te, volta-te para ti, para a tua verdadeira essência, desbloqueia os botões da solidão, do medo e da frustração. Vai ao inconsciente, às tuas memórias de dor, limpa e conecta-te contigo. Foi através dessa conexão, e de conversas curadoras e profundas comigo própria que surgiu uma nova Bárbara. Faz isso contigo também, mereces!

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