Perspetivamos o amanhã em função do hoje. Posicionamo-nos no espaço em função do lugar em que estamos, dizemos que algo está ali ou além em função do aqui, medimos a distância ou a proximidade a partir do ponto em que nos encontramos.
Somos o nosso ponto de referência.
Vemos o mundo de acordo com as nossas vivências, vamos até onde o nosso conhecimento do mundo nos permite ir, o que vemos do mundo depende do nosso olhar e o nosso olhar depende da forma como conseguimos ou aprendemos a ver. Vemos o que nos rodeia à nossa imagem e relacionamo-nos com os outros em função da imagem que temos de nós mesmos. A forma como nos vemos reflete-se na forma como vemos os outros e na forma como a opinião dos outros se reflete em nós.
Olharmos para os outros implica, em primeiro lugar, olharmos para nós.
Não podemos conhecer ninguém sem nos conhecermos a nós, não podemos reconhecer as emoções e os sentimentos, as qualidades e os defeitos, se não os identificarmos e conhecermos em nós.
Sem conhecimento, não há evolução; sem autoconhecimento, não há crescimento.
Assim, sem amor-próprio não há amor ao outro, sem amor-próprio não há aceitação de si e existe o risco de aceitarmos muito pouco como se não merecêssemos tanto.
O amor-próprio é o primeiro passo a dar neste caminho que ninguém faz por nós e que faz de nós a nossa melhor companhia enquanto caminhantes.
É de amor-próprio que fala o primeiro dos seis capítulos do livro “O Caminho Passo a Passo”, precisamente pela consideração da sua enorme importância no desenvolvimento pessoal e no relacionamento interpessoal.
Gosta de ti. Não há mais ninguém como tu. Mais ninguém olha para as coisas como tu, ninguém viveu a tua vida. Ninguém pisa o mesmo chão. Gosta de ti. Se te quiseres bem, não vais querer para ti o que te faz mal. Gosta de ti. Só quem gosta de si pode gostar dos outros. Só existe o que conhecemos. Se não conheces o amor em ti, não podes reconhecê-lo e ninguém vai aceitar como amor aquilo que não é e se faz passar por ele. Não podes gostar de ninguém se o amor é apenas a ideia que fazes dele. A ideia que se faz das coisas é uma forma de não fazer ideia do que elas são. Gosta de ti. Vais viver contigo toda a vida. Só quem gosta de si quer melhorar aquilo de que não gosta em si sem querer ser a pessoa que não é.”
